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Pão de cada dia mais caro em Inhambane

Foto: O País

Está cada vez mais difícil o tão apreciado pão de cada dia chegar à mesa das famílias na província de Inhambane. Na última segunda-feira, o pão, que custava sete Meticais, passou a ser vendido a nove Meticais e o de 12 Meticais subiu para 14.

Com o agravamento do preço, dona Joaquina, que vive com mais sete pessoas, fica sufocada. Mesmo antes do aumento, gastava diariamente 84 Meticais só para colocar o pão à mesa, o que totalizava 2520 Meticais por mês.

Mas, com a subida do preço do pão, as coisas ficaram mais apertadas em casa de Joaquina que conta que, esta terça-feira, ficou surpresa quando mandou o filho para comprar pão e este voltou sem o alimento, uma vez que o preço não era o mesmo.

No mercado Lega Lega, na cidade de Inhambane, encontramos Valódia, uma jovem que, além de estudar, vende pão para poder ajudar nas despesas da sua família. Ao O País conta que há dois dias que as coisas já não são como antes, já que a subida do preço do pão reduziu os seus clientes, situação que exigiu de si readaptação, já que a sua renda caiu.

Conta que, desde que o preço do pão subiu, os clientes deixaram de ir à sua banca. Com isso, Valónia reduziu de 100 para 50 o número de pães que ela requisita para vender por dia.

Quem tem a missão de amassar o pão e colocá-lo à mesa diz que tem de fazer das tripas o coração, para não ser visto como o diabo da história.

É que o saco de 50 quilogramas de trigo custava, em Novembro do ano passado, 1800 Meticais, mas, hoje, o mesmo saco custa 2.350 Meticais.

Em Inhambane, o “O País” visitou uma padaria que produz, em condições normais, seis mil pães por dia, e para tal, usa 10 sacos de trigo, o que quer dizer que, ao fim de 30 dias de produção, são necessários 300 sacos de trigo, que custam 705 mil Meticais.

Mas as despesas não param por aí. A panificadora paga 20 mil Meticais de energia eléctrica, 30 mil com combustível, 150 mil Meticais de salário para 12 trabalhadores, 20 mil Meticais para comprar lenha, 3 mil Meticais de água e 4 mil para outros ingredientes do pão.

Com a venda do pão, antes da subida do preço, a panificadora tinha uma receita de 1.260.000 Meticais, dos quais 912 mil Meticais eram gastos com custos operacionais.

No final, a panificadora fica com 348 mil Meticais, dinheiro pelo qual deve pagar as suas obrigações fiscais, manutenção das viaturas, do forno e da batedeira industrial.

Diante da situação, os panificadores dizem que não havia outra saída se não subir o preço do pão, uma vez que os custos operacionais já estavam a sufocar as contas.

Por um lado, os custos de produção aumentaram e subiu o preço do pão. Por outro, baixou a produção e encolheram rendimentos, tudo porque o pão já não é para quem quer.

No passado, as padarias eram tidas como locais de aglomeração, mas, hoje em dia, quase ninguém vai comprar pão, porque o bolso não permite.

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