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“Vestidos de Terra”: a construção de uma narrativa da subversão?

Por: Andes Chivangue[1]

 

O que significa ser escritor em ambiente de pobreza, fome e doença endémicas? Qual é a função da literatura quando o sonho teima em morrer com o por do sol? Para quem escrevemos e com que finalidade? Escritores e críticos de literatura têm explorado com alguma profundidade questões desta natureza e muita da reflexão disponível reflecte uma perspectiva eurocentrada sobre a matéria. Com efeito, uma coisa é escrever no espaço schengen e outra, completamente diferente, é fazê-lo nos intervalos de múltiplos empregos de baixos salários, nas noites em que nos cabe a vez de guardar a casa contra os tantos males que permeiam a noite, corrupção de níveis paroxísmicos e o desespero por não sabermos que futuro espera os nossos descendentes. Nestas circunstâncias dificilmente teremos uma escrita cujo papel primário seja o de entreter, apenas a função lúdica. O contexto impelirá sempre o escritor a engajar o desconforto que vê ou experiencia.

A leitura do livro “Vestidos de Terra”, de Rogério Manjate, não só nos permite desfrutar de estórias narradas com mestria, mas também fazer uma incursão sobre as questões levantadas mais acima. Portanto, sob o ponto de vista de ferramenta de trabalho abordo este livro recorrendo a dois tipos de leitura: uma interna e outra externa. A primeira foca-se na arquitectura das estórias e a segunda assenta na interpelação política que a maioria dos textos sugere. Esta forma de análise é proposta por J.M. Coetzee, em Stranger Shores (2001), um livro de ensaios elaborados entre 1986 e 1999. Iniciemos, então, com análise interna que, de forma breve, procura, abordar a estrutura dos contos e seu conteúdo.

Em “Vestidos de Terra” as estórias traçam uma trajectória histórica desde o período do final da colonização (em “Imagem e Semelhança”), passando pela modernização coerciva (em “Magoda e Jubeta” e em “E Tudo a Chuva Molhou”), as promessas da revolução (em “Emproibido Machico”) e as representações e simbologias dos papéis sociais no seio familiar (“Feitiço?” e “Malaque”). Este alinhamento, intencional ou não, demonstra que a tradição constitui uma ordem transpessoal da qual não podemos escapar, na qual nos procuramos situar, sendo nela onde a nossa vida é definida e continuamente redefinida através de sucessivas gerações. Deste modo, “Vestidos de Terra”, embora divido em dois, “Imagem e Semelhança” e os contos reeditados de “Amor Silvestre”, ambos representam uma unidade que procura retratar a manutenção de sistemas institucionais extractivistas e opressores que perduram no tempo. Portanto, uma característica distintiva do texto Vestidos de Terra é o facto de apresentar contos com múltiplas histórias que ecoam das estórias nucleares.

E é precisamente a habilidade de tecer enredos com diversas camadas que torna o autor deste livro um dos melhores, senão o maior contista da minha geração. E posso garantir-vos que esta afirmação está longe de ser um lugar comum com o intuito de massajar egos ou entreter plateias. Trata-se de uma constatação que procurarei demonstrar ao longo desta comunicação.

Todo o artista que se preze procura esquivar-se ao “beijo da morte”, o que só parece ser possível quando – e aqui aludo ao raciocínio de Margaret Atwood, no livro Negotiating with the Deads – conseguimos negociar com os mortos, no sentido em que contar estórias consiste em estabelecer uma relação entre eventos que se desencadeiam ao longo do tempo, daí a diegese estar profundamente imbricada no tempo. Numa situação em que tenhamos um relógio temos, igualmente, a morte e pessoas mortas, sendo que estas são separadas dos vivos justamente pelo tempo. E os mortos persistem na mente dos vivos”. E a que mortos interessa fazer alusão aqui? Os parentes e amigos, mas, sobretudo os escritores. Dito de forma simples, é a negociação bem-sucedida entre os autores vivos e os clássicos que eternizam a obra. No caso de “Vestidos de Terra”, tudo indica que o principal defunto com o qual Rogério Manjate negociou foi João Guimarães Rosa. As marcas desse diálogo são pronunciadas nos textos “Amor Silvestre” e “Magoda e Jubeta”. Com efeito, neste último conto encontramos a densidade imagética, de acção e inflexões vocabulares, muito comuns nos livros de Guimarães Rosa, com o poder de imprimir maior verosimilhança na narrativa, tal como podemos observar no seguinte excerto:

Suores para todos; o calor de dezembro afoga-se na xilalasana fresca e discute-se gargantas. Magoda é homem de bebida mais futebol desde a reforma, e dono da jovem esposa Jubeta. E Jubeta? – só panela e fogão. Com o caminhar dos anos ela também aprendeu o serviço da bola e kanika quando ia todas as noites ao quintal da Zafita carregar o marido bêbado. Oh wê! e o quando o Maxaquene perde? (pag. 145).

 Só este parágrafo já é em si um micro-conto ao estilo de Ana Maria Shua, apresenta todos os elementos importantes do conto e o enredo fica para o leitor, nas entrelinhas do que não é dito. Imaginemos, então, uma estória contada com esta densidade! É, decerto, um tipo de texto para ir digerindo sem pressa e saborear cada palavra que o compõe. No entanto, Manjate não negoceia apenas com os mortos, mas também com os vivos, podendo destacar-se, dentre vários, dois autores expressivos: António Lobo Antunes e Mia Couto. As marcas do primeiro autor podem ser encontradas nas primeiras linhas do texto “Malaque”:

 

– Já passeaste a Julie?

Já passeaste a Julie foi o boa-tarde como estás querido Malaque, que o homem recebeu nessa tarde já torta sobre os telhados alaranjados pelo sol horizontal (pag. 11).

 

E essa marca mantem-se ao longo do texto quando, nas páginas subsequentes, a conversa telefónica entre Malaque e Malinde vai ecoando na sua cabeça:

 

– Já passeaste a Julie?

            – Sim.

            – Quero encontrar-te em casa Malaque.

            […]

            – Vais fazer arroz de tomate (pags. 22 e 13).

 

Por seu turno, os vestígios da estética de Mia Couto são notórios no trabalho subversivo do autor sobre a gramática em palavras como “varanda” que no texto “Emproibido Machico” transformam-se em verbo quando este protagonista “avarandava-se em baixo da mangueira, andando à roda do sol que o fazia mudar de posições” (pag. 59). Contudo, estas marcar, tanto dos escritores vivos quanto dos clássicos, são trucidados por via do que Harold Bloom (2001: 30) chama de “embricamento criativo”, no seu livro “A Angústia da Influência”. Não nos esqueçamos que um bom escritor é sempre um genocida em potência. O que seria então essa “angústia da influência”? Trata-se de um acto complexo de leitura errónea forte, de uma interpretação criativa. Aquilo que os escritores podem sentir como angústia, e que as suas obras podem ser levadas a manifestar, é consequência do embricamento poético, e não a sua causa. A leitura errônea forte acontece primeiro; tem de existir um acto profundo de leitura que é uma espécie de paixão pela obra literária. Todavia, esta referência parece ser aplicável aos escritores mortos, sendo que estes ressuscitam quando o trabalho do escritor vivo é bem-sucedido.

Em termos técnicos, encontramos no livro uma outra importante valência do autor: o poeta. De facto, a poesia no livro “Vestido de Terra” está ao serviço da narrativa, sem, no entanto, distrair o leitor do essencial, a estória. Aliás, é justamente essa valência, resultado do seu trabalho como poeta –nos livros “Casa em Flor” e “Cicatriz Encarnada” – que o permite escolher cuidadosamente cada palavra que compõe o conto. Em outro ensaio tive a oportunidade de mencionar o seu último livro de poesia como uma das mais importantes obras publicadas nos últimos tempos pela qualidade estética e unicidade temática. Tal como em “Cicatriz Encarnada”, em “Vestidos de Terra” o bairro da Malanga continua a ser o espaço e a atmosfera preferencial para as suas estórias. E a Malanga, com os seus baneanes, muchinas, xinguerengueres e os mortos do sujeito poético no seu bolso, não constitui um micro-cosmos exclusivo a essa parte da cintura da cidade de Maputo, mas, sim, a experiência de toda uma nação sujeita ao mesmo paradigma institucional, económico, político e social. Qualquer pessoa que tenha vivido este período, já com consciência política, e que leia estes textos, terá de se confrontar com a sua própria trajectória como cidadão.

Nestes contos, a personificação é o recurso estilístico mais utilizado, sendo comum encontrar frases como “Dos olhos do pai do menino brotavam noites, plantou-os durante três dias no céu sem que a lua aparecesse” (pag. 141); “…[a] vergonha do velho puxa o banquinho…” (pag. 149), “…vidros e pregos que guarneciam o chão…” (pag 152). A escolha da personificação não é aleatória, cumpre uma função específica na relação entre os protagonistas e o meio que os envolve.

Por outro lado, como é recomendado, Manjate não se preocupa em dar-nos o make-up psicológico dos personagens, mas é a sua acção ou inação perante determinado estímulo que nos permite captar o seu perfil. Esta constatação é particularmente aplicável ao texto “Malaque”, no qual um homem  moderno que cuida da casa, do cão, do filho, porém, cleptomaníaco e mitómano, vive a tensão entre o seu papel de dono de casa, a falta de dinheiro e o apelo da cidade que o arrasta a uma solução de desespero, seja porque lhe é vedada a possibilidade de nela perder-se, onde outrora mentia para os transeuntes como estratégia de extorsão, seja pelo amor ao seu filho que fica como penhor junto a uma banca de cigarros e chocolate, ou até pelo que o texto não diz – sobre a provável traição da sua mulher.

Nestes contos, as frases são curtas, vigorosas, energéticas e claras. O diálogo, tal como está magistralmente conseguido em “Amor Silvestre”, constitui a pura expressão dos protagonistas e transcende as especificidades do espaço e do tempo, tornando a conversa no texto – e parafraseando Francine Prose em Reading Like a Writer – fresca e assombrosamente contemporânea. E, de acordo com a mesma autora, “se quisermos escrever ficção alicerçada pelo contexto em que vivemos é útil estudar a obra dos autores dotados de um ouvido para o diálogo, para a locução que as pessoas utilizam, a poesia acidental através da qual os humanos expressam os seus pensamentos e emoções” (2012: 165).

Sob o ponto de vista temático, alguns dos símbolos que constituem padrão são nestes contos são a loucura, a pobreza, a morte e, em última instância, a grande traição ideológica à colectividade (sendo que está última só é identificável no subtexto). A narração, feita através de economia e compressão, não estabelece fronteiras entre a primeira e a terceira pessoas. E em alguns textos como “Feitiço”, a omnisciência do narrador não é de todo imparcial, reflectindo a secular tensão na divisão doméstica do trabalho e a mulher como eterno símbolo sexual. Em termos de estilo estamos perante tragédias, consistentes com os sucessivos choques que representam a vida num contexto institucional frágil, como irei demonstrar, a seguir, a partir da leitura externa. Nesta segunda dimensão da análise, o livro “Vestidos de Terra” cumpre uma função activista. Tudo indica que Rogério Manjate tem clareza sobre o público para o qual escreve e sobre a influência do texto para além do efeito lúdico.

 

Neste livro observamos a existência de dois níveis: o primeiro é o da estória e o segundo é uma espécie de narrativa profunda, onde se conta uma outra história, com recurso a um vocabulário e imagética de sentidos ocultos, na qual são expostos problemas de ordem humana intratados, concretamente a miséria infligida à maioria dos cidadãos, sejam eles bichantes para comprar 1 kg de tripas no Xiphamanine, seja o motorista de classe média – medida pelo bife à mesa à hora do almoço – que se suicida traído pelo amor da sua vida. Consistentemente, em “Jorogina e o Mar”, retrata-se a vida de uma prostituta que utiliza água de colónia, simultaneamente como chamariz de clientes e contraceptivo. O infortúnio, a que é forçada pela pobreza, acaba por decidir entre ela e o mulatinho a quem dá à luz, sendo igualmente uma decisão sobre quem merece ser banhado pela luz da lua.

Se prosseguirmos com esta imersão no plano do subtexto, deparamo-nos com “O Menino do Nada na cidade”. Aqui ressurge a pobreza, de forma mais intensa, e nos são insinuadas as causa da sua prevalência: os revolucionários que traíram os dois únicos heróis, até ao momento, merecedores de estátuas no país. “O Menino do Nada” palmilha a cidade à procura de algo para matar a fome. O único alimento que consegue é apenas um bolo de chocolate imaginário que degusta em desespero. Os dois heróis de braços levantados – como que a indicar uma terceira via – são os únicos que o amparam. O sangue desta criança faminta, que molha os sapatos da estátua do livro, parece prenunciar a marcha do campesinato em direcção aos locais onde contas podem ser pedidas, ajustadas e saldadas.

O conto “Emproibido Machico” epitomiza o contexto frágil em que o autor vive. De facto, Machico, trabalhador reformado e inconformado da Frilixo, autodidacta, depois de 32 anos a limpar casas de banho, a servir café e a congeminar uma rebelião, já em casa, fica a saber através do Jornal que os seus chefes, Jonasse Corrupito e Messias Fraude, são sequestrados pelos trabalhadores e obrigados a limpar retretes. Os apelidos destes directores denunciam o seu comportamento corrupto e de fraude. Esta atitude, praticada à escala, transforma o Estado numa espécie de sofá velho com alguns dos seus pés seus substituídos por tijolos, o qual, à primeira, parece seguro, mas que depois nos damos conta de, ainda que irmanados, nele acoitados, estamos “pálidos, calados e doentinhos” (pag 67). E este estado pode ser o resultado de múltiplos factores, estando a qualidade humana de quem deve dar o exemplo no centro de todos. A fome, muito bem ilustrada no conto “O recado do Gumende no Bazuca” mostra a dificuldade em que, por vezes, em tais circunstâncias, a solidariedade demite-se, desencadeando um ciclo vicioso em que todos saem a perder, como nos é elucidado pelo trecho a seguir:

Com os pedidos indeferidos, Gumende se afastou e acendeu um cigarro. Fumava muito nervoso e rápido a acompanhar o ritmo do motorista. Virou-se para o dono do burro que puxava a carroça com tripas que ele queria comprar e disse-lhe:

—Sabe, eu até conheço mãe deste burro.

— Isso não é nada, tem que bichar. Você se chama senhor Cunha?

— Não.

— Então bicha.

— Não, eu já não quero mais as tripas. Eu só quero transmitir recado que mãe deste burro me mandou, caso eu encontrar com ele.

— Isso só? À-vontade, senhor!  (…..)

— Um estrondo paralisou o Bazuca. O burro ao ouvir o inferno de tão perto, pediu socorro a Deus e estrebuchou com toda a força possível. A carroça capotou de lado. O burro também caiu de lado sufocado pela carroça e não podia se mexer. As tripas e o homem despejaram-se espalhados no matope. (…) Os bichantes não tinham cara suficiente para esconder o desespero pelo jantar de tripas adiado.

Vão lhe bater — pensei. Dei um salto e interpus-me entre Gumende e a multidão. Mas, este, impávido e terreno, não tugia nem fugia; me olhou nos olhos, confiante, pedindo que eu me afastasse só com o olhar. O desgraçado homem do burro perguntou-lhe com a voz lacrimosa:

— Afinal é o quê que disseste Vai-Com-Deus?

— Eu só dei a ele recado que mãe de Vai-Com-Deus me deu.

— Oh diabo. Mas o quê antão?

— Gumende respondeu todo sentimentiroso:

— Bem, eu só disse que mãe dele morreu.

— O burro zurrou como que a confirmar, “sim”.

A degradação de valores, como consequência da auto desresponsabilização das elites dirigentes, atinge níveis inaceitáveis quando Machico tem de puxar o autoclismo pelos chefes, depois destes defecarem. E esse limiar, que empurra o cidadão à indigência no mais fundo da indignidade, leva os trabalhadores a se rebelarem e, mantendo os chefes Corrupito e Fraude em cativeiro, a defecarem um por um e os obrigarem a ver os dejetos, a puxarem o autoclismo e a lavar a sanita. No fundo, a palavra antropofagia que Machico rumina até à exaustão, mesmo sem conhecer o seu significado, representa esse Leviathan em que o Estado se pode transformar quando as instituições não são inclusivas. O título “Vestidos de Terra” não só constitui uma potente metáfora sobre a vida degradante a que estão sujeitos os protagonistas destes contos, mas também, a porosidade das estruturas políticas e económicas nas quais se movimentam. A esperança, desde os tempos da escravatura, continua a residir nas canções, nas estórias e na poesia. E o poeta de serviço neste livro consegue esse efeito com perfeição no texto “E tudo a chuva molhou”.

E para encerrar retorno à análise interna do livro e brevemente vou abordar dois contos, “Bendita Dhinda” e “A Cama”. “Bendita Dhinda” é estória de uma mulher que caminha nas redondezas do tempo, com ramo de flores silvestres, tronco nu, peito maduro e tentador, porém louca. É um texto curto, de estrutura simples, porém eficaz. Ao abordar o amor e a loucura, o autor explora oposições binárias que mantêm a estabilidade do texto, o que se encaixa nas proposições de Jaques Derrida e o pós- estruturalismo (sem, contudo, haver da minha parte intenção de encaixar este livro nessa ou em quaisquer outras teorias, dada a inutilidade desse tipo de exercício). Com efeito, no limite, o amor constitui o único influxo energético que dá sentido à vida e a sua ausência pode desencadear uma disfunção nos processos químicos e neurológicos do ser humano. E visto sob este ponto de vista, faz sentido que o narrador, sentindo-se pouco preparado para se deixar enfeitiçar pelas canções de Dhinda, adie esse confronto para a velhice, pois está ciente da insignificância da vida sem a experiência do amor, ainda que seja por uma louca.

As oposições binárias a que me referi no parágrafo anterior são mais expressivas no texto A Cama, no qual, num primeiro momento, o narrador nos apresenta uma interacção com a sua namorada e num segundo uma situação de violência doméstica, em que uma mulher agride física e verbalmente o seu esposo. Nos dois casos, o símbolo no centro da interacção é uma cama e, mais uma vez, no centro da cama o amor e a morte.

Rogério Manjate, profissional do teatro e docente na ECA – Universidade Eduardo Mondlane, é um autor com diversos prémios nacionais e internacionais, tendo publicado, para além dos já mencionados, os seguintes livros: O Coelho que Fugiu da Estória (2019) e Wazi (2017).

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Bloom, Harold. 2007. A Angústia da Influência. 2ª edição em português. Lisboa: Livros Cotovia.

Coetzee, J. M. 2002. Stranger Shores. Essays 1986-1999. London: Vintage Books.

Prose, Francine. 2001. Reading Like a writer: A Guide for People Who Love Books and for Those Who Want to Write Them. London: Auro Press.

Manjate, Rogério. 2021. Vestidos de Terra. Maputo: Cavalo do Mar.

 

[1] Escritor e activista social.

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