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Produção por contratos vista como alternativa para o sucesso do agronegócio

Produzir por contratos, conhecer a estrutura de custos dos produtos e investir em armazéns de conservação é essencial para tornar o agro-negócio sustentável. O debate sobre Mercados e Estabilização dos Preços de Produtos, na MOZGROW, aprofundou essas ideias

O agro-negócio é nulo sem a definição do preço e do mercado dos produtos. No entender de Mahomed Valá, director-geral do Instituto de Cereais de Moçambique (ICM), os produtores devem ter ambições económicas e financeiras para saber qual é o seu mercado e que preços praticar.

“O produto moçambicano deve ser agregado valor. Se nós continuarmos sem esta evolução, sem esta transformação, isso nos remete a abaixo de 45 anos, antes da independência, que Moçambique era um mero produtor de matéria-prima para a indústria no mundo, na Inglaterra, caso do chá e de muitos outros produtos”, considera o director-geral do Instituto de Cereais de Moçambique.

Tal fórmula funciona bem quando o produtor sabe a quem vai vender e que quantidades vai vender.

“Um produtor de tabaco não sofre em Tsangano, Marávia, Mandimba, não sofre porque ele já fez um contrato com a Mozambique Leaf Tobacco, produziu tanto, a qualidade tem que ser esta e eu compro a tal preço. Tem que ser este o caminho de Moçambique, já começamos, mas temos que aumentar a escala”, defende Mahomed Valá, referindo-se à produção por contrato.

E para definir um preço competitivo dos produtos é preciso saber quanto custou para produzir, segundo explica Tatiana Mata, directora-geral da Muthiana Investimentos, uma empresa que disponibiliza insumos aos agricultores e facilita o seu acesso aos mercados.

“O produtor tem de começar a saber a sua estrutura de custos e é aí onde começam as dificuldades porque os produtores muitas vezes não têm essa capacidade de se questionar, quanto é que custa semente, quanto é que custa a água para poder irrigar os campos e o tempo que ele e a família dedicam, tudo isso tem de ser calculado para determinar o preço”, explica Tatiana Mata.

Contudo, é fundamental que os agricultores, a todos os níveis, tenham informações sobre o mercado para saber diferenciar os produtos com ou sem determinada qualidade.

Árabe Jonange é secretário da Associação da Feira Ntindo de Mandimba, uma organização que criou este armazém no distrito de Mandimba, na província do Niassa. Compra produtos dos agricultores, conserva neste local e depois vende para Nampula e o vizinho Malawi.

Trata-se de uma experiência, que segundo o secretário, reverteu a tendência de venda de produtos ao Malawi a preços longe de serem competitivos. É que com a falta de locais para conservar os produtos, os produtores, por medo de perder os seus produtos por deterioração, optavam por ir vender naquele país a preços baixos.

Árabe Jonange, Tatiana Mata e Mahomed Valá foram os intervenientes do debate sobre Mercados e Estabilização dos Preços de Produtos esta quarta-feira na plataforma MOZGROW.

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