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Paulo Ratilal pondera deixar presidência do Desportivo Maputo

Foto: O País

O presidente do Desportivo Maputo reconheceu, hoje, que a direcção do clube que dirige está a ponderar a sua demissão. Ainda assim, Paulo Ratilal prefere deixar a decisão para o executivo, que esteve, hoje, em reunião ordinária de direcção.

Em entrevista exclusiva ao “O País”, Paulo Ratilal abordou a demissão de João Figueiredo, que desempenhava o papel de presidente da Mesa da Assembleia-geral do Desportivo Maputo. Uma decisão tomada depois da inviabilizada realização da Assembleia-geral da colectividade, no último sábado, 18 de Junho.

João Figueiredo acabou mesmo por colocar o seu lugar à disposição, tendo, na altura, deixado ficar um alerta: “Raça Alvi-negra provoca ingovernabilidade do clube e há interesses obscuros no património da colectividade”.

Sobre o posicionamento tomado por Figueiredo, o presidente do Desportivo Maputo diz que faria o mesmo.

“Naturalmente, recebi a informação com muita tristeza, porque é uma pessoa muito séria, que dava muita credibilidade ao Desportivo. Mas, provavelmente, não é surpreendente, dada a situação actual em que o clube se encontra. Diria que eu teria feito o mesmo, se fosse o presidente da assembleia, ao tentar fazer assembleias-gerais e nunca terem desfechos”, disse Paulo Ratilal.

Após a não realização da reunião, João Figueiredo enviou o seu pedido de demissão ao vice-presidente da Assembleia-geral do Grupo Desportivo Maputo, António Grispos. Na carta de demissão, Figueiredo apresentou “razões de ordem pessoal” para justificar a decisão, na sequência dos factos ocorridos na Assembleia-geral agendada para sábado último.

“…Fundamento este pedido de demissão no quadro global que tem caracterizado as últimas Assembleias-gerais do GDM, e cujos factos são do conhecimento público, nestes termos, e considerando que não estão reunidas condições mínimas e adequadas para que me mantenha nas funções, que com muita honra e orgulho tenho vindo a desempenhar no clube, informo vossa excelência que este pedido de demissão assume um carácter irrevogável e produz efeitos imediatos”, escreveu João Figueiredo.

Segundo Ratilal, a vaga deixada por João Figueiredo será preenchida por António Grispos, outrora vice-presidente da Assembleia-geral do Grupo Desportivo Maputo.

Ratilal diz não entender os motivos para a sabotagem ao seu trabalho por parte da “Raça Alvi-negra”, mesmo depois de um aparente ambiente harmonioso, que permitiu a retirada do processo, na Procuradoria-Geral da República, contra sócios que vandalizaram o clube, no fim do ano passado.

“Não vou dizer que não vou demitir-me, porque a vontade é mesmo essa, porque não há vontade nenhuma de estar à frente daquele clube, mas isto tem que ser feito de uma forma responsável, e não é simplesmente pedir demissão que se resolve o problema. Naturalmente, eu tenho reunião de direcção, marcada para esta quarta-feira, com os meus pares; vamos discutir esse assunto”, avançou.

Noutro desenvolvimento, Ratilal disse ser “óbvio que todos os outros presidentes que se demitiram, antes de mim, provavelmente pelos mesmos motivos, ou seja, pelo facto de alguns membros do associativismo fazerem esse tipo de confusões, sabotagens e não deixarem progredir os trabalhos normais. O que aconteceu actualmente é que piorou a situação do Desportivo Maputo”, referiu.

O dirigente acrescenta que o clima actual no clube da águia faz temer o pior: a venda do património da colectividade.

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