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Peso do turismo no PIB desacelerou em 1,6% no segundo trimestre deste ano

Há muito que o turismo em Moçambique tem estado a cair à pique, pese embora as enormes potencialidades que o país dispõe, em particular a sua localização geográfica, que é tida como estratégica para o desenvolvimento deste sector.

Lugares turísticos com praias distantes de centros urbanos, como da província de Cabo Delgado, com destaque para as Ilhas Quirimbas, Inhambane, com destaque para o Arquipélago de Bazaruto, são alguns dos vários pontos de “encher os olhos” para um bom apreciador de turismo, mas que estão ser pouco aproveitados.

Por vezes culpa-se o frio! Pelo menos foi essa a justificação das autoridades moçambicanas no segundo trimestre deste 2018, expressa pelo Instituto Nacional de Estatísticas (INE), no relatório sobre contas nacionais do país, referente ao período de Junho a Agosto.

No período, o peso do turismo no Produto Interno Bruto (PIB) desacelerou para cico por cento, após um arranque do ano em alta (6,6% no primeiro semestre). No fecho do quarto trimestre de 2017, a contribuição deste sector registara um desempenho negativo (menos 1,1 por cento).

A maior contribuição do turismo no Produto Interno Bruto do país registou-se no quarto trimestre de 2015, com 17,4%, indica o relatório do INE sobre contas nacionais, a que “O País” teve acesso.

A má performance deste sector irá prevalecer para os próximos meses, em causa o abrandamento na procura deste serviço, em particular, alojamentos, restauração e similares. Prevê-se ainda descida dos preços nesse ramo.

Importa salientar, que o número de estabelecimentos de alojamento, restauração e similares que enfrentou alguma dificuldade no seu funcionamento no período em análise, conheceu um crescimento ligeiro entre Abril e Junho passado.

Concretamente, o índice aponta para pelo menos 28 por cento de estabelecimentos que tiveram constrangimentos, percentagem mais alta de uma série trimestral desde o quarto trimestre de 2017.

Os principais factores referidos pelos agentes económicos do sector são a baixa procura (42%), a concorrência (23%) e a falta de acesso ao crédito (9%) e outros factores não especificados (10%) em ordem de importância.

Têm ainda, os altos custos de passagens aéreas e um regime de vistos restritivos, preços altos, má imagem e um fraco posicionamento de mercado, preocupações com o regime de posse da terra, altos níveis de importação, desenvolvimento limitado de atractivos naturais e culturais.

Poucas estâncias turísticas de alta qualidade, pouca mão-de-obra qualificada na indústria, lacunas em competências e conhecimentos nas instituições do sector público aos níveis central e provincial do turismo e cooperação fraca entre os sectores público e privado, imperam entre desafios do turismo em Moçambique.

Estudos revelam que a promoção do turismo associado ao mergulho com mantas-raia (uma gigante espécie marinha) na província de Inhambane pode gerar um impacto económico directo de pelo menos 32 milhões de euros. Deste valor, cerca de 10,3 milhões de euros representam o lucro directo dos operadores de mergulho a operar na região.

A inexistência de mantas neste destino poderia representar uma perda anual de 15,3 a 24,4 milhões de euros.

Todos os anos, a oportunidade de deparar-se com um destes gigantes marinhos no seu ambiente natural leva turistas do mundo inteiro a viajar até Moçambique. A conservação destes animais supera o benefício económico de pescá-los.

 

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