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Questionada eficácia da vacina que Moçambique quer adquirir

O governo da África do Sul suspendeu o uso da vacina da AstraZeneca, depois de os cientistas terem descoberto que ela não é eficaz para variante sul-africana da COVID-19. Trata-se da mesma vacina que Moçambique pretende comprar, nos próximos dias, para prevenir a doença.

Um milhão de doses da vacina da COVID-19 produzidas pela AstraZeneca, que chegaram à África do Sul, na semana passada, estão em risco de ser inutilizadas. Estudos preliminares mostram que a vacina em referência não chega a prevenir sintomas ligeiros nem moderados da variante sul-africana da doença, actualmente responsável por 90% dos casos positivos naquele país.

O cientista e Professo Shabir Madi disse que, consistentemente, laboratórios descobriram que “muitos anti-corpos induzidos pela vacina não estavam realmente activos contra a variante que está actualmente a circular na África do Sul, a variante b1351”.

“Vimos uma queda significativa em termos da habilidade da vacina indutora do anti-corpo para neutralizar actividades deste vírus quando testado no laboratório. Então, obviamente esta é uma razão suficiente de preocupação de que a vacina poderá não fazer o que nos determinarmos alcançar”, afirmou Shabir Madi.

Com base nos estudos realizados, que envolveram cerca de dois mil pacientes de idade média de 31 anos, o governo sul-africano decidiu suspender a vacinação dos funcionários de saúde. Deste modo, o uso da vacina da AstraZeneca fica dependente, doravante, de novos resultados científicos.

Reagindo ao assunto, ministro da Saúde na África do Sul, Zweli Mkhize, comentou: “a primeira coisa que queremos é que os nossos cientistas nos digam o que fazer com a AstraZeneca (…). Isso é que nos dirá o que fazer dela [a vacina]. Não temos plano de devolvê-la. O plano é saber dos cientistas como lidar com isso daqui para frente”.

Entretanto, a suspensão da vacina da AstraZeneca não vai comprometer o plano de vacinação. Um comunicado do governo sul-africano que a “O País” teve acesso aponta que a nova aposta é a vacina da Johnson & Johnson, a partir de meados de Fevereiro.

“O nosso plano de vacinação não mudou, excepto que vamos começar com a vacina da Jonhson & Johnson, ao invés da Astrazeneca. A vacina vai ser administrada em fase 1 para mais de 1.2 milhão dos nossos funcionários de saúde da linha da frente. Asseguramos também doses de Pfizer para fase 1 e continuamos em negociação com todos os fabricantes para assegurar mais doses”, lê-se no documento.

Em reacção aos resultados sul-africanos, o Reino Unido e a Austrália defenderam vacina da AstraZeneca na prevenção da morte. Pediram à população que mantivesse a calma, pois pelo menos ainda não há evidências de que a vacina da AstraZeneca seja incapaz de prevenir sintomas graves da variante sul-africana presente em mais de 20 países, incluindo Moçambique.

“Não há evidências que as vacinas da AstraZeneca não previnam a morte ou doenças severas, e a África do Sul apenas impôs uma suspensão temporária no uso da vacina”, disse ontem o ministro britânico da Saúde, Edward Argar.

“As variantes dominantes neste país não são de África do Sul, há poucos casos positivos da variante sul-africana. Uma das variantes dominantes é a variante Kent contra qual a vacina (da AstraZeneca) mostra-se fortemente eficiente”, acrescentou o governante.

Por sua vez, o ministro de saúde da Austrália, Greg Hunt, disse que a vacina de AstraZeneca era eficaz para satisfação dos objectivos primários.
“Actualmente, não há evidências que indicam a redução da eficácia da vacina de AstraZeneca ou de Pfizer para prevenção de sintomas severos e morte. Esta é principal tarefa, proteger a saúde”, disse Hunt em Canberra.

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