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Publicação da OMR estima que pobreza poderá atingir 81% da população

A pobreza poderá atingir entre 75 a 81 por cento da população moçambicana com a redução do consumo das famílias nos próximos meses. A conclusão é de uma publicação feita pelo Observatório do Meio Rural (OMR).

Com o objectivo de estimar o número de pobres no país e os níveis de desigualdade social diante dos impactos negativos da COVID-19, o Observatório do Meio Rural produziu uma publicação denominada Observador Rural.

O documento define três cenários para a evolução da pobreza no país. O primeiro, optimista, prevê a redução do consumo da população entre 5 e 10%; o segundo, moderado, prevê a redução entre 10 e 15% e, o pessimista, estima a redução do consumo das famílias entre 15 e 20% nos próximos meses.

Segundo a OMR, os resultados indicam que a pobreza, a nível nacional, poderá aumentar e passará a afectar 75.5%, 77.7% ou 81.7%, para cada um dos três cenários, respectivamente, um retrocesso de mais de vinte anos.

“Usando a linha de pobreza internacional, a nível nacional, a pobreza poderá aumentar para 92.6%, 93.1% ou 93.37%, conforme forem considerados os três cenários. Em ambos os casos, a pobreza é mais acentuada nas zonas rurais do que nas zonas urbanas”, aponta a publicação.

Os economistas Ibraimo Mussagy e João Mosca, autores da publicação admitem que o efeito da COVID-19 seja mais acentuado nas cidades.

“Porém, o ponto de partida dos índices de pobreza (IOF 14/15) revela uma maior incidência da pobreza no meio rural que os efeitos da COVID-19 não eliminam plenamente, ao ponto de tornar o índice de pobreza urbana mais elevado. Estes aumentos nos índices de pobreza quase que impossibilitarão o cumprimento da meta dos Objectivos de Desenvolvimento Sustentável, de erradicar a pobreza até 2030”, conclui o relatório publicado a 20 de Julho último.

Denominado Micro-simulações dos Impactos da Covid-19 na Pobreza e Desigualdade em Moçambique, o documento prevê ainda que a população pobre poderá aumentar em cerca de 2.9 milhões se considerado o cenário 1, em cerca de 4 milhões para o cenário 2 ou em 5.9 milhões para o terceiro cenário.

“Quando usados os dados da linha de pobreza internacional, a população em situação de pobreza poderá aumentar em 13,255,685, em 13,502,101 ou em 13,841,191, conforme cada um dos três cenários”, estima o documento.

De acordo com a análise, tendo em conta o consumo de cada agregado familiar, observa-se que a nível nacional, a desigualdade subiu ligeiramente com a COVID-19, sendo a desigualdade mais acentuada nas zonas urbanas do que nas zonas rurais.

Porém, o relatório indica que segundo as últimas quatro avaliações de pobreza, houve progressos na redução da pobreza (em termos de percentagem de pessoas).

“A pobreza em 1998 era de 69.4% e reduziu para 49.2% em 2016. Porém, o número de pobres tem aumentado devido ao efeito do crescimento demográfico. Entre os dois últimos IOFs (2008/2009 e 2014/2015), o número de pobres aumentou em cerca de 700 mil moçambicanos. Actualmente, os impactos da COVID-19 podem perigar os progressos parciais (considerando o aumento do número de pobres) na redução a pobreza, na medida em que a desigualdade do consumo poderá aumentar”, alertam os investigadores.

 

 

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