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“Precisamos de uma profunda descolonização intelectual de África”

José Maria Neves, antigo primeiro-ministro de Cabo Verde durante 15 anos, é um dos convidados como orador no segundo Grande Fórum MOZEFO que tem lugar nos dias 22,23 e 24 de Novembro próximo, em Maputo. Encontrámo-lo em Luanda, onde esteve a liderar a Missão de Observação Eleitoral da União Africana às Eleições Gerais do dia 23 de Agosto, em Angola. Apesar da pressão que a actividade acarretava, José Maria Neves conseguiu arranjar alguns minutos para falar sobre o MOZEFO 2017, do qual juntamente com os antigos Presidentes de Moçambique, Joaquim Chissano, do México, Vicente Fox, da Costa Rica, Laura Chinchila e os antigos primeiros-ministros de Espanha, Luís Zapatero, de Moçambique, Luisa Diogo, antigo vice-primeiro-ministro de Portugal, Paulo Portas, e das Maurícias, Rama Sithanen e Graça Machel irão compor os convidados de honra do fórum.

Estará em Moçambique para participar no segundo Grande Fórum MOZEFO, o que espera que venha a ser este fórum?

É importante termos estes espaços de debate, porque estamos a falar sobre a África de hoje, sobre perspectivas futuras do desenvolvimento deste continente. A África é um grande continente, riquíssimo em termos de recursos naturais, recursos humanos e agora é tempo de trabalharmos reforçando as instituições, capacitando as pessoas, reforçando o Estado do Direito Democrático, para termos o desenvolvimento inclusivo e chegarmos a uma maior dignidade para todos africanos e todas africanas. E estes debates vão permitir-nos reafirmar ideias, confirmar sonhos e trabalhar para uma África cada vez melhor. Por isso, é sempre com grande interesse que participo em debates desta natureza e espero que este de Moçambique seja profundamente enriquecedor e seja um espaço fértil de criação, de inovação e de busca de novas soluções para este nosso grande continente que é a África.

O lema deste grande fórum é Conhecimento, Motivação e Acção, é acertado para o momento que o continente está a atravessar?

É isso, nós precisamos de pensar com as nossas próprias cabeças, como dizia Amílcar Cabral. Precisamos conhecer melhor a África e precisamos de uma profunda descolonização intelectual de África e as nossas universidades, os nossos investigadores. Os nossos pensadores devem criar uma epistemologia que nos permite chegar mais longe no entendimento deste continente e na abertura de novos percursos rumo ao futuro. Portanto, é preciso conhecer, estarmos todos motivados e engajados na busca de novos caminhos para África e, sobretudo, é preciso agir e agir a tempo, para fazermos face à globalização, às mudanças climáticas e a todos efeitos que resultam das mudanças tecnológicas e fazer face aos desafios de hoje e desenvolver África.

Cabo Verde é uma referência ao nível do continente africano em termos de desenvolvimento, do respeito pelas liberdades individuais e colectivas e foi o primeiro-ministro de Cabo Verde durante vários anos.

Que experiências vai levar para Moçambique que enfrenta grandes desafios nestes aspectos?

Eu vou falar de Cabo Verde, vou falar do nosso percurso. Em África, temos experiências positivas, todos temos feito coisas interessantes nos nossos países, com percursos diferentes, vamos aprendendo uns com os outros. O importante é termos uma África positiva, uma África que pode crescer, pode inovar, uma África aberta ao mundo, unida, moderna, próspera e trocando experiências e socializando o que de positivo fizemos nos nossos países podemos ir muito mais longe. Portanto, vou levar a experiência de Cabo Verde e vou aprender com experiências.

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