O País – A verdade como notícia

Sydney Aboubacar: “Sambo é um ícone do futsal no país”

Vivia o futsal. Respirava, como poucos, a modalidade. Era um sonhador, não é por acaso que defendeu acerrimamente a inclusão do futsal no Festival Nacional dos Jogos Desportivos Escolares.

Em tempos de crise, com a interrupção da disputa do Campeonato Nacional em 2009, 2010 e 2011, bateu na mesa e tudo fez para que a prova voltasse a ser uma realidade já em 2012. Mapeou a modalidade, ajudou-a a ter expressão dentro e fora de Moçambique.

Campeou em vários clubes pelos quais passou e, mesmo depois de se retirar do activo, não deixou de opinar, de forma construtiva, com os seus subsídios. Virtudes que enchem de orgulho quem com ele trabalhou durante vários anos. É o caso de Sydney Aboubacar, ex-atleta do finado Padaria Aziz e Somotor.

“Eu acho que, em vida, Inácio Sambo não se confundia com o futsal. Inácio Sambo veste, efectivamente, o futsal. É a capa do futsal em Moçambique e além-fronteiras. Esta é a maior memória que podemos ter de Inácio Sambo. Era uma pessoa dedicada a causa do futsal”, começou por recordar Aboubacar, visivelmente chocado com o desaparecimento físico de Inácio Sambo

Um professor. Uma figura aglutinadora. Defensor de valores como união do grupo e disciplina. Mas, acima de tudo, um treinador cuja intervenção ultrapassava a barreira meramente desportiva. Exemplar dentro e fora dos campos.

“Uma das maiores virtudes de Inácio Sambo, para mim, era defender a coesão do grupo. Sambo queria que a equipa estivesse sempre unida. Portanto, ele olhava para a equipa como uma família. Não havia grupinhos nas suas equipas”, notou.

A melhor forma de homenagear um homem que deu a sua vida pelo desporto, no geral, e futsal, em particular, é valorizar o seu legado.

“É preciso aproveitar as ideias e conhecimento transmitido pelo professor Inácio Sambo. As pessoas que estão ligadas ao futsal devem ter “consumido” o legado de Inácio Sambo. Temos, agora, o Faruk Ismael como seleccionador nacional. Foi atleta de Inácio Sambo.  É uma pessoa com certa experiência na área. Inácio era um ícone do futsal. E olha que Inácio Sambo não vem do futsal, mas sim do futebol de salão onde tínhamos uma bola pequena”, recordou.

Inácio Sambo impulsionou o desenvolvimento do futsal com passagens pelas equipas da  Manica, Padaria Aziz, Expresso Câmbios, Somotor e selecção nacional. Por onde passou, nunca deixou de ser um treinador com capacidade de motivar os atletas e transmiti-los valores como espírito de grupo e sacrifício.

“Ele tinha esta capacidade de reter os atletas, fazê-los perceber que somos uma família. Ele, de resto, sempre olhou para uma perspectiva de nos focarmos num objectivo quer nos clubes que treinou  quer na selecção nacional. Sambo trabalhava com objectivos”,

Foi-se o arquitecto do futsal. Fica o legado. Ficam os ensinamentos de uma figura que tudo deu para que o futebol de salão, na época, e o futsal atingissem elevados níveis competitivos em Moçambique:

“Perder Inácio Sambo é perder muita coisa. Não é só a pessoa que desaparece. Aqui, há um legado. Há, aqui, uma história e trabalho que foi feito pelo Inácio Sambo com alguma sustentabilidade. E eu, sinceramente, não sei se estaríamos em condições de dar prosseguimento ao seu trabalho da melhor forma possível. Há um legado que deve ser sustentado. Sambo era um ícone do futsal”, finalizou.

 

OUTRAS REACÇÕES DE DESPORTISTAS SOBRE MORTE DE INÁCIO SAMBO

 Adão Matimbe – Presidente da AMID

A morte de Inácio Sambo é um rude golpe ao desporto moçambicano. Homem devotado à causa do futsal, em particular, e muito interventivo nos últimos anos da sua vida, através de um comentário mordaz, Inácio Sambo pretendia que as autoridades desportivas nacionais dessem um lugar de destaque ao futsal.

Sempre se bateu para que o futsal constasse do quadro competitivo nos Jogos Escolares, pois Sambo entendia que o desenvolvimento do futsal passava pela formação e a escola era o melhor lugar para a descoberta do talento.

Inácio Sambo ajudou Manica a assumir em definitivo o estatuto de uma das potências do futsal do país, competindo com frontalidade diante de equipas da capital do país e da cidade da Beira. Não nos esqueçamos que o campeão nacional em título na Escola de Condução Planalto de Chimoio.

À semelhança de Asslam Khan, Moçambique perde uma referência, pois Sambo foi treinador, seleccionador nacional e nessa condição deu muitas alegrias ao país. Como instrutor da CAF, formou muitos técnicos da modalidade.

A FMF encontrou uma forma de homenageá-lo, instituindo uma competição em seu nome. E que Manica, também, saiba honrá-lo, baptizando um dos complexos desportivos com o seu nome.

 

Victor Miguel – Comentador Ao Ataque

É  difícil  descrever a minha relação  com Inácio Sambo, dura há muito anos, quer como adversário no futebol de onze, quer como colaborador da Associação de Futebol da Cidade de Maputo, quando era treinador da equipa de Futsal da Padaria Azize, depois do Desportivo Maputo.

Mister Inácio Sambo como foi sempre tratado era um grande crítico desportivo, mas sempre procurando dar a sua contribuição para o crescimento de futebol moçambicano. O seu patriotismo revelava-se também no grupo que tinha formado para apoiar a selecção nacional os Mambas, sobretudo nos jogos que realizava fora do país.

Sambo e seus colegas de Futsal iam a ” todas” onde os Mambas iam jogar.

Recordo-me do da inauguração do Estádio Benjamim Nkapa na Tanzânia,  tendo sido convidada a selecção de Moçambique, o grupo de Inácio Sambo estava lá. Eu fazia parte como convidado da FMF e tinha gesso no ombro direito, facto que me dificultava alguns  movimentos. Foi nessa altura que Inácio Sambo entoou a canção ” amigo ajuda amigo…” e ele ajudou-me a tomar a refeição.  São actos que não se apagam. Quis ainda o destino que a nível profissional estivéssemos no mesmo ramo de actividade de Panificação. Ele era o nosso delegado a nível da Província de Manica. Um verdadeiro líder que defendia o associativismo com todas as suas energias.

Caiu um grande homem, mas será sempre recordado pelas suas obras, pelas suas raras qualidades. Até sempre, amigo e irmão Inácio Sambo.

 

Tomás Inguane – Comentador Ao Ataque

Com muita tristeza recebi a informação do desaparecimento físico do Inácio Sambo.

O desporto/ futsal moçambicano fica mais pobre com o desaparecimento físico do Inácio Sambo, Moçambique perde um comentador desportivo.

Impulsionou o futsal no Desportivo de Maputo.

Também trabalhou com Akil Marcelino na equipa técnica do futebol de 11 no Desportivo de Maputo.

Paz a sua alma.

 

Egídio Plácido – Jornalista Desportivo

Inácio Sambo foi um homem do desporto, com particular destaque para o Futsal. A paixão que ele tinha pelo Futsal era enorme. Com ele pude aprender sobre o estágio actual da modalidade, suas perspectivas e acima de tudo os seus anseios. Uma das formas de homenagear o “senhor Futsal ” é continuar com a sua obra. É tomar as suas lutas para a melhoria da prática da modalidade, em todo território nacional, como uma bandeira. Foi-se o homem, mas a sua obra certamente vai permanecer.

 

Henrique Aly – Jornalista da SuperSport

Foi com grande choque e descrença que recebi a triste notícia do desaparecimento físico do Mister Inácio Sambo com quem troquei ideias válidas sobre o futebol nacional há algumas semanas.

Era uma figura incontornável do Futsal moçambicano, com uma trajectória muito respeitada por todos quantos puderam trabalhar e testemunhar o seu trabalho.

Inegavelmente uma perda enorme e irreparável para o desporto moçambicano e para o futebol em particular.

À família enlutada as minhas sentidas condolências neste momento de dor.

Partilhe

RELACIONADAS

+ LIDAS

Siga nos