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Proprietários de algumas barracas no Nwamkakana recusam-se a abandonar o local

O processo de demolições no mercado de Nwankakana, em Maputo, já foi iniciado. O acordo assinado entre a empresa Maputo Sul e a comissão de vendedores já está a ser implementado, porém não parece ser o final feliz, pelo menos para os proprietários das barracas, que consideram o valor das compensações demasiado baixo. Tal é o caso do senhor António Muchanga, que vai ter de se desfazer da sua pequena ferragem, mas não concorda com os 48 mil meticais que lhe foram propostos pela Maputo-Sul. Muchanga diz que com este valor não vai conseguir reiniciar o negócio noutro local uma vez que nem lugar para montar a barraca tem.“Eu neguei os 48 mil meticais. Não assinei os papéis e eles foram-se embora. Esse dinheiro é muito pouco, pelo menos se me dessem uns duzentos mil”, disse.

O mesmo acontece com Boaventura Neves, outro dono de uma barraca e que vende produtos de mercearia no mercado. Neves diz que foram lhe proposto 80 mil meticais que também recusou-se a aceitar por considerar que o valor não chegaria para montar um negócio semelhante noutro lugar, isso sem contar com o valor necessário para adquirir o próprio espaço para montar o negócio. “Nós propusemos que eles multiplicassem o valor por 4 para podermos fazer qualquer coisa. O material que usamos para construir estas barracas é muito caro. Com 80 mil não conseguiria nem comprar um espaço para colocar a minha barraca”, disse Neves.

A senhora Adélia, recebeu pouco mais de 70 mil meticais pela sua barraca, mas diz que é muito pouco.“O nosso grande problema é um terreno para montarmos as nossas barracas. O município não nos garante nada. Recebi o valor. No princípio queriam-me dar 54 mil. Fui reclamar e subiram para 74mil. Mas é muito pouco. Só assinei por assinar. Mas não gostei”.

Os vendedores que recusaram os valores das compensações temem que seja usada a força para os retirar do local, porém dizem estar ainda abertos a negociações

 

Estamos a seguir a lei

Cecílio Grachane, da empresa Maputo Sul, diz que a maioria dos vendedores já recebeu as compensações e que a empresa estava a cumprir a lei. “O critério de atribuição de compensações não é arbitrário. Estamos a avaliar as infra- estruturas, uma a uma, porque existe uma lei, uma base de cálculo e fazemos tudo seguindo a lei. Evidentemente, muitos vendedores criaram expectativas muito acima da lei e nós não podemos violar a lei”.

Sobre os terrenos que reclamam para colocar as suas barracas, Cecílio Grachane diz que isso está fora das atribuições da Empresa Maputo Sul. “O Município deverá, certamente, providenciar espaços não só para estes vendedores mas todos que queiram ter iniciativas dentro da cidade. Mas isso não está neste âmbito.”

A empresa Maputo Sul diz esperar ter o espaço livre para os seus trabalhos até ao final desta semana porque há barracas com água e luz e, naturalmente, “deverá esperar pelos provedores desses serviços para que possam retirar o seu material de forma segura”.

 

 

 

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