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Tina da Glória: Por onde anda a Mutola Dois?

Lurdes Mutola estava com um tempo fantástico mas a segunda marca mundial pertencia a Tina da Glória. Na corrida final do Mundial de Estugarda na Alemanha, 1993, Moçambique terá perdido a oportunidade de concretizar um feito para a história: os títulos de Campeã e Vice de todo o Mundo, nos 800 metros. E por mais incrível que pareça, a dúvida residia apenas em qual das duas cortaria a meta!

O que aconteceu então? Um “tropeção” da nossa número dois na chinesa Lo Ping, na penúltima curva, deitou tudo por água abaixo. Nessa altura, as moçambicanas já se lançavam em direcção à meta, com o ouro e a prata no horizonte. Argentina da Glória caiu, quase desistiu da prova, acabando por cortar a meta numa das últimas posições.

Lurdes venceu, pela primeira vez, o título máximo, mas ficou amargurada pelo facto de a sua prima não ter sido uma das damas de honor.

MANCHA FATAL?

Essa corrida terá marcado a carreira desta grande oitocentista, que antes já havia deixado indicações muito seguras de uma carreira ao mais alto nível, que terá ficado duramente marcada pela queda que destruiu um sonho.

Após a final, apesar dos fortes incentivos de Marcelino dos Santos, do técnico Stélio Craveirinha e, de uma forma geral de todos os moçambicanos que acompanharam o evento, Tina estava inconsolável. Pelo momento de forma em que atravessava, sabia que a luta naquela prova era “apenas” para saber qual dos lugares do pódio iria ocupar.

ASCENSÃO METEÓRICA

Na primeira prova em que participou numa competição “a doer”, os Campeonatos de Portugal de 1992, conseguiu o tempo de 2.03:84 minutos. Era o prelúdio de um salto que permitiu que, em Maio de 1993, após uma série de vitórias no circuito sul-africano e no meeting de Nova Iorque, alcançasse 1:56.62, tempo só superado pelos 1:56.56 m de Mutola. Na altura, era a 50.ª melhor marca mundial de sempre!

Após aquele infeliz dia, nunca mais foi a mesma. Continuou a correr os 800 metros com marcas bem mais modestas, tentou os 1.500… mas o factor motivação já não era o mesmo.

Radicada em Itália de há uns anos a esta parte, de Argentina Paulino pouco se sabe. Ao que tudo indica, a atleta, que tinha potencial para atingir patamares idênticos aos da sua prima Lurdes, já não tinha a motivação de outrora.

Nascida na província de Inhambane, começou por ser praticante de basquetebol e só aos 18 anos optou pelo atletismo, por influência do treinador e antigo recordista nacional de salto em comprimento, Stélio Craveirinha.

Foi, na realidade, uma das maiores estrelas nacionais, um “boom” que não foi maximizado. Poderia ter ido mais longe, provavelmente com mais perseverança e acompanhamento.

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