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SIMO e o silêncio de Zandamela

Não, não e não. Recuso-me a aceitar o silêncio do governador do Banco de Moçambique, enquanto dirigente máximo da instituição com maior número de acções na Sociedade Interbancária de Moçambique (SIMO): 51%. É um silêncio covarde para quem nos habituou a frontalidade, independentemente de elogios, críticas ou ainda dimensão da tempestade.

Passam três dias que o país vive um apagão na infra-estrutura de pagamentos electrónicos da rede SIMO, causando danos sem precedentes aos moçambicanos que aderiram à tecnologia para movimentar dinheiro. Empresários a somar prejuízos, clientes de bancos forçados a usar os seus recursos financeiros à moda antiga e o país numa abrupta marcha atrás.

Um retrocesso com efeitos socioeconómicos em cascata, considerando as estatísticas das transacções financeiras nesta rede. Um cenário sombrio que não comove as mais altas estruturas desde país, até mesmo quando se belisca a soberania do Estado.

Rogério Zandamela, que seguramente conhece muito bem os contornos deste negócio, assim como tem influência nas decisões tomadas, optou pela mão dura nas negociações com o provedor do sistema, mas não foi assertivo nas consequências: o risco de colapso do sistema financeiro. Só agora, há indícios de migração massiva para o único banco que por força da sua grandeza não tinha, ainda, aderido a este sistema. Depois ouvir que não há solução à vista para este problema e possíveis soluções apontarem para médio e longo prazo, escuso-me de pensar no resto…

Não se coloca em dúvida a inteligência e experiência do governador do Banco de Moçambique, de tal forma que era expectável que fosse o próprio a argumentar o porquê de uma negociação que data de Abril deste ano ter culminado com este apagão no sistema.

A administração da SIMO, a quem coube abordar este problema da Nação, foi clara em esclarecer que as exigências da empresa provedora do software tinham impacto financeiro e outras punham em causa a soberania do Estado. Olha, quando se belisca a soberania de um Estado no mínimo é ver respostas vindas do topo da estrutura, no caso, do governador do Banco de Moçambique e, por que não, do Conselho de Ministros e até mesmo do Presidente da República.

O silêncio sobre os detalhes do contracto entre a SIMO e a Bizfirst, conjugado com a informação a conta-gotas que nos chega, nomeadamente, da cedência de uma das exigências atinente à actuação exclusiva do provedor desde Agosto deste ano, leva-nos a crer que existe muita sujeira por limpar debaixo do tapete.   

O comunicado emitido este domingo pela empresa chantagista, como apelidou a PCA da SIMO, requer esclarecimentos urgentes, pois descredibiliza toda a comunicação nacional, que agora fica com a fama de mentirosa, até nova defesa.

Para já, o TPC para a próxima conferência de imprensa: que não seja uma ilustre desconhecida a falar sobre assuntos que põem em causa a soberania do Estado; que se explique por que optamos por esta empresa e aceitámos as condições que hoje nos amarram; que tipo de contrato foi celebrado com a Bizfirst; por que depois da primeira paralisação, em Junho e Julho, não tomámos as providências necessárias para evitar o apagão; por que forçámos os bancos a aderirem a este serviço; que limitações temos em encontrar alternativas seguras…

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