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Postes sobrecarregados assustam moradores de Chamanculo, em Maputo

Há ligações eléctricas perigosas no bairro Chamanculo, na Cidade de Maputo. Os residentes estão com medo e a Electricidade de Moçambique (EDM) diz que o problema de não se fazerem ligações mais seguras se deve à desorganização de ruas.

Na última quinta-feira, 22 casas foram consumidas por fogo, alegadamente causado por curto-circuito. As residências estavam numa área de 40 metros por 20, onde, normalmente, caberia apenas uma casa.

Todas e mais algumas eram electricamente alimentadas pelo mesmo poste de distribuição, que se encontra no centro do espaço. Por sua vez, esse poste é alimentado por um outro que assusta os moradores do bairro Chamanculo “D”.

André Muhave, residente de uma das casas, contou ao “O País” que o poste já teve faíscas por mais de duas vezes. “Chamámos o pessoal da EDM. Veio arranjar, mas voltou a ter. Todos ficámos assustados e com muito medo”, narrou.

E o medo cresceu, agora, depois do incêndio, que André Muhave e seus vizinhos acreditam ter sido causado, em parte, pela sobrecarga do poste com frequentes faíscas. Aliás, das 22 casas, apenas três é que tinham contrato com a EDM, o resto era feito através de ligações clandestinas de boa vizinhança e, nessa condição, ninguém se lembra do perigo da sobrecarga de postes, tal como ele mesmo nos contou.

Filomena Simbine é uma senhora de 60 anos de idade. Vende tomate diante da sua casa. A atenção é no seu produto, mas, às vezes, tem de olhar para o alto. De lá, busca a certeza de que o poste de distribuição montado ali ainda não oferece perigo nenhum aos seus netos que sempre se juntam a si na banca. “Até um barulho de carro me assusta, porque fico a pensar que pode mexer e causar faíscas”.

Filomena vive algures no local do incêndio e, agora, durante a noite, pensa que a mesma situação pode acontecer na sua casa, já que há um poste que considera sobrecarregado.

Circulando pelo Chamanculo e outros bairros, encontrar postes com muitos fios não é nada raro. Alguns até estão dentro das residências, o que causa medo aos referidos residentes. Na casa de Violeta Olívia, de 57 anos de idade, há um poste há mais de dez anos. Os dias de chuva são um terror. Porém, o medo reduz a cada dia, porque, até agora, ainda não houve faíscas assustadoras.

O jornal “O País” chamou o coordenador de distribuição regional da Cidade de Maputo para analisar, in loco, a situação nas casas queimadas na quinta-feira e ver outras ligações. Ele assume que elas não são as melhores que se podiam fazer, mas atribui a responsabilidade à desorganização da área.

Feliciano Dique diz que “não há ruas que permitam ligações adequadas seguindo as normas de electrificação. Se tivéssemos ruas, faríamos as mais seguras”. Mesmo assim, a EDM diz que isso não constitui perigo aos utentes, até porque foram seguidos os procedimentos possíveis.

Ainda assim, importa recordar que, no ano passado, um grande número de residências foi reduzido a cinzas por curto-circuito no bairro Malanga, na Cidade de Maputo. Em todos esses casos, a EDM diz que o ordenamento territorial é o grande responsável.

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