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Uma ideia, vários autores: o meio ano de um portal (Catalogus) que promove literatura moçambicana

Fotos: Catalogus

O portal de literatura moçambicana, Catalogus, iniciativa dos escritores Eduardo Quive e Mélio Tinga, foi criado há seis meses e já conta com conteúdos relacionados a 24 autores.

O portal Catalogus foi criado em Julho de 2021, com a pretensão de mapear, registar e promover autores moçambicanos e as suas obras, dentro e fora do país. Seis meses depois, 24 autores nacionais integram a plataforma que está a contribuir para reduzir a limitação no acesso à informação textual e visual sobre literatura moçambicana nas plataformas online. Deste modo, a iniciativa dos escritores Eduardo Quive e Mélio Tinga encontra-se a ampliar um espaço de memória, capaz de favorecer poetas, ensaístas, pesquisadores, académicos, jornalistas ou leitores que se interessam pelas letras nacionais.

Segundo lembrou Eduardo Quive, na manhã deste sábado, na Cidade de Maputo, a ideia do portal é que seja um lugar onde se concentram as mais relevantes informações sobre autores moçambicanos de todos os géneros. Também por isso, está a ser, para o poeta e jornalista, um projecto ambicioso por estar a aglutinar todos aqueles que escrevem. “É uma coisa que nós não tínhamos aqui e a ideia surge da constatação da falta de informação actualizada e sistematizada, onde o cidadão pode aceder para encontrar não só nomes, mas biografias, resumos de obras e informação sobre aquilo que é a actividade actual desse autor”.

Nesse meio ano de existência, a Catalogus tem garantindo resultados que Quive considera interessantes, pois a ideia está lançada e consolidada. Agora, acrescentou, um dos desafios é aprofundar a qualidade e quantidade de informação que se possui. Quanto à recepção? “Tem sido híbrida, no sentido de que a iniciativa é elogiada por todos, mas as pessoas ainda precisam de perceber de que se trata realmente. Nós não temos cultura de organização de informação. Isso não é com os autores, de forma individual só, mas com as editoras também, que, muitas, não têm informação sobre os autores e resenhas feitas aos livros que editam. Não que não tenham, mas essa informação não está sistematizada. Portanto, este também é um trabalho de arquivo histórico”.

Resumindo, segundo Eduardo Quive, os autores estão a receber muito bem a Catalogus. Agora, o desafio é fazer compreender às pessoas que o portal precisa de trabalhar com todos na reunião de informação necessária para que enriqueça.

Até aqui, a Catalogus disponibiliza informação relativa a 24 autores, entre eles Ungulani ba ka Khosa, Suleiman Cassamo, Paulina Chiziane, Mia Couto, João Paulo Borges Coelho, Armando Artur, Bento Baloi, Albino Magaia, Sónia Sultuane e Mbate Pedro. Destes autores, destacam-se Ungulani e Suleiman. “Estes são os autores com os quais estamos a trabalhar na criação de outros produtos que permitem levar a literatura além dos livros, através de frases e pensamentos desses mesmos autores”. O que o escritor Mélio Tinga refere é a produção de camisetas, sacolas e chávenas com excertos dos textos dos escritores. O objectivo é claro: “influenciar no estilo de vida e fazer com a literatura possa caminhar com as pessoas e que esteja onde nos encontramos”.

Conforme a constatação de Mélio Tinga, há uma ideia antiga de que a literatura é um espaço sagrado, que se promove por si. Mas isso “não é verdade. O facto é que em outros espaços já existe esta percepção de que é preciso promover a literatura, de modo que as pessoas que não conhecem um determinado autor ou que nunca leram um determinado livro possam ter acesso à possibilidade de o ler. As frases que nós levamos a esses produtos é nesse sentido: gerar curiosidade. A partir daí, há um longo caminho que pode ser feito”.

Outro desafio identificado pela Catalogus, finalmente, tem a ver com abrangência, o que significa incluir o maior número de autores possíveis e tornar a plataforma mais flexível, amigável ao consumidor e com actualizações mais regulares. Esse trabalho está a ser realizado.

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