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“Rei Artur” deposto, Conde humilde posto

É virtual campeão, a duas jornadas do fim do Moçambola, com um avanço que não deixa dúvidas. Diante das câmaras da televisão, apresentou-se cansado, denotando rouquidão, mas alegria e gratidão. É o Chiquinho Conde que todos (re)conhecemos, vindo de uma família de Condes em que mais três irmãos jogaram na Selecção Nacional, algo que deveria figurar no livro dos recordes.

E se é verdade que a UD do Songo não é um clube qualquer e que com o seu antecessor, Artur Semedo, foi vencedor da Taça e esteve a “milímetros” do ceptro principal, foi com o novo técnico que a equipa ganhou estabilidade, revelando ou consolidando duas estrelas que já brilham no nosso firmamento futebolístico: Luís
Miquissone e Kambala. Quis o destino que um beirense de gema, assumido, tivesse “operacionalizado” a mudança do ceptro máximo da Beira para Tete. É assim o desporto profissional.

As mexidas operadas deram tranquilidade à equipa e ao clube, ganhando um fôlego que se espera ultrapasse as fronteiras na próxima temporada, seguindo o exemplo do ainda campeão beirense. A pontuação final, tudo indica, poderá figurar nos anais do Moçambola. E se fizer a dobradinha…

Carreira que orgulha a nação

Pela sua trajectória, é o futebolista moçambicano pós-Independência que chegou mais longe. Sporting, Setúbal, Tampa Bay (EUA) e Selecção de África foram algumas das equipas que repre¬sentou. Parecia ter uma “fada madrinha”, para os grandes momentos, mas a condição que fez sempre questão de cumprir foi: trabalho, muito trabalho.

Apesar da carreira pelo Mundo, colocou sempre em lugar cimeiro a presença nos Mambas, a quem ajudou a dar glórias, como capitão. Jogou pela equipa de todos nós 46 vezes, tendo marcado 12 golos. Na retina de muitos, ainda permanecem os “piques” colossais deste filho do Chiveve, que levaram ao rubro as multidões que viveram os momentos mais altos da vida dos Mambas. No pós-Independência foi o primeiro craque a sair legalmente do país, com contrato assinado com o Belenenses, em 1987. Venceu a Taça de Portugal no ano da entrada. O passo a seguir foi uma transferência para o Braga, onde permaneceu uma época, antes de rumar para o clube e cidade onde se tornou um talismã, com três regressos: Setúbal.

O grande salto deu-se em 94, para o Sporting, pela “mão” de Carlos Queirós. Foi, então, convocado para a Selecção de África que defrontou a sua congénere europeia. Ele e Tico-Tico são os únicos Mambas que se podem orgulhar de ter marcado presença em três CAN’s e sempre com prestações largamente salientadas.

Nos dias que correm, o sucesso na sua carreira como técnico, campeão pelo Ferroviário de Maputo em 2009 e agora pela UD do Songo, falam por si..

 

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