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Reforço de cibersegurança exige envolvimento de todos

Foto: O país

Especialistas e amantes das tecnologias estão, desde a manhã de hoje, juntos, no primeiro de dois dias da nona edição da feira MozTech, que agora decorre no formato presencial.

No palco principal, o pontapé de saída nos debates foi dado por um painel que discutiu os desafios impostos na área da cibersegurança.

Em Fevereiro deste ano, cerca de trinta sites de instituições do Governo ficaram mais de 14 horas indisponíveis, depois de um ataque cibernético do grupo Yemeni Hackers, um exército de terroristas digitais. Não há registo de um ciber-ataque desta dimensão em Moçambique.

O director-geral do Instituto Nacional do Governo Electrónico, Ermínio Jasse, defendeu que a missão de prevenir os ataques cibernéticos é de toda a sociedade.

“Todos temos de trabalhar para garantir a segurança. Neste instante, há várias tentativas de ataque que estão a acontecer. Mas a diferença é que, quando os portais do Governo foram atacados este ano, todo o mundo viu. O Governo está a fazer esforços para melhorar a sua protecção, mas isso não basta. É preciso o envolvimento de todos”, disse.

O responsável pelo E-Gov reconheceu que, neste momento, não há recursos humanos suficientes no país, para garantir uma segurança robusta na área cibernética, mas esta realidade pode ser contornada, através de parcerias a serem feitas com as academias.

“A formação é essencial para que as pessoas da área não actuem de forma maliciosa. A academia pode dar-nos apoio e já há contactos nesse sentido. Nos próximos tempos, esperamos ter mais pessoas formadas a colaborarem com a nossa instituição. Outro aspecto de extrema importância é a atenção que qualquer um de nós deve ter ao navegar na internet. Ao receber um e-mail, por exemplo, com informações supostamente ligadas ao seu trabalho, é preciso certificar sempre se é de facto uma informação fidedigna e corporativa”, realçou Jasse.

O painel contou com oradores com experiência internacional, entre os quais Marco Cepik, consultor e professor de segurança internacional e Governança Digital, no Brasil, que defendeu a necessidade de focar as acções no comportamento humano.

“Temos que ter maturidade tecnológica. Há questões básicas que é preciso observar ao usar o celular. Por exemplo, há empresas que têm nossos dados pessoais, só pelo facto de termos baixado determinadas aplicações. O Governo tem de elaborar leis que devem ser aplicadas. Mas o nosso comportamento individual é fundamental”, vincou Cepik.

Por sua vez, o engenheiro sénior de vendas na Cybereason, da África do Sul, Roberto Arico, alertou que não é possível que o Governo faça tudo sozinho, pelo que é necessário o envolvimento de toda a sociedade, incluindo o sector privado.

“Não podemos esperar que o Governo faça tudo. A nossa aposta deve ser em aprender quais os cuidados que cada um deve ter no manuseio da tecnologia. Só com este cuidado é que podemos evitar a exposição que leva aos ciberataques”, afirmou Arico.

Também, da África do Sul, veio o contributo de Desre Nieuwoudt, gerente sénior de Política das TIC e Gestão Estratégica na Huawei, que entende que é preciso criar programas de ensino que incluam as questões sobre cibersegurança e explicam às pessoas que medidas devem tomar.

Ademais, os painelistas defenderam a necessidade de protecção das crianças que ficam expostas à internet, algo que pode ser feito através da sua limitação aos sites a que acedem.

PATRONO DA FUNDASO ANUNCIA CRIAÇÃO DE COMUNIDADE MOZTECH

Durante dois anos, a pandemia não permitiu juntar, na mesma sala, especialistas, executivos e público em geral para discutir o tema da tecnologia.

Com o calor da presença física, coube ao PCA da Fundação SOICO, Daniel David, abrir e dar as boas vindas aos participantes da nona edição da MozTech. “Logo que terminar esta edição, queremos reunir-nos com todas as empresas que têm apoiado este projecto. O objectivo deste encontro é tentarmos agregar valor na forma como a MozTech pode impactar na vida das empresas. Primeiro, na rentabilidade dos negócios, porque ninguém abre empresa para não ganhar dinheiro. Segundo, naquilo que pode impactar nas pessoas e terceiro, na melhoria do ambiente de negócios. A MozTech passará a ser uma comunidade colectiva e cada um de nós fará parte da decisão sobre que MozTech nós queremos ter”, disse Daniel David.

O PCA da FUNDASO avançou ainda que, brevemente, haverá encontros mais restritos para discutir a questão das Tecnologias de Informação e Comunicação, a nível de ambiente de negócios. “Vamos analisar, de forma detalhada, os aspectos que dificultam o desenvolvimento das empresas. Temos que acreditar no nosso país e nas empresas que acreditam no país. E nós estamos aqui para criar essa plataforma, com a função de motivar, agregar e exponenciar os nossos negócios”, referiu Daniel David.

A transformação digital, os seus variados desafios e oportunidades estão no centro das atenções pelo nono ano consecutivo em que a Fundação SOICO faz recordar que a tecnologia está e sempre estará na ordem do dia.

“Espero que esta edição seja o início de uma nova etapa. E que vocês se divirtam, façam negócios e tragam conhecimentos para muitos moçambicanos. Muito obrigado pela confiança”, concluiu.

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