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Paulo Oliveira orgulhoso da sua participação no Rally Dakar

Foto: O País

O piloto moçambicano que esteve no Rally Dakar diz que foi uma boa experiência participar da maior competição mundial do desporto motorizado. Paulo Oliveira falava à sua chegada a Maputo, este domingo.

O piloto moçambicano, Paulo Oliveira, tinha deixado o país em Dezembro do ano passado, para participar, pela primeira vez, no Rally Dakar, com ambições elevadas e com objectivo de cumprir as 12 etapas, por forma a ser reconhecido na maior prova mundial de todo-o-terreno.

Oliveira regressou ao país este domingo, tendo sido recebido pelo secretário de Estado do Desporto, o presidente do ATCM e outras personalidades que não quiseram deixar de prestar homenagem ao piloto que representou o país na prova da Arábia Saudita.

Não faltou música para a recepção e muito menos os colegas de profissão, os motoqueiros. O piloto mostrou-se orgulhoso da sua participação na competição.

Nas suas primeiras palavras, Oliveira disse estar emocionado com a recepção calorosa e com a participação na prova. “Foi um orgulho enorme, tinha-me comprometido com o povo que iria estar presente pela primeira no Rally Dakar e foi com muita emoção e orgulho que participei. Foi duro, mas conseguimos cumprir a promessa”, disse Oliveira.

Das 12 etapas que corporizaram a edição deste ano do Rally Dakar, Paulo Oliveira cumpriu 11 delas, não tendo terminado a 11ª devido a problemas mecânicos com a sua motorizada. Depois da disputa da última etapa, Oliveira terminou a prova na 116ª posição da classificação geral. Ainda assim, faz um balanço positivo da sua participação.

“É preciso dizer que faço isto por paixão. São muitos que são motoqueiro e sabem como isto é difícil. Passar 12 horas em cima de uma moto, a galgar terrenos que não conhecíamos e terrenos com dificuldades, onde caímos e levantamos, tivemos problemas técnicos, é preciso ter uma força física e mental muito grande para cumprir e cumprimos”, explicou, acrescentando que “a paixão que tenho pelas motos foi feita com muito trabalho, dedicação e foco”.

Paulo Oliveira, que teve uma queda na quarta etapa, diz que foi graças ao foco e a uma força superior que conseguiu cumprir as restantes etapas. “No primeiro dia que perdi o foco fui ao chão e caí. Foi duro e doloroso, mas tivemos alguém, lá em cima, a olhar por nós e nos deu força para continuar e continuamos até chegarmos à final. Isso foi o mais importante”, resume a sua participação o piloto moçambicano.

 

RALLY PARA TRÁS, PROJECTOS PELA FRENTE

Com o Rally Dakar na história, outra página será aberta por Paulo Oliveira, que pretende alcançar mais voos no futuro. “Não vamos arrumar as botas depois desta participação no Rally Dakar. Temos já alguns projectos, um deles que não tenho escondido e que será em coordenação com o ATCM, que é desenvolvermos uma academia e começarmos a desenvolver este tipo do desporto para jovens”, apresentou Paulo Oliveira.

Mais há mais: “quanto a projectos desportivos, ainda é cedo para vermos o que vamos fazer, mas existem e queremos cumprir todos eles ainda este ano que acaba de começar”.

Sobre a participação no próximo Rally Dakar, com sorriso no rosto, Paulo Oliveira disse apenas que “é tempo de descansarmos um pouco e reflectirmos também, mas para o ano teremos mais novidades”.

Paulo Oliveira foi o primeiro piloto moçambicano a participar da prestigiada competição mundial do desporto motorizado, o Rally Dakar, que teve lugar, este ano, na Arábia Saudita, de 01 a 14 de Janeiro corrente.

 

MENDES, ROCHA E SALIMO ORGULHOSOS DA PRESTAÇÃO DE OLIVEIRA

Depois da sua chegada ao país, Paulo Oliveira, acompanhado pelo secretário de Estado do Desporto, Carlos Gilberto Mendes, que, ao seu lado, montado também numa motorizada, e seguido por vários motoqueiros que foram receber o piloto, fizeram uma pequena passeata pelas artérias da capital do país para agradecer o apoio.

Uma passeata que foi terminar no ATCM, onde Carlos Gilberto Mendes considerou que a participação de Paulo Oliveira no Rally Dakar orgulha todos os moçambicanos e marca um arranque de um ano que espera que seja próspero para o desporto moçambicano.

“Participar de um Rally Dakar, para quem não faz ideia, é o mesmo que disputar o Campeonato do Mundo de futebol. Paulo Oliveira faz parte dessa nata muito pequena, dos melhores do mundo e, por isso, parabéns por isso”, começou por dizer Gilberto Mendes que contou ainda que o sonho de participar nesta prestigiada competição mundial de todo-o-terreno foi tido como uma aventura.

Mendes diz que é orgulho para o Governo ver desportistas, como Paulo Oliveira, a seguirem os seus sonhos sem recuar. Isso engrandece o desporto moçambicano, principalmente para este ano 2022.

“2022 começa muito bem para o desporto. Começou logo com o Paulo a entrar no Dakar. Foi a primeira figura do desporto, logo em Janeiro. E depois tivemos as equipas moçambicanas a conquistarem medalhas no regional de voleibol de sala. Isso prova que o desporto está bom neste ano”, disse Gilberto Mendes que espera que sejam portas abertas para que o ano seja, de facto, de muito sucesso para o desporto moçambicano.

Já Rodrigo Rocha, presidente do ATCM, realça a persistência e coragem de Paulo Oliveira nesta sua primeira aparição no Rally Dakar. “Paulo teve uma queda numa das etapas, não contou a ninguém e pegou na sua moto e continuou, teve problemas mecânicos com a sua moto e contou só com ele, que é esse um dos objectivos do Dakar, ainda assim conseguiu chegar ao fim”, reconheceu Rocha.

Para o presidente do maior clube do desporto motorizado do país, Paulo Oliveira carregou o país às costas, até porque “todo Moçambique, durante estes 14 dias, só queria saber onde e como o Paulo está. Foi a primeira vez em que uma nação esteve toda ela ligada através de uma modalidade”, disse Rodrigo Rocha, que também é vice-presidente da Federação Internacional de Automobilismo, FIA.

Por seu turno, Salimo Abdula, director-geral da Intelec, que falava em nome dos patrocinadores que garantiram a presença de Paulo Oliveira no todo-o-terreno de Rally Dakar, disse que o piloto superou as expectativas dos moçambicanos com esta participação.

“Paulo fez de tudo para honrar, não só o compromisso desse sonho, mas a todos os moçambicanos, para além de elevar a nossa bandeira para podermos estar na maior prova do mundo deste nível”, reconheceu.

Abdula disse ter ficado preocupado com as duas fases negativas que Paulo Oliveira teve, nomeadamente a queda, na quarta etapa, e os problemas mecânicos com a moto, na 11ª etapa, ainda assim disse estar satisfeito com o compromisso que tinha consigo mesmo, de manter vivas as esperanças e continuar até ao final.

“Essa era a esperança que eu tinha deste Paulo, de que não seriam a queda que o iria travar, mas seria alguma avaria técnica que o impedisse e ele tivesse que carregar a moto às costas até ao final. Mas, ele fez isso e, mais uma vez, não nos desapontou”.

Paulo Oliveira terminou a sua participação no Rally Dakar na 116ª posição de uma competição que teve mais de 170 pilotos na corrida de motorizadas.

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