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Pelas escadas não pelo elevador!

De uma declaração recente da senhora Graça Machel retirei, com a devida vénia, a ideia que tem muita profundidade que coloquei em título. Ela cabe, que nem uma luva, na realidade que hoje se vive no nosso desporto, sector que deveria ser um farol a iluminar a sociedade, porque guiado pelas máximas olímpicas da mente sã, em corpo são.

Não é isso, infelizmente, o que se vive de uma forma geral no nosso país, com enfoque, pela negativa, no futebol. Tudo é pegado pela rama, estamos preocupados com o imediato, pois o médio e longo prazo… a Deus pertence.

Mas o mais preocupante, é que não se vislumbram caminhos para inverter este cenário. É triste e doloroso, sobretudo quando os estudiosos nos fazem recordar que nos anais da mais importante entidade da FIFA estão lá, gravados de forma indelével como dos maiores futebolistas de sempre, dois nomes que nasceram na Pérola do Índico: Eusébio e Coluna.

Patrocínio e mão estendida

Profissional, amador, não amador, recreativo… onde colocar, com verdade, o nosso futebol? De acordo com as conveniências, o nosso desporto-rei vai gravitando de forma indefinida entre o sim e o não, ficando-se pelo… nim!

Pelo mundo, não é preciso aprofundar muito para se concluir que o dinheiro, no profissionalismo, é quem dita as leis. Não é por acaso que nas duas últimas décadas, os que venceram a mais importante prova de futebol entre clubes no Mundo – o Campeonato Europeu – são os que maiores receitas movimentam em todo o planeta: Barcelona, Real Madrid, Manchester, Bayern, Juventus…. Eles recrutam os melhores e mais bem pagos futebolistas do Mundo, realizam receitas extratosféricas vindas dos seus activos, da publicidade e da bilheteira.

E nós por cá? Quais as bases de sustentação para se criar um clube de alta competição e, mais do que isso, para a sua sustentação? Os novos emblemas, em regra vêm de elevador, em detrimento dos que possuem história e bases. Daí que o que (pre) domina tenha a ver com uma palavra mágica: patrocínio. Dele dependem os clubes, a Federação, a Liga. Jogadores para negociar são escassos, publicidade é quase nula, quotização idem, e a receita da bilheteira mal chega em muitos casos para pagar à arbitragem.

Quer isto dizer que vivemos à mercê de uma “teta” – o referido patrocínio – que tem que ser, a cada temporada renegociado, dependendo em regra da “sensibilidade” dos gestores das grandes empresas públicas, que dão o aval para garantir as competições.

E como o desporto não é uma ilha, é de prever dificuldades face à nova realidade nos transportes aéreos, por exemplo, que quase por milagre permitiu às LAM descontos e privilégios na ordem de 70% para a competição recém terminada.

Daí que…

Planificar com propriedade para não andar à última hora com as “calças na mão” e de braço estendido, seja crucial. Estamos a qualificar turmas para o próximo Moçambola, sem saber se começará em Fevereiro – o que seria bom para as nossas representações nas Afrotaças – ou mais tarde, pois ainda não estão fechadas as contas desta temporada. Vamos para o defeso e depois se verá, num tempo em que as contas do Mundial da Rússia no próximo ano e o do Qatar em 2022, já estão “fechados”!

Afinal, as nossas vitórias, improvisam-se!.

 

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