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População de Nametangurine alimenta-se de frutos silvestres

Foto: O País

Mais de dez mil pessoas reassentadas no bairro Nametangurine, distrito de Nicoadala, província da Zambézia, recorrem a frutos silvestres para alimentação. São alimentos locais como minhanhe e tube. As famílias chegaram àquele bairro, umas na sequência das chuvas e inundações, e outras são vítimas do terrorismo na província de Cabo Delgado.

No bairro Nametangurine, distrito de Nicoadala, residem cerca de três mil famílias, o correspondente a mais de dez mil pessoas. O nível de sofrimento das famílias é gritante, não obstante os esforços do Governo e parceiros que procuram, sempre que possível, minimizar a situação a que estão sujeitas. Sucede que, com as mudanças climáticas que nos últimos anos têm originado chuvas que provocam estragos a residências e culturas alimentares das famílias, em Nicoadala, o Governo encontrou o bairro Nametangurine como o mais seguro para reassentar as famílias, facto que tem acontecido a cada ano.

O número das famílias cresceu com a chegada de mais moçambicanos provenientes da província de Cabo Delgado, vítimas do terrorismo. Francisco Aguacheiro, um idoso que reside em Nametangurine junto da sua família, foi mais longe ao afirmar que, na sequência da fome, os recém-chegados ao bairro têm recorrido aos frutos silvestres para a sobrevivência.

“Fome aqui não vale a pena, comemos frutos do mato como minhanhe e tube. Tem sido graças a estes alimentos que safamos da fome. Os nossos amigos, que chegaram este ano, estão a sofrer muito. Recebem alimentos nas tigelas para alimentar-se com as suas famílias. Não têm casa e dormem em tendas com várias pessoas”, disse Francisco Aguacheiro, pedido apoio quer em alimentos quer em construção das suas casas às famílias.

Elizabeth Agostinho, outra residente recém-chegada ao bairrio, fez saber que a comida distribuída pelas autoridades chega, mas em pequenas quantidades. Diz que é normal passar um mês sem receberem alimento. As crianças são as principais vítimas, por não conseguirem por si só se alimentar. Por isso, ela diz que os pais vão à mata para buscar frutos silvestres para cozinhar.

Ainda em Nametangurine, encontramos Armando Valentim, que chegou a Nametangurine no mês de Março deste ano. Antes residia na localidade Licuar, mas, pela força da água, viu-se obrigado a deslocar-se, com a sua família, àquele bairro de reassentamento. “As condições aqui são normais, apesar das diversas dificuldades. Temos dois comboios de escolas em construção e painéis solares para um pequeno grupo de pessoas do bairro. Conseguimos sobreviver através da comida que nos dão e, quando podemos, também vamos ao campo para produzir”, disse Armando Valentim.

Um dos grandes desafios que o Governo tem, neste momento, é tornar os bairros de reassentamento voltados ao desenvolvimento para acabar com a dependência das famílias. Ou seja, se por um lado o Executivo deve criar condições de infra-estruturas que atraiam as pessoas a manterem-se nos bairros, por outro, as famílias precisam de produzir comida para se alimentar.

A falta de comida no seio da população residente naquele bairro tem sido minimizada através de intervenção do Governo e parceiros, com alocação de cestas básicas sempre que possível.

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