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Pescadores recorrem à veda voluntária para evitar escassez de pescado

As vendedeiras de peixe na cidade de Inhambane levam pouco mais de duas horas à espera dos pescadores regressarem do mar. Mas este domingo, Joaquina e a sua companheira voltaram para casa com as bacias vazias por conta da escassez do peixe na zona onde vivem. É que lá pesca-se tudo e quase a todo instante, o que não permite a reprodução de mariscos e do pescado.

Joana e sua companheira não tiveram pescado este domingo porque poucos pescadores foram à faina e não conseguiram nada no mar. A falta de veda de pesca é apontada como a razão para a escassez de pescada. Por conseguinte, as vendedeiras não tiveram dinheiro para suprir algumas necessidades do dia de hoje.

Sorte diferente teve a senhora Carola, que vende peixe há mais de 10 anos. Na região onde ela vive, há veda de pesca, por isso ela diz que facilmente consegue peixe.

Aliás, José Luciano é pecador há mais de 20 anos e fala até de espécies de peixe que estão a desaparecer, tal é o caso de “mbabi”, que já não é possível encontrar na baía de Inhambane.

É precisamente por causa desse cenário que os pescadores decidiram, voluntariamente, praticar a veda comunitária. O objectivo é evitar a extinção de espécies de marinhas e melhorar o rendimento dos pescadores.

A veda abrange rede de malhar, gamboas e outras artes de pesca em massa. Porém é permitida apenas a pesca de linha, como medida de garantir que em épocas de veda, as famílias tenham alguma coisa para comer.

Além da veda comunitária, o sector do Mar, Águas Interiores e Pescas vai impor a veda para a pesca artesanal, de 15 de Outubro a 31 de Dezembro, De 01 de Novembro a 31 de Março a proibição será para a pesca industrial de espécies como caranguejo e camarão de superfície.

O director-geral adjunto da Administração Nacional de Pescas, Cassimo Júnior, esteve, no último fim-de-semana, nos distritos de Vilankulo e Inhassoro. Disse ao “O Pais” que o objectivo era sensibilizar os pescadores sobre a necessidade de observar o período de veda que se aproxima e o calendário estipulado pelo Governo, para permitir a reprodução e qualidade de espécies.

“Felizmente, Inhambane para além das vedas decretadas pelo Governo, as comunidades promovem também as suas vedas comunitárias, o que é bastante louvável. Mostra que elas reconhecem a importância das vedas como medida de gestão de pescarias”, acrescentou Cassimo Júnior.

A veda comunitária em curso na baía de Inhambane começou a 15 de Setembro passado e termina a 15 de Dezembro.

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