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Suzy Bila inaugura individual de pintura na Galeria Municipal do Montijo  

A pintora moçambicana inaugurou, último sábado, a individual AL.BA, que pode ser visitada na Galeria Municipal do Montijo, em Portugal, até 7 de Outubro.

AL.BA, lembra a exposição de Suzy Bila, é uma expressão em latim, que significa “veste branca” e/ou “claridade que precede o nascer do dia”. Assim, para a nova individual de pintura, a artista plástica recorreu àquele termo latino para designar um trabalho que procura romper a escuridão e revelar uma claridade que desvenda o oculto, estabelecendo, desse modo, uma ligação intrínseca às coisas da alma.

Composta por 10 telas enormes, a exposição foi inaugurada sábado passado, na Galeria Municipal do Montijo, em Portugal. A cerimónia de inauguração, com efeito, coincidiu com a celebração do 36º aniversário daquela cidade portuguesa. Por isso, teve todo o protagonismo possível, o que deixou a artista moçambicana honrada com o convite.

O primeiro a referir-se à exposição foi o Presidente da Câmara Municipal do Montijo. No entendimento de Nuno Canta, a pintora moçambicana contribui para a cultura e para as artes na cidade: “O trabalho artístico de Suzy Bila é uma admirável lição sobre a complexidade da vida, das suas imensas cores e, certamente, contribuirá para engrandecer a cultura desta cidade [Montijo]”. Dito isso, Nuno Canta reforçou que AL.BA constitui um testemunho rico e plural do que os munícipes daquela cidade portuguesa são, como povo.

Momentos depois de o Presidente da Câmara Municipal do Montijo dirigir-se ao público, chegou a vez de Suzy Bila explicar o que quis fazer da nova individual. Essencialmente, a artista disse que AL.BA traduz um momento de interrogação interna, de procura, com tendências para abrir o gesto e ampliar a paleta: “Há aqui um renascer, um voltar outra vez à luz que já havia perdido. Portanto, AL.BA é isto, um trabalho interno muito ligado à minha interioridade”.

O texto de apresentação da nova individual de Suzy Bila é assinado por Matteo Ângius, para quem “o objectivo desta viagem interior que se encontra totalmente presente em AL.BA é a preservação da nossa resiliência perante as adversidades do presente”.

Entre as pinturas que integram a mostra AL.BA, sempre acrílico sobre tela, encontram-se “Ecos do passado”, “Liberdade”, “Sem título”, “Sem limite II” e “Princípio do racionalismo”.

Na Galeria Municipal do Montijo, a exposição de Suzy Bila, que vive naquela cidade há dois anos e em Portugal há 24, pode ser visitada até 7 de Outubro.

 

O percurso da exposição

O processo criativo  de AL.BA iniciou em 2018, numa altura em que Suzy Bila Bila projectava o seu Doutoramento em Educação Artística. Com efeito, as cores vivas de rosas, laranjas e azuis ultramarino, de gestos controlados, delicados e prolongados no tempo, surgiam sem pressa, transparecendo a esperança numa nova conjuntura de profissões da autora: investigadora, educadora de infância e artista. Assim, “O caminho de procura de respostas para a minha investigação foi-se entrelaçando e projetando para uma população na qual trabalhamos nas (EICF) Equipa de Intervenção e Capacitação Parental na Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML), tornando-se possível a prática do projecto de Doutoramento Processo criativo e espaço potencial na ressignificação das vivências de crianças e jovens em situação de negligência social, em 2020/2021, na EICF-Centro da SCML”.

Além disso, em Março de 2019, quando se preparava para inaugurar, em Moçambique, a exposição Nua e crua, Suzy Bila perdeu a irmã. A situação a devastou, levando-a a questionar certos sentidos da vida. “Inconscientemente, iniciei um processo interno de procura de resposta, como uma oração em silêncio… A linha que vinha seguindo mudara completamente, nasceu uma nova paleta que com ela vinha uma  necessidade interna de ampliar os movimentos. As dimensões do suporte de trabalho passaram para medidas mais amplas, 400×200 e 300×200, que me permitissem gestos mais amplos e livres”.

É nesse contexto que a artista sente que algo diferente se projectava como se uma claridade desvendasse. Do oculto e do silêncio, da noite e da nostalgia, nasce AL.BA, onde a alvorada renasce trazendo consigo uma visão plena de continuidade, mesmo que momentânea. “AL.BA rompe a escuridão, ligando-me intrinsecamente ao processo das coisas da alma, cruzando o infinito horizonte, trazendo esperança”.

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