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Quando o desporto no país é uma “brincadeira”!

O antigo vice-ministro da Juventude e Desportos, Carlos Sousa, diz que o problema do desporto moçambicano é ser visto como uma “brincadeira”, que não o mesmo valor das restantes áreas. Aliás, Dr. Cazé diz que era apresentado como “ministro das ‘brincadeiras’”, em vários comícios em que participou no país. Carlos Sousa diz ainda que a gestão do Estádio Nacional do Zimpeto é da competência do Governo, através do Fundo de Promoção Desportiva

 

O debate em torno da gestão do Estádio Nacional do Zimpeto continua ao rubro e há muitos desportistas e dirigentes que deixam suas opiniões em relação ao assunto.

Carlos Sousa, antigo vice-ministro da Juventude e Desporto, diz mesmo que este debate só surge porque o desporto em Moçambique é visto e tratado como uma “brincadeira”. Aliás, ele mesmo, enquanto governante, diz era apresentado como “Ministro das ‘Brincadeiras’”.

“Já estive em vários comícios com o Presidente da República em vários cantos deste país e era apresentado como ‘Ministro das Brincadeiras’, porque nas línguas nacionais não existe a palavra ‘Desporto’. Esta é uma questão séria”, vincou Carlos Sousa para sustentar o facto do desporto não ter a mesma consideração das outras áreas.

“Se vamos ver o que é feito da educação física e desporto escolar como disciplina obrigatória, desde a Escola Primária até as Universidades, ela não existe como tal. Então temos aqui uma situação, em que temos gerações e gerações de dirigentes, quer no sector público, quer no sector privado, quer na sociedade civil e na população no geral, para os quais o desporto é, de facto, uma brincadeira. Porque há muitos anos deixamos de ter educação física e desporto escolar como uma disciplina curricular obrigatória que deve ser tão bem tratada como Inglês, Francês, Português, Matemática, as Ciências ou qualquer outra cadeira”, referiu em discurso directo.

 

Governo não deve fugir das suas responsabilidades no ENZ

Relativamente a gestão do Estádio Nacional do Zimpeto, inaugurado há nove anos e que já apresenta problemas na sua infraestrutura, que obrigaram a Confederação Africana de Futebol a chumbar o local para jogos internacionais, Carlos Sousa dissipa as dúvidas que tem estado a dividir a Federação Moçambicana de Futebol e a Secretaria de Estado do Desporto.

Para Carlos Sousa, ou simplesmente Cazé, antigo vice-ministro da Juventude e Desporto, a responsabilidade pela gestão do Estádio Nacional do Zimpeto é do Governo, que deve alocar fundos ao Fundo de Promoção Desportiva para garantir a manutenção da infraestrutura. “O actual proprietário do Estádio Nacional do Zimpeto é o Estado e é responsabilidade do Estado alocar os meios humanos e financeiros necessários para a manutenção daquela infraestrutura”, disse Cazé, que chama esta de “uma questão séria” e que exige, da parte do Estado “a sua responsabilidade na questão de alocação de meios humanos e financeiros necessários na manutenção do Estádio”.

Aliás, para o antigo vice-ministro da Juventude e Desporto, o Governo tem a responsabilidade de incluir no seu orçamento anual os fundos para a manutenção do Estádio Nacional do Zimpeto. “É fundamental que o Governo, na sua aprovação dos orçamentos anuais que envia à Assembleia da República, contemplar os orçamentos necessários para a manutenção do ENZ e é necessário que tenhamos equipes técnicas competentes estabelecidas no local”, referindo-se a proposta que já havia avançado para que o Gabinete Técnico da Federação Moçambicana de Futebol tenha seu escritório naquele espaço, que reúne melhores condições para acolher todos serviços necessários.

Ademais, se a Federação Moçambicana de Futebol quiser se envolver na gestão do Estádio Nacional do Zimpeto, “tem que ter a capacidade de acarinhar aquela infraestrutura, de se envolver directamente naquela infraestrutura”, segundo Cazé.

Sem rodeios, Carlos Sousa foi insistentes na questão das responsabilidades, chegando mesmo a referir que “não vale a pena estarmos aqui a nos atirar pedras uns aos outros. O que é importante é estabelecer, claramente, que o Estádio Nacional é uma infraestrutura do Estado e compete ao Estado, através do Fundo de Promoção Desportiva, a sua manutenção”.

Carlos Sousa relaciona a falta de gestão do Estádio Nacional do Zimpeto com a ausência de engenheiros conhecedores da infraestrutura, que fariam melhor gestão se continuassem a frente da mesma. E questiona: “há um engenheiro moçambicano que acompanhou desde a concessão do estádio, lançamento da primeira pedra, construção do estádio, gestão do estádio após o mesmo ter estado pronto, que conhece de olhos fechados o Estádio Nacional do Zimpeto, onde está este engenheiro? O que é feito dele? Porque já não está no Estádio Nacional do Zimpeto”.

E considera que estas questões todas devem ser resolvidas pela Secretaria de Estado do Desporto, juntamente com o Fundo de Promoção Desportiva para garantir que a gestão e a manutenção da infraestrutura sejam garantidas.

 

Ainda há possibilidade de se reverter o cenário do ENZ

Para todos os efeitos, o antigo vice-ministro da Juventude e Desporto assegura que há todas condições para a realização de jogos da selecção nacional no Estádio Nacional do Zimpeto, olhando para o que é necessário melhorar para aprovação pela CAF. “O estádio tem todas as condições técnicas necessárias para os padrões e standards internacionais, porque foi concebido com todas essas questões tomadas em consideração. Todas condições que eu vi e que a CAF exige para a realização de jogos oficiais são questões resolvíveis rapidamente e podemos acolher jogos lá”, referindo que o único grande entrave vão ser os torniquetes, que tem um custo elevado, mas que por causa da sua importância devem ser adquiridos e coloca-los, afinal são um instrumento importante para controlar a lotação do Estádio Nacional do Zimpeto.

Recorde-se que para além de ser a casa dos Mambas, onde disputam os jogos de qualificação ao CAN e Mundial e os amigáveis, o Estádio Nacional do Zimpeto vai também acolher jogos do Costa do Sol, da Liga dos Campeões Africanos, a partir de Novembro próximo.

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