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Xiquitsi celebra cinco anos de um sonho com cinco temporadas

Com uma mão cheia de anos e vários concertos, o projecto Xiquitsi regressa nesta Temporada para celebrar seu quinto aniversário. E porque é de números que se está a falar, ao contrário do habitual, 2018 terá cinco séries, mesmo a condizer com a idade do projecto que se tornou uma realidade graças a muitos sacrifícios. Um desses sacrifícios foi enfrentado pela Directora Artística, Kika Materula, que, ao nível pessoal, nos últimos dois anos, teve que mudar de vida e vir morar em Moçambique a 100%, pois, de outra forma, não seria possível contribuir para o desenvolvimento do projecto.
Na óptica de Kika Materula, os cinco anos do Xiquitsi transformaram a vida musical do país à medida em que o projecto foi contribuindo fortemente para formação de compositores e realização de concertos inéditos com músicos tradicionais com orquestra clássica. “Formamos uma orquestra juvenil e temos hoje, inclusive, uma orquestra infantil experimental e um coro. Foram vários os concertos organizados neste país, não só no âmbito da Temporada de Música Clássica como a convite de várias empresas e instituições. Os cinco anos do Xiquitsi são de muito crescimento, de muito aprendizado e muitas vitórias”, garantiu Materula.
No entanto, o Xiquitsi não existiria por si só. O sonho de tornar a música clássica um fenómeno nacional tornou-se realidade graças à generosidade de vários patrocinadores e apoios. São os casos das missões diplomáticas, embaixadas e empresas. Essas entidades foram a base para a realização do Xiquitsi. “Sem esse apoio, não poderíamos estar a trazer os músicos que têm estado a performar os nossos alunos e não conseguiríamos sequer apoiar os alunos com as aulas e não teríamos os espaços e instrumentos para as lições. E claro, não existiria o projecto sem Associação Kulungwana. O Xiquitsi é o maior projecto da Associação Kulungwana e exige um esforço diário por parte de todos os colaboradores”, reconhece Kika Materula.
Um dos grandes momentos que marcaram a história do Xiquitsi e do País nos últimos anos foi a criação da orquestração da música nacional. Nisso, o projecto fez música com vários autores da praça, como os irmãos Willy e Aníbal, Banda Kakana, Gabriel Chiau, Hortêncio Langa e sem descartar a linda voz da Xixel. No mesmo espírito criativo, Xiquitsi orquestrou  músicas de grandes escritores moçambicanos e de língua portuguesa: Paulina Chiziane e Mia Couto, e usou a voz de Calane da Silva para cantar poesia.
Mais recentemente, ano passado, durante a quarta Temporada, os Acordes da Música Clássica uniram-se à música ligeira moçambicana na voz de Stewart Sukuma, recriando seus temas e, com isso, concretizando o sonho de o autor actuar com uma orquestra.
Um outro momento importante para o projecto ocorreu quando Estevão Chissano, um dos alunos do Xiquitsi, escreveu uma missa com 24 minutos, contendo cinco andamentos. Nunca se viu algo assim na história recente do país. Com formação, troca de experiência – afinal os alunos têm tocado com músicos do panorama musical internacional –, com talento e empenho, o fruto amadureceu e caiu da árvore, para grande orgulho de Kika Materula.
A propósito de orgulho, a Directora Artística desde projecto voltou a tocar o céu, quando duas alunas do Xiquitsi, ganharam um concurso pelo YouTube e, ano passado, seguiram para Coreia do Sul(Seoul International Community Orchestra Festival) onde tocaram com uma orquestra com jovens de vários países do mundo. Neste mês, Florêncio Manhique, Kleyd Alfainho e Inerzio Macome encontram-se num estágio de orquestra e a participar no Festival de Música da Primavera da Cidade de Viseu, em Portugal mercê de uma parceria entre este Festival e o Xiquitsi. Outra parceria não menos importante resultou em troca de experiências entre alunos do projecto Xiquitsi e do Projecto Neojibá em Salvador da Baía, Brasil.
O Xiquitsi tem, neste momento, cerca de 200 alunos, distribuídos entre os naipes (grupos) de violino, viola, violoncelo, contrabaixo, obué, clarinete e percussão. Tem também uma classe que abriu este ano, em parceria com a banda Timbila Muzimba, que está a leccionar os alunos, com um professor moçambicano radicado em Portugal, Aldovino Munguambe.
Materula garante que pelo projecto tem passado vários alunos de diferentes bairros e tem alcançado toda a cidade de Maputo.
Pelo Xiquitsi, já passaram artistas de África do Sul, Alemanha, Argentina, Brasil, China, Espanha, Finlândia, França, Inglaterra, Israel, Japão, Noruega, Portugal, Suécia, Uruguai e Venezuela, país que inspirou o Xiquitsi.

 

 

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