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País regista redução em 70% casos de abate de elefantes

O país está a ter sucesso no combate à caça furtiva, especificamente do elefante, garantiu a ministra da Terra e Ambiente, Ivete Maibasse, explicando que o facto resulta do empenho das forças de protecção das áreas de conservação.

“Destacamos neste aspecto uma redução em 70% dos casos de caça furtiva do elefante. Até 2014, perdíamos cerca de 1.200 elefantes ao ano, contra os cerca de 360 registados de 2015 a 2019 em todo o território nacional. De 2018 a 2020, a Reserva do Niassa não perdeu nenhum elefante” por causa “da caça furtiva”, explicou a governante.

Segundo Ivete Maibasse, “actuação enérgica” das forças de protecção e fiscalização dos recursos naturais contribuiu para o alcance desses resultados, “com destaque para os fiscais das áreas de conservação”. Todas as unidades garantiram igualmente a redução do desmatamento.

“Para o alcance deste objectivo, destaca-se [ainda] a contribuição da Polícia da República de Moçambique na fiscalização, o que permitiu estancar para zero a perda de elefantes, devido à caça furtiva, entre Março de 2018 e Julho de 2020, no interior da Reserva do Niassa e do Parque Nacional da Gorongosa”, exemplificou a ministra da Terra e Ambiente.

Noutro desenvolvimento, Ivete Maibasse falou da sofisticação dos meios de fiscalização, o que tem contribuído para frear a acção dos caçadores ilegais.

“Entre outras medidas que foram tomadas para a conservação da nossa biodiversidade, com enfoque para o elefante, destacamos a monitoria dos animais via satélite, através do uso de colares, incluindo a monitoria de elefantes nas zonas mais propensas ao conflito homem-fauna bravia, a fiscalização aérea e com uso de meios tecnológicos e a criação de campanhas de educação ambiental”.

A ministra falava ontem, em Maputo, durante a abertura do primeiro conselho coordenador da entidade que dirige. O evento termina hoje e decorre sob lema “Mudanças Climáticas e Conservação da Natureza”.

 

PAÍS REGISTOU MAIS DE 100 PRISÕES DEVIDO À CASA FURTIVA

O número de detenções e julgamentos de pessoas implicadas na caca furtiva aparece como um elemento fundamental na redução do abate de elefantes, conforme apontou a ministra do pelouro.

“Nestes últimos dois anos, vimos crescer no país os casos julgados e as condenações, a penas que variam entre os 12 e os 16 anos de prisão, a membros de grupos deste crime organizado, incluindo cidadãos de nacionalidade estrangeira. Foram mais de 100 casos de sentenças de privação de liberdade por crimes contra a vida selvagem, entre 2015 e 2020”, disse Ivete Maibasse, esclarecendo que 34 dos casos a que se referiu correram entre ano passado e este.

No quadro da gestão da terra e ordenamento territorial, a governante destacou, na sua intervenção, os benefícios trazidos pelo Programa Terra Segura.

“Foi neste contexto que foi registada cerca de 1.000.602 ocupações no sistema de gestão e informação de terras”, assim como “delimitação de 609 comunidades locais, cobrindo uma área de 4.5 milhões de hectares. Registámos cerca de 11.3 mil novos pedidos de autorização de DUAT, correspondentes a cerca de 5.3 milhões de hectares de área, e emitimos cerca de 7.890 autorizações provisórias e 3.211 autorizações definitivas”, precisou a governante.

 

ÁREAS DE CONSERVAÇÃO QUEIXAM-SE DE MINERAÇÃO ILEGAL E CONFLITO HOMEM-FAUNA BRAVIA

As áreas de conservação no país têm sido palco de pilhagem por parte de indivíduos mal-intencionados que procuram, à margem das leis, apoderar-se das riquezas existentes. No Parque Nacional do Gilé, por exemplo, só neste ano fora registados mais 53 crimes ligados à caça furtiva, sendo “33 no distrito de Pebane e 20 no distrito de Gilé”.

“Mas também temos outros casos ligados ao garimpo. O nosso parque tem recursos minerais no seu subsolo. As comunidades locais tem invadido [as áreas de conservação] para a mineração, mas também temos casos de madeireiros. Ao todo são cerca de 55 casos que levamos ao tribunal”, descreveu Raimundo Matusse, administrador do Parque Nacional do Gilé.

A questão da mineração ilegal do ouro foi também apresentada por Leonel Massicame, administrador do Parque Nacional Chimanimani.

“Só neste trimestre já elaborámos 24 autos ligados à mineração ilegal e que foram encaminhados à procuradoria. Para dizer que, apesar de haver alguns episódios de caça furtiva, a nossa grande preocupação é mesmo a mineração ilegal”, afirmou a fonte.

Além desses constrangimentos, o conflito entre o homem a fauna bravia continua a preocupar os gestores dos parques.

“Com o aumento do efectivo dos animais como búfalos, crocodilos, elefantes e hienas temos assistido casos de conflito homem-fauna bravia. Isso exige de nós um redobrar de esforços para que possamos garantir um convívio harmonioso entre as comunidades e os animais, o que tem sido difícil”, reconheceu Baldeu Araquechande, administrador da Reserva Especial do Niassa.

Os administradores das áreas de conservação falavam à margem do primeiro conselho coordenador do Ministério da Terra e Ambiente.

 

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