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Réu confirma recepção de 5 milhões MT pela obra tipo 2 supostamente de Helena Taipo

Foto: O País

A décima secção do Tribunal Judicial da Cidade de Maputo ouviu, hoje, três réus implicados no caso de desvio de fundos da Direcção do Trabalho Migratório (DMT) e que envolve a antiga ministra do Trabalho, Maria Helena Taipo. O réu De Sheng Zang confirma ter recebido cinco milhões de Meticais para erguer uma dependência com dois quartos, mas não se recorda de quem lhe pediu para construir a casa. Da acusação, consta que o réu teria construído uma residência da antiga ministra, com dinheiro desviado da DMT.

De Sheng Zang, cidadão chinês a viver em Nampula, 58 anos de idade, tem 49% das acções da Construções Kuyaka. O réu foi o primeiro a ser ouvido e respondeu, em primeiro, às questões da juíza Ivandra Uamusse.

Além de confirmar a recepção de cinco milhões de Meticais para erguer uma dependência tipo 2, o réu disse ter recebido o dinheiro na sua conta, mesmo assumindo que a construtora (sua empresa) tinha conta bancária para o efeito.

“A pessoa para quem fazia a obra pediu número de conta e dei a minha pessoal. É um amigo. Não conheço o nome. Mas era um homem. Levou-me até ao local da obra”, disse o réu, a responder às questões do Tribunal.

Aliás, o contabilista da construtora, Issufo Manosso, que é o outro réu ouvido esta quinta-feira, disse não ter tido conhecimento desta obra na altura dos factos e que só tomou conhecimento há cerca de um ano. O desvio de fundos aconteceu entre 2013 e 2015. Esta dependência de Helena Taipo foi erguida numa altura em que a mesma empresa construtora havia vencido concurso público e assinou dois contratos de 24 milhões  para erguer dois blocos oficinais do Instituto Nacional de Emprego e Formação Profissional. Os acordos foram assinados por De Sheng Zang, que não sabe ler, mas só construiu uma, a outra não avançou porque o INEFP, que é uma instituição do Ministério do Trabalho, não canalizou todo o valor acordado para o efeito.

Outro dado curioso é que o técnico de contas, Manosso, produziu uma carta dirigida à Direcção do Trabalho Migratório a exigir o pagamento de cinco milhões de Meticais para a conclusão da segunda obra do INEFP, instituição com a qual se fechou o contrato.

Na sua vez de ser ouvida, Dalila Lalgy, também sócia da construtora Kuyaka e administradora, disse entender pouco de contratos e que quem entendia melhor é o seu marido, De Sheng Zang.

O terceiro réu, no caso, é Dalila Lalgy. Esposa de De Sheng Zeng, a acusada é também accionista da construtora e administradora. Entretanto, questionada sobre contratos da sua empresa com instituições do Estado, a ré disse não entender nada destas matérias e que quem entendia era o seu marido. Confirmou, também, que a Kuyaka ergueu uma obra tipo 2, mas não confirma se era de Helena Taipo. Diz que, para esta obra, a construtora foi contactada por uma pessoa que falava Changana.

Os três réus são acusados do crime de peculato. Sobre Dalila Lalgy pesa também o crime de falsificação de documentos.

As audições retomam na segunda-feira, com os réus Alfredo Lucas e Sidónio dos Santos Manuel a serem interrogados.

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