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Vila de Palma continua sob ataque terrorista

O jornalista António Tiua sobrevoou, na tarde desta segunda-feira, a vila de Palma, local onde, há cinco dias foi palco de mais um ataque terrorista sem precedentes. Na entrevista a seguir, Tiua fala da situação de Palma.

O que as autoridades dizem sobre a situação de Palma?

As Forças de Defesa e Segurança dizem estar a fazer  de tudo  para garantir que a situação esteja controlada na vila de Palma, província de Cabo Delgado. Estivemos em Palma, concretamente em Afungi. As autoridades dizem que os terroristas conseguiram dominar apenas metade da vila, sendo que, na maior parte daquele distrito, estão as Forças de Defesa e Segurança desde os primeiros momentos do ataque e, por isso, conseguiram repelir alguns terroristas. Segundo informações que tivemos no terreno, ainda há alguns focos de ataques, porque há uma informação não confirmada de que os terroristas se terão reforçado, mas as autoridades garantem que a situação tende a ficar controlada naquele ponto. Palma está quase uma vila deserta, boa parte da população deixou o local para fugir dos ataques, parte dela é a que pudemos entrevistar prestes a embarcar para Pemba.

Há alguma estimativa sobre quantas pessoas ainda estão por serem resgatadas?

Até agora, não há dados concretos. Aliás, a esta altura é muito difícil saber quantas pessoas estão ainda por serem resgatadas. O certo é que há centenas de pessoas que conseguiram chegar à cidade de Pemba por meios marítimos e por meios aéreos, tal como pudemos documentar. A informação que temos é que, quando os insurgentes entraram em Palma, a população dispersou-se e isso pode ser confirmado através dos depoimentos que nos são dados pelos sobreviventes. Muitos fugiram para o mato. Há informações também de que há muita gente nas margens do rio Rovuma e que outros atravessaram para a vizinha Tanzânia, fugindo desses ataques. Aos poucos, alguns vão conseguindo ter acesso à rede de telefonia móvel e, por meio disso, conseguem dar sinal a algum familiar, o que acaba por facilitar a localização e evacuação, mas é difícil falar de números a esta altura, porque ainda se trava um combate no terreno.

Existe alguma actualização de dados sobre feridos e mortos em consequência do ataque?

Actualização como tal, não. Existem esses dados sobre as sete mortes que foram avançadas ontem e outras dezenas que também terão perdido a vida e que podem estar ainda em Palma, mas, a esta altura, não há dados. Até porque as condições no teatro operacional não permitem ainda muita movimentação por parte das Forças de Defesa e Segurança, para que possam fazer essa contabilização. São dados que poderão ser conhecidos assim que a situação estiver controlada.

Durante a invasão houve confronto ou Palma esteve desguarnecida?

Os dados que as Forças de Defesa e Segurança dão é que havia posições no distrito e foi por isso que a situação de Palma não se assemelhou a de Mocímboa da Praia. Há militares no terreno, a vila não está tomada no seu todo. Há confontos ainda no local. As autoridades referem que apenas parte da vila tem insurgentes e boa parte da vila está nas mãos das autoridades e elas estão, neste momento, a tentar recuperar esta área que ainda continua tomada pelos terroristas. Os dados mostram que os terroristas se infiltraram na população como civis, levavam consigo armamento nas suas bagagens e acabaram por surpreender a população local.

Existem algum balanço sobre infra-estruturas destruídas?

Ainda não há muitos dados por avançar, é uma situação de teatro operacional mesmo. Quando sobrevoámos, observámos algumas medidas estritas e rigorosas de segurança, porque ainda se trava o combate no terreno. A situação ainda não permite fazer algum levantamento, porque ainda há disparos esporádicos. A esta altura, é muito complicado ter acesso a dados concretos, porque, num local onde se está a combater, não há liberdade de circulação para fazer levantamento de dados sobre infra-estruturas danificadas ou pessoas que terão sido afectadas.

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