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Sociedade civil denuncia violência contra mulheres grávidas nos hospitais

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As mulheres gestantes relatam casos de maus-tratos, abusos e desaparecimento de bebés durante o parto e pós-parto, supostamente protagonizados por profissionais da Saúde, em vários hospitais do país. As denúncias chegam de Cabo Delgado, cidade e província de Maputo. E as organizações da sociedade civil exigem investigação e responsabilização dos infractores.

Quarenta organizações da sociedade civil lançaram, esta terça-feira, um grito de socorro em protesto contra a violência e tratamento degradante a que mulheres estão submetidas no período pré-parto, parto e pós-parto nos hospitais do país.

A maior parte das queixas chega da cidade e província de Maputo. Só no último semestre deste ano, as organizações da sociedade civil registaram cerca de 15 denúncias de violência protagonizada por profissionais de Saúde contra os gestantes e as suas parturientes. Destas, seis ocorreram no Centro de Saúde de Ndlavela, três no Hospital José Macamo e sete no Hospital Provincial de Maputo.

“Queremos manifestar a nossa indignação contra os relatos de violência e negligência obstétricas”, começou por explicar Camila Fanheiro, do Observatório da Mulher, acrescentando que “a violência é caracterizada, por um lado, por maus-tratos e morte de parturientes e, por outro, desaparecimento de bebés que se tem estado a registar no país”, revelou a fonte.

O caso mais recente aconteceu com Leila Marinela, de 37 anos de idade. A mulher deu entrada no Hospital Provincial de Maputo no passado dia 4 de Julho. Entre choro e desespero, Leila conta os horrores vividos naquele hospital: “Elas insultaram-me, mandaram correr para bebé poder ficar numa posição que facilite o parto, mesmo me queixando de dores! De seguida, foram colocar-me num quarto escuro e fecharam a porta”, contou.

De tanta dor, a mulher revela que perdeu muito sangue e perdeu os sentidos. “Acordei no Hospital Central de Maputo sem útero e, quando perguntei pelo meu bebé, disseram-me que nascera sem vida. A vítima explica ainda que foi procurar pelo corpo do bebé no Hospital Provincial de Maputo, mas “disseram-me que não há registo de nado morto nesse dia”.

As organizações da sociedade civil exigem, neste contexto, uma intervenção das autoridades da Saúde para investigar os casos reportados e responsabilização criminal.

“Não podemos aceitar que as entidades que têm o dever de proteger permaneçam no silêncio. Exigimos que se faça uma investigação e instaure-se um processo disciplinar e criminal contra os profissionais de Saúde envolvidos e investigação profunda à rede de tráfico de bebés nas unidades sanitárias”, avançou Maira Domingos, do Fórum Mulher.

Em relação à província de Cabo Delgado, as organizações denunciam a falta de assistência às mulheres vítimas do terrorismo que vivem nos centros de acomodação.

Nos próximos dias, os protestos das quarenta organizações que fazem parte do Observatório da Mulher vão depositar uma queixa-crime junto à Procuradoria da República.

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