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Registados oito mil casos de pesca ilegal no país

Os dados são referentes aos meses de Janeiro a Setembro do presente ano. Os casos resultaram na aplicação de multas no valor aproximado de oito milhões de meticais, segundo o Ministério do Mar, Águas Interiores e Pescas.

A informação foi avançada ontem, depois da apresentação de um golfinho capturado por pescadores artesanais nas águas em Macaneta, distrito de Marracuene, província de Maputo. Pesando entre 40 a 45 quilogramas, o animal, protegido por lei, foi resgatado já morto pela polícia encarregue pela fiscalização e protecção da costa.

“Temos registado com preocupação esses casos na Macaneta. Achamos que, não obstante alguns saberem que há espécies cuja pesca é proibida, há pescadores que não têm esse conhecimento”. Mas “neste caso em específico, acreditamos que os pescadores sabiam que estavam a fazer algo errado, porque ao notarem a nossa presença colocaram-se em fuga”, descreveu João José, agente que esteve no local dos acontecimentos.

É a primeira vez que as autoridades pesqueiras surpreendem pescadores uma situação ilegal contra golfinhos em Macaneta. “Mas há três meses estivemos a incinerar 90 raias que foram encontradas também numa acção de peca ilegal. Infelizmente, também não conseguimos encontrar os prevaricadores”, disse Leonild Chimarizane, director nacional de operações no Ministério do Mar, Águas Interiores e Pescas.

O Governo considera a pesca ilegal um assunto grave pois, em alguns casos, envolve redes criminosas internacionais que se aproveitam das fragilidades existentes para pilhar os recursos marinhos do país.

“Eles fazem altos investimentos, entram no nosso país e pescam ilegalmente e desaparecem. O recurso que mais procuram é o atum”, afirmou Chimarizane e explicou o porquê da apetência por esta espécie: “é altamente migratória. Está presente um pouco pelas águas dos países aqui da região, falo das Ilhas Seychelles, Madagáscar, Maurícias etc. Mas dadas as condições climatéricas do nosso país, temos atum por todo o ano”.

E porque o período de pico da pesca desta espécie são os meses de Outubro, Novembro e Dezembro, as autoridades já equacionam uma acção conjunta com países vizinhos para frear a acção dos supostos criminosos.

“Pretendemos intensificar acções de fiscalização e quando se trata de períodos como estes entramos em coordenação com os países vizinhos para que a fiscalização seja coordenada, porque se trata de embarcações grandes e uma acção coordenada é sempre salutar”, precisou.

As autoridades governamentais estimam que o país perde, anualmente, cerva de 56 milhões de dólares, em resultado da pesca ilegal no país. “É só fazermos as contas. Uma embarcação quando está licenciada primeiro tem que pagar a taxa de licença. Se paga esta taxa significa que a embarcação tem que atracar nos portos, e se a embarcação se faz ao porto tem que pagar taxas portuárias. Já no porto significa que tem que comprar combustível, água, comida, etc. Isso quer dizer que uma embarcação legal não só traz benefícios directos ao sector de pescas, mas também para outros sectores”, detalhou.

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