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Trabalhadores dos Correios em greve e exigem indemnização com a extinção da empresa

Foto: O País

Os funcionários dos Correios de Moçambique, na Cidade de Maputo, estão em greve e exigem o pagamento de indemnizações pela extinção da empresa. Os grevistas dizem que a direcção da instituição e o IGEPE prometeram pagar pela reforma, mas nunca quiseram reunir-se com os trabalhadores.

Há greve de trabalhadores na extinta empresa Correios de Moçambique. “Estão a dar-nos cartas de reforma e o dinheiro não é justo”, reclamou Constantino Vasco, funcionário dos Correios de Moçambique.

E o que seria justo, por parte dos 350 trabalhadores dos Correios de Moçambique, é o pagamento de indemnizações pelos anos de trabalho. “Trabalho nos Correios de Moçambique há 23 anos. Até me roubaram. Eu completei os 23 anos há seis meses e isto não consta do documento. Quando o Governo falou, disse que nenhum dos trabalhadores vai perder os seus direitos e teríamos tudo, mas agora estão a dar-nos as cartas para ficarmos em casa sem décimo terceiro e subsídio de férias do ano passado. Eu tenho que ir para casa com o dinheiro de indemnização”, reivindicou Constantino Vasco.

Os grevistas dizem que a instituição está a atribuir documentos de reforma aos trabalhadores para que fiquem em casa, de onde serão comunicados sobre os passos subsequentes. Mas, os trabalhadores pensam o contrário.

“Se é a empresa que diz que está sob extinção, primeiro tinha que organizar esta condição para o trabalhador estar em casa com os seus devidos honorários e não estar na sua residência, aguardando por aquilo que é a promessa da parte da empresa que, hoje, anuncia extinção não pela vontade do trabalhador, mas sim por ela própria”, observou Sérgio Manhiça, funcionário dos Correios de Moçambique.

Os trabalhadores afirmam que houve vários pedidos de encontro com o Instituto de Gestão de Participações do Estado (IGEPE) e comissão liquidatária dos Correios de Moçambique, mas sem sucesso.

“O Governo ou a direcção da empresa não veio, em nenhum momento, reunir-se com o comité sindical para explicar como seria o processo de desvinculação dos trabalhadores, pagamento de indemnizações e a regularização das reformas. Agora, nós começamos a receber documentos para nos desvincularmos da empresa, não há nenhuma responsabilização por parte da empresa sobre quando iremos receber as nossas indemnizações, no entanto a empresa tem dívidas para com os trabalhadores que não foram pagas referentes ao décimo terceiro e subsídio de férias de 2021”, expôs Ivanilda Madede, funcionária dos Correios de Moçambique.

Entretanto, há quem já tenha previsão de quando vai receber os seus ordenados. “Já começámos a receber as cartas, nós que estamos lá em cima, mas nelas só dizem que este mês vamos receber nos Correios e, no próximo, será nas Finanças, mas já trabalhamos muitos anos. É uma vida e juventude acabou aqui (nos Correios). Não estamos contra a empresa, mas são os direitos. Alguma coisa para sobreviver”, disse Florinda Meca, funcionária dos Correios de Moçambique.

O decreto que extingue a companhia Correios de Moçambique, criada em 1981, foi aprovado pelo Governo em Maio do ano passado.

Duas semanas depois, o IGEPE reuniu a empresa e definiu que a conclusão do processo de extinção deveria ser num prazo de 18 meses e que seria criada uma comissão liquidatária para o efeito.

E tal aconteceu! A comissão liquidatária dos Correios de Moçambique é composta por um presidente, de nome Raimundo Jorge Matule, e dois vogais, nomeadamente Adriana Pedro Rafael Miranda e Sérgio Armando Malo Matavele.

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