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Quatro regressos, três novidades e ausência do capitão para enfrentar Ruanda e Cabo Verde

O seleccionador nacional de futebol, Luís Gonçalves, convocou 33 jogadores para os jogos de pré-estágio diante do Ruanda e Cabo Verde, de qualificação ao CAN dos Camarões, próximo ano. Os destaques vão para os regressos de Bruno Langa, David Malembane, Gildo e Feisal Bangal, bem como estreias de Maestro, Ricardo Mondlane e Pedro Santos e a ausência do capitão Domingues. Luís Gonçalves diz que vai continuar a lutar até a qualificação, mesmo com limitações

A dupla jornada final de qualificação ao Campeonato Africano das Nações aproxima-se e Luís Gonçalves já pensa no Ruanda e Cabo Verde, a 24 e 30 de Março corrente. Diz ainda estar a preparar estes dois jogos com a certeza de que, tal como ele, “não há nenhum moçambicano que não queira a qualificação”.

É por não ter dúvidas que decidiu chamar 33 jogadores para preparar esses dois jogos, com Ruanda, em Kigali, e Cabo Verde, em Maputo.
União Desportiva de Songo, com cinco jogadores, Ferroviário de Maputo e Costa do Sol, ambos de quatro, e Ferroviário da Beira, com apenas um jogador, são os clubes moçambicanos que contribuem para esta convocatória, que conta com jogadores estrangeiros, alguns deles que não virão, por não terem sido autorizados pelos respectivos clubes.

Mas destes 33 jogadores chamados, os grandes destaques vão para as chamadas, pela primeira vez, dos médios Ricardo Mondlane, Maestro e Pedro Santos, com este último a marcar estreia absoluta com as cores nacionais, enquanto os dois primeiros já vestiram as cores pelas selecções de formação.

Pedro Santos, Pepo, é jogador do Cova da Piedade e foi descoberto pelo seleccionador nacional durante as suas pesquisas, tendo conversado com o atleta para envergar a camisola dos Mambas, prontamente aceite.
Também, pela positiva, estão as chamadas de outros quatro jogadores que não constaram das últimas convocatórias, dentre eles David Malembane, que poderá fazer a sua estreia como jogador dos Mambas, depois de ter sido chamado em outras ocasiões, sem poder jogar devido aos problemas de passaporte.
A par de Malembane estão os regressos de Faisal Bangal, jogador que actua na Itália e que não era chamado há mais de quatro anos, Dayo, do Ferroviário da Beira, Gildo Vilankulos, do Amora de Portugal, estes dois últimos que não eram chamados há algum tempo a esta parte.

Luís Gonçalves espera que estes jogadores possam trazer alguma frescura e ânimo aos Mambas, que procuram o rejuvenescimento.
Pelo lado negativo está a ausência do capitão Domingues, jogador que até há duas semanas não tinha clube e juntou-se recentemente ao Polokwana City, da segunda divisão sul-africana. Sobre esta ausência, o seleccionador nacional diz reconhecer tratar-se de um excelente jogador e que é uma referência a nível nacional, mas considera que não estaria em condições de representar a selecção nacional por não estar com ritmo desejado, esperando que volte o mais rápido possível ao activo, para que mereça chamadas nas próximas convocatórias.

Sensibilizar os clubes a libertarem os jogadores
Apesar de constarem da convocatória anunciada esta quinta-feira, Mexer, Zainadine Jr. e Amâncio “Neymar” Canhemba, são cartas fora do baralho para estes dois jogos, uma vez que o Bordéus e o Marítimo já fizeram saber que não vão dispensar os seus jogadores. Luís Miquissone está ciente destas ausências, bem como de alguns jogadores que poderão ser impedidos pelos seus clubes, que não são obrigados a dispensá-los por conta do novo regulamento da FIFA em tempos de pandemia.
Ainda assim, o seleccionador nacional diz que não vai desistir de contar com eles. “Como seleccionador, como federação, não iremos desistir de continuar a sensibilizar os clubes a cederem os seus jogadores. Temos, todos, a noção e a sensibilidade da importância e do caráter decisivo destes dois jogos e espero que os clubes também tenham essa sensibilidade”, disse o seleccionador nacional.

Em tudo, de acordo com Luís Gonçalves, preferia ter a equipa completa, ou seja “todos os jogadores da minha escolha, e não das escolhas de outras pessoas”, mas isso não será possível. Mas, há uma convicção: “vamos sempre competir com os recursos que tivermos”, afirma Luís Gonçalves.

Diz mais: “temos que fazer aquilo que os moçambicanos estão habituados a fazer: que é fazer muito com pouco”, mesmo em alusão ao facto de não poder contar com todos.
Entretanto, o seleccionador nacional tem uma sugestão para evitar esta situação, que é adiar os jogos deste mês, aproveitando a Assembleia Geral da CAF, que decorre entre esta quinta e sexta-feira, para o efeito.

“Nós estamos ainda na expectativa de perceber se vamos jogar ou não. Contudo, como não temos ainda nenhuma confirmação, se os jogos serão adiados ou não, temos é de continuar a seguir o nosso programa para tentar atingir o nosso objectivo, que é a qualificação para o CAN”, disse expectante o seleccionador nacional.

Os Mambas iniciam a preparação na segunda-feira, com os jogadores que actuam internamente, seguindo o protocolo sanitário de prevenção da COVID-19.

Alojamento grátis por detrás da antecipação do jogo com Ruanda

Inicialmente marcado para o dia 26 de Março, em Kigali, o jogo entre Ruanda e Moçambique foi antecipado para dia 24, dois dias depois da chegada dos Mambas àquele país. De acordo com o Vice-Presidente da Federação Moçambicana de Futebol, Jorge Cumbane, esta alteração da data foi feita pelos ruandeses e teve aval da Federação Moçambicana de Futebol.

Na hora de justificar os motivos desta alteração, Cumbane revelou que os acordos de reciprocidade existentes entre as duas federações estiveram por detrás da decisão. Ou seja, o Ruanda alegou problemas relacionados com as ligações aéreas que o seu combinado nacional terá que fazer para marcar presença no jogo da última jornada da fase de apuramento, diante dos Camarões e, em contra-partida, garante o alojamento a custo zero para a delegação moçambicana.

“É preciso compreender que a Federação tem a sua estrutura, houve uma proposta do Ruanda por conta do jogo que vai fazer nos Camarões e nós temos alguns acordos de reciprocidade, nesses acordos está claro que quando há pedidos podem ser concedidos, nós concedemos. Na verdade, foi por conta do jogo que eles têm que fazer com os Camarões, não foi uma simples aceitação, sabemos que há várias etapas que ocorrem num jogo de futebol”, começou por dizer Jorge Cumbane.

Entretanto, esta é uma situação que pode trazer prejuízos ao combinado nacional, tendo em conta que vai partir de Maputo no dia 22, mesmo dia em que chega a Kigali, realiza os testes e tem apenas um dia, seguinte, para o reconhecimento do campo. Ou seja, apenas terá um dia para juntar os jogadores que actuam internamente e os que jogam fora de portas, no treino de adaptação ao relvado que vai acolher o jogo.

Jorge Cumbane diz que esses prejuízos são resultados dos acordos existentes entre as duas federações. “Há vários acordos que são assinados com vários países, são assuntos ligados da federação para federação. Sob ponto de vista de organização e administração ganhamos, por exemplo nós vamos para o Ruanda agora e por conta deste acordo não temos custos de hospedagem, por exemplo”, disse e acrescentou que “são boas relações, pois sob pontos de vista administrativo ganhamos, agora todas essas contrariedades se olharmos para a selecção de Moçambique e para do Ruanda, o nosso interesse em tudo que se faz aqui na federação é para ganharmos jogos. O resultado desportivo para nós é muito importante, não há aqui agendas fora do jogo de futebol”, concluiu Cumbane.

 

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