Ao terceiro, dos sete dias de tréguas concedidas a Junta Militar da Renamo, Filipe Nyusi voltou hoje a justificar a sua decisão, considerando ser um gesto visando estabelecer mais uma janela de diálogo, em prol do fim das atrocidades cometidas na zona centro.
“Como Governo mantemos a nossa decisão de instruir as Forças de Defesa e Segurança a ponderarem a perseguição aos guerrilheiros da auto-proclamada Junta Militar da Renamo, em defesa das nossas populações e da economia, de modo a dar tempo e espaço para que se possam desenvolver, serenamente os contactos, sem ruídos precipitados”, justificou.
Filipe Nyusi lamentou que, no mesmo dia em que entrou em vigor a trégua unilateral anunciada, a Junta Militar tenha protagonizado um ataque contra mais alvos civis.
“Talvez lamentar aqui, que apesar da ponderação mantida pelas Forças de Defesa e Segurança no dia 25 (de Outubro corrente), a Junta Militar voltou, no dia seguinte, dia 26 de Outubro, as 18 horas, a disparar contra autocarro de passageiros no troço entre Zove e o Rio Gorongoche, distrito de Chibabava. Mesmo assim, mantenho a minha decisão de não perseguir, para dar espaço a estes contactos que estão a ser estabelecidos” disse, dando um voto de confiança a Mariano Nhongo.
“Pensei que, como anunciei (a trégua) no sábado e o ataque aconteceu no domingo, talvez não teve tempo suficiente para comunicar (aos seus homens). Espero que seja isso” avançou.
Por outro lado, o Chefe de Estado quer que a Renamo, liderada por Ossufo Momade, saia da passividade e assuma o seu papel no diálogo.
“Apelo à Renamo para que não se distancie porque os argumentos que têm sido colocados referem directamente à Renamo, por causa da não concordância. Então, o elemento chave também é a Renamo” exortou o Chefe de Estado.
Contestação dos Médicos
No seu discurso por ocasião da abertura da Reunião Nacional dos Municípios, Filipe Nyusi abordou, de forma breve, a insatisfação manifestada pela classe médica, que, através de uma carta conjunta da Ordem dos Médicos e Associação dos Enfermeiros, reivindicam melhores condições de trabalho e protecção contra a COVID-19.
Nyusi disse que o Governo está aberto para encontrar soluções para as diferenças que possam colocar em causa a harmonia social, e prometeu prestar atenção ao movimento de reivindica que surge no seio dos profissionais de saúde.
“Estou a acompanhar mais algum movimento mas, ainda não há espaço para desespero na resolução de qualquer problema neste país. Falamo-nos muito e por isso é que a classe mais sensível que é a classe dos Médicos tem que ajudar mais na harmonização. Nada está fechado e por isso não existe motivo de pânico” frisou.
Desafios sociais
O Presidente da República destacou os avanços registados no processo de municipalização e nos projectos desenvolvidos pelas autarquias, contudo, exortou aos autarcas para não se apegarem muito no que está feito, devendo prestar atenção a questões que ainda constituem desafios.
A título de exemplo, falou da pobreza urbana, sobretudo “das camadas mais idosas”, o desemprego, as construções desordenadas, os factores climáticos, de entre outros que continuam a desafiar o país no geral, e as autarquias em particular, e chamou a atenção para acautelarem, sobretudo as questões sociais.
“Não se esqueça que nas vossas cidades e províncias tem pessoas que precisam mais de apoios que outras. Isso é óbvio em todos o lado” exortou.
Sobre o desemprego, sobretudo dos jovens, Filipe Nyusi instou os autarcas a aproveitarem o potencial deste grupo etário para envolvê-la nos processos de desenvolvimento e solução dos problemas.
“Os jovens estão na expectativa. Ultimamente são muito activos e criativos”, por isso, “dialoguem com os jovens. Não podemos andar a murmurar porque nós fazemos parte da solução” defendeu.