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Zulficar Ahmad diz que mentiu ao tribunal e pede desculpas

Foto: O País

A pedido de sua defesa, Zulficar Ahmad voltou a ser ouvido pelo tribunal, na Cadeia de Máxima Segurança da Machava, na tarde desta segunda-feira. Durante a audição na B.O., o réu mudou a sua versão sobre os factos. Segundo disse, na sua primeira audição, mentiu ao tribunal, porque recebia ameaças de morte, mas recusou-se a dizer quem o ameaçou para proteger a sua família.

Zulficar Ahmad confirmou que vendeu uma casa a António Carlos do Rosário, em 2013, e que, nessa altura, não sabia que o dinheiro que recebeu era de fonte duvidosa. Cinco anos depois, recebeu uma notificação da Procuradoria-Geral da República sobre o “caso dívidas ocultas”. Por isso mesmo, foi ter com o seu advogado Imran Issa, que sugeriu que ambos deviam ir preparar a defesa ao escritório de António Carlos do Rosário.

Nisso, Zulficar Ahmad manifestou ao seu advogado que queria dizer a verdade, mas Imran Issa entendeu que, se isso acontecesse, Do Rosário perderia a casa. Assim, cedeu porque “me ameaçaram de morte, que me iriam raptar, que iriam fazer mal à minha família. Não ganhei um dólar que não fosse do meu esforço”, disse o réu ao juiz Efigénio Baptista e acrescentou: “Peço desculpas por ter omitido. Fui obrigado a mentir e mal aconselhado pelo meu advogado”.

Para Zulficar Ahmad, os contratos com a Txopela Investiments foram feitos à revelia pelo seu advogado, numa altura em que se encontrava a viver na África do Sul. “Não roubei a ninguém, fiz intermediação de uma casa. Se soubesse que era duvidoso, não iria sujar o meu nome”.

Zulficar Ahmad acrescentou ainda que, quando vendeu a casa a António Carlos do Rosário, este procurou saber se tinha uma conta em Dubai ou numa outra parte do mundo e disse que não. Assim, Do Rosário transferiu 100 mil dólares para a sua conta em Moçambique, porque dos envolvidos no negócio apenas ele tinha uma conta em dólares. Zulficar Ahmad levantou o dinheiro e dividiu-o com outros dois sócios, tendo cada um ficado com 33 mil dólares. “Não ganhei nem um dólar a mais do que eles, mas estou aqui, sozinho”. O juiz Efigénio Baptista observou: “Os seus sócios não receberam o dinheiro nas suas contas”.

Durante o processo de venda do imóvel, Zulficar Ahmad percebeu que António Carlos do Rosário gostou do seu advogado, Imran Issa, tendo-o contratado. Quando o caso das dívidas “explodiu”, o advogado de Zulficar, e que também colaborava com António Carlos do Rosário, soube que aquele réu tinha perdido um amigo. Assim, a defesa de Zulficar Ahmad foi preparada em função da morte de Marcos Calafiore.

À procuradora Ana Sheila Marrengula, quando esta quis saber se houve contratos assinados por si durante a venda do imóvel, respondeu que não assinou nenhum contrato para receber dinheiro.

Zulficar Ali Ahmad, de 49 anos, é réu no processo das “dívidas ocultas”, sob acusação de ter recebido 100 mil dólares da Privinvest. Faz parte dos nove implicados que respondem ao processo em liberdade. Na primeira audição, Zulficar Ahmad disse que recebeu o valor de 100 mil dólares para ajudar um amigo (que à data da primeira audição já havia falecido), que precisava de receber dinheiro, já que não tinha uma conta em dólares. Esta segunda-feira, mudou essa versão.

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