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Rebeldes do Tigray querem conversações de paz mediadas pelo Quénia

Foto: Notícias ao Minuto

O líder da Frente Popular para a Libertação do Tigray, Debretsion Gebremichael, entende que um processo de conversações de paz credível e imparcial só será possível  com a mediação do Presidente do Quénia, Uhuru Kenyatta.

Num comunicado citado pelo Notícias ao Minuto, Debretsion disse que a posição da Frente Popular para a Libertação do Tigray (TPLF, na sigla em inglês) continua sem mudanças.

“Participaremos num processo de paz credível, imparcial e com princípios, que interaja com as partes em conflito na Etiópia de forma séria, inclusiva e considerada”, afirmou o responsável.

O líder mostrou disponibilidade para o envio de uma delegação de alto nível, com plenos poderes e informação, a conversações convocadas e acolhidas pelo Governo do Quénia, considerando que as autoridades e o povo quenianos têm demonstrado ao longo dos anos a sua imparcialidade, honestidade e solidariedade face à Etiópia.

Segundo o Notícias ao Minuto, Debretsion sugeriu a capital queniana, Nairobi, como lugar das conversações e o Presidente Uhuru Kenyatta como mediador, elogiando a sua postura “imparcial e inclusiva”.

Debretsion criticou a resposta da União Africana (UA) perante as atrocidades cometidas pelas forças federais etíopes, afirmando que o presidente senegalês, Macky Sall, actualmente a ocupar a presidência da UA, e o seu enviado especial para o Corno de África, Olusegun Obasanjo, falharam em adoptar uma posição consistente com as suas obrigações solenes segundo o Ato Constitutivo da União.

Debretsion confirmou uma visita recente de Obasanjo ao Tigray, dizendo que o diplomata foi recebido “de acordo com o princípio africano de hospitalidade, o respeito pelos mais velhos e o respeito pela UA”, apesar de a sua proximidade com o primeiro-ministro da Etiópia, Abiy Ahmed, não “ter passado despercebida ao nosso povo”.

O comunicado foi publicado depois de Abiy ter anunciado ao Parlamento a criação de um comité para negociar com a TPLF, cujos trabalhos serão tornados públicos quando terminarem.

O primeiro-ministro negou as especulações sobre contactos diretos com o grupo rebelde avançadas por um canal televisivo etíope, e insistiu que a TPLF “é uma inimiga da Etiópia, que tentou usar a força para derrubar o Governo”

Por outro lado, defendeu a necessidade de “dar a paz como herança aos filhos” e frisou que “um país não pode crescer através da guerra”.

O conflito na Etiópia eclodiu em Novembro de 2020 após um ataque da TPLF contra a principal base do Exército, localizada em Mekelle, o qual levou o primeiro-ministro a ordenar uma ofensiva contra o grupo após meses de tensões políticas e administrativas.

Uma trégua humanitária está actualmente em vigor, embora ambos os lados se acusem mutuamente de impedir a entrega de ajuda.

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