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Parto humanizado: uma aposta para reduzir a mortalidade materna no país

Em Moçambique, 408 mulheres morrem a cada 100 mil nascidos vivos e 30 bebés morrem a cada mil nascidos vivos, de acordo com o último Inquérito Demográfico de Saúde, realizado em 2011.

É para reduzir o número de mortes de mulheres e bebés que acontece antes, durante ou após o parto que foi introduzido o parto humanizado. O método foi adoptado pelo Hospital Central de Maputo (HCM) há cerca de dois meses, ao passar a permitir-se que as mulheres grávidas levem acompanhantes à sala de partos.

“A sala de partos está organizada em 16 quartos privatizados. Cada quarto tem uma cama, um berço e ao lado da cama tem uma cadeira para a acompanhante”, explica a responsável pela sala de partos no HCM, Regina Somane.

Quando a nossa reportagem chegou à maternidade da maior unidade sanitária do país, era uma quarta-feira de calor intenso. A temperatura na cidade de Maputo rondava os 40 graus. Mais intenso que o calor era o sentimento de alegria da mulher que acabava de dar à luz um menino.

“Estou muito feliz. Já sou mãe. O trabalho de parto foi longo e enfrentei dificuldades. mas no final correu tudo bem. O bebé nasceu bem e com um bom peso”, contou.

Mas o sucesso do trabalho não é atribuído somente à equipa médica. A possibilidade de a jovem que preferiu não se identificar ter um acompanhante fez toda a diferença. “A minha mãe ajudou-me muito. Houve momentos em que as enfermeiras me disseram para caminhar, porque ia ajudar no parto. E eu não queria. Mas a minha mãe conversou comigo e deu-me muita força para que eu fizesse tudo direito”, assumiu.

A recém avó gostou da experiência, mas confessa que em alguns momentos quis ficar no lugar da filha. “Não é fácil ver uma filha a sentir dor e não poder fazer nada. Mas tive que me manter firme e fazer o meu papel de lhe prestar apoio”, disse.

A melhoria no atendimento é apontada como a principal vantagem da mulher grávida ter consigo um acompanhante. “Os médicos estão sempre aqui e dão muita atenção. Eu também tenho espaço para controlar como são feitos todos os procedimentos e isso é muito bom”, referiu.

Mas não é só a presença do acompanhante que torna o parto humanizado. “O parto humanizado é a possibilidade que a mulher tem de tomar as suas próprias decisões. Ela escolhe como quer que seja o parto, desde a posição até à assistência que quer receber. A mulher grávida é a protagonista”, explicou a enfermeira materno-infantil, Célia Gabriel.

O hospital central de Maputo realiza em média 20 partos por dia. Entre os meses de Julho e Setembro deste ano, foram realizados 1 853 partos, dos quais 994 normais e 859 cesarianas. Em igual período do ano passado, foram realizados 1 934 partos, dos quais 1 014 normais e 902 cesarianas.

Por ser uma unidade de referência, o HCM tem recebido mulheres de locais distantes. “Eu sou do bairro Ndlhavela. É um pouco distante daqui, mas como achei que seria o melhor lugar para ter o meu filho, vim para cá. Vim de ‘chapa’ e consegui chegar a tempo”, afirmou Adélia José.

O parto humanizado faz parte de um conjunto de medidas que estão a ser tomadas pelo Ministério da Saúde em resposta às reclamações de mau atendimento e cobranças ilícitas nas maternidades do país.

 

 

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