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Realização de vulto que superou a ousadia!

A realização da “Olimpíada Africana” Maputo/2011 foi uma história de superação com final feliz: o país superou-se ao substituir-se à Zâmbia, à última hora, na organização do evento, apesar das limitações orçamentais. Transformou a ousadia numa realização de vulto, pondo à prova toda a nossa capacidade de organização. E assim, vai fazer oito anos, que se fez História na Pérola do Índico!

O final da década 80 e o limiar da 90 foram marcados por grandes realizações desportivas que fizeram convergir para a Zona VI africana, as atenções do Mundo: Mundial de Futebol na África do Sul, CAN em Angola e Jogos Africanos em Moçambique. Nas três provas, um denominador comum: os tambores africanos deixaram bem clara a intenção do Continente e da Zona em dar passos rumo ao desenvolvimento, utilizando o desporto.

Para o nosso país, acabou representando um marco indelével numa caminhada cujas atenções principais convergem numa única direcção: o desenvolvimento! Arrecadaram-se medalhas, tantas quantas terá ganho a nossa auto-estima.

Do sonhar grande à realidade

Setembro de 2011 ficou gravado na nossa história. O país apareceu aos olhos do Mundo como uma Nação que acreditou no seu potencial e foi capaz de ocupar um lugar no pódio dos organizadores das grandes provas mundiais.

Todos os segmentos vivos desta sociedade assumiram que o desafio era para vencer. A resposta veio, com júbilo, no encerramento da maior e mais multifacetada competição continental: “Fizemos (bem) a festa”!

Muita disputa com “Fair Play”

Dezasseis dias de intensa actividade. Modalidades foram 22, com treinos e partidas em horários variados. Competiram atletas de várias nacionalidades, “senhores” de culturas, hábitos, gostos e pensamentos dos mais díspares, cada um com um pensamento supremo: ganhar algo para o seu país.
Prevaleceu o “fair play”, mesmo nas exigentes modalidades de luta. Foi África a demonstrar que é capaz de competir ao mais alto nível sempre com a bandeira do companheirismo desfraldada.

Lindo, muito lindo, foi o diálogo em línguas oficiais, nas línguas maternas, gestos, beijos, troca de contactos, prendas, promessas… enfim, tudo serviu para o enorme contributo que atletas e dirigentes deram à grande “injecção” de Unidade ao Continente.

Os voluntários/acompanhantes, foram quem “abriu a porta” aos visitantes, fechando-a com chave de ouro. Sempre os primeiros a acordar e os últimos a recolher, respeitando hábitos, gostos e desgostos dos visitantes.

Os nossos medalhados

Moçambique conquistou quatro medalhas de prata e oito de bronze, falhando o objectivo de alcançar o ouro. No total, foram distribuídas 1.429 medalhas por 36 países, ocupando Moçambique a 24.ª posição da tabela classificativa final.

A máquina competitiva da África do Sul mostrou uma superioridade inabalável ao longo do evento, arrecadando 156 medalhas, das quais 61 de ouro, 55 de prata e 40 de bronze.

Moçambique participou na X Edição com o maior contingente de sempre, sendo representado por 477 atletas numa delegação de 493 elementos que constituíram a Missão Moçambique, entre treinadores, equipa médica, atletas e pessoal de apoio. O nosso país ficou em 24.º lugar.

A magia do desporto

Mais de cinco mil pessoas a cantar o Hino, em uníssono, não é coisa de todos os dias. Mas aconteceu nos inolvidáveis dias dos Jogos. Foi a auto-estima elevada ao mais alto nível. Os abraços e apertos de mãos aconteceram um pouco por todo lado a desconhecidos e a recém-conhecidos. As jornadas permitiram, e de que forma, fazer de adversários grandes amigos.

Era África e o melhor do seu desporto, com a sua pujança, a dizer aos senhores da guerra, que esta “guerra”, sim, é bem-vinda. Joga-se, ganha-se ou perde-se, para depois se voltar a jogar. No final vence a amizade, o mesmo que dizer… vencemos todos!

Os 16 dias dos Jogos Africanos foram momentos para pessoas de todas as idades viverem parte da magia do desporto. Para nós, o basquetebol foi a modalidade raínha. A medalha dos masculinos, que recebeu a designação de “Prata de Verdade”, foi para nós, a cereja no cimo do bolo.

O Hambanine (Adeus)!

Os Jogos Africanos terminaram. Com eles, toda a pujança e rivalidade sã, que caracterizam o desporto e a juventude. Os atletas levaram a sua alegria, deixando saudades. A festa acabou. Sonhou-se grande, muito grande mesmo, enfrentando desafios antes inimagináveis. O resultado final foi um grande e motivador passo para se “alavancar” o desporto nacional rumo a novas vitórias.

Zimpeto no seu esplendor

À muita luz que coloria os céus na noite de abertura dos X Jogos Africanos, juntou-se uma sucessão e profusão de actividades e números culturais que iam surpreendendo a cada momento os espectadores.
Os sons, a coreografia, o rufar dos tambores, a conjugação de instrumentos e técnicas tradicionais, fundiram-se com o que de mais moderno existe, levando ao rubro os 40 mil espectadores que se transformaram, eles próprios, em actores, através dos seus aplausos, no majestoso Estádio do Zimpeto.

O desfile do rico mosaico cultural moçambicano, era intercalado com os discursos oficiais. Mas o momento mais “arrepiante”, foi a sessão de fogo-de-artifício, que iluminou os céus, visto e vivido com entusiasmo nos bairros circunvizinhos de Albazine, Hulene, Kongolote, Benfica, Mahlazine, Magoanine e outros.

O dia de abertura da festa africana, com coreografias preparadas ao mínimo detalhe, foi intenso, variado e multifacetado. O hino dos Jogos levou os integrantes das delegações, e mesmo espectadores, a deixarem as cadeiras para se juntarem aos bailarinos no relvado.

Maputo, a capital dos Jogos, “tchunou-se”! Moçambique deu a conhecer uma parte do seu vasto mosaico cultural, com destaque para a apresentação de danças tradicionais do norte ao sul do país, do xikuakuakua ao tufo, com centenas de mulheres vestidas a rigor a tomarem conta do rectângulo de jogo.

Inesquecíveis convívios na Vila Olímpica

Moçambique, como anfitrião, foi a primeira delegação a ocupar a Vila dos Jogos, seguindo-se a Nigéria. Umas atrás das outras, as delegações foram chegando e no dia da Abertura Oficial dos Jogos, a Vila já havia esgotado a sua lotação. Com um total de 854 apartamentos de tipo-3, a Aldeia Olímpica, que ficou conhecida por Vila dos Jogos, albergou 5.262 atletas, que representavam 50 países.

24 mil refeições dia

Foram no total 350 pessoas que cuidaram dos estômagos dos participantes, entre cozinheiros, serventes, copeiros e gestores. Estes profissionais cumpriram a sensível missão de garantir alimentação a todas as pessoas envolvidas directamente nos Jogos.

Para tal, três enormes tendas foram montadas, sendo a maior para os atletas, com capacidade para 1300 pessoas, a segunda para os voluntários, que albergava 850 pessoas e a terceira para o pessoal de apoio, onde cabiam 450 pessoas.

No período alto dos Jogos, chegaram a ser servidas 24 mil refeições/dia. De referir que, tal como acontece neste tipo de competições, toda a alimentação, água e refrescos, foi de distribuição gratuita.

 

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