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Painelistas defendem mudança de mentalidade em relação à igualdade de género

 “O conhecimento como acelerador da igualdade de género” foi o segundo tema dos debates desta quinta-feira e o quarto do grande Fórum MOZEFO. O painel foi constituído por Graça Machel,  Presidente da Fundação para o Desenvolvimento da Comunidade, Saul Morris, Director Global de Programas da GAIN, Marie Kayisire, representante interina da ONU Mulheres em Moçambique e Ana Monteiro, vice-reitora académica da UniZambeze.

Sob moderação da Administradora de Informação do Grupo Soico, Olívia Massango, os painelistas defenderam a importância de se doptar a mulher de conhecimento, para melhor acelerar não só a igualdade de género, mas também para resolver os problemas que o mundo enfrenta. “O acesso à escolaridade e conhecimento para a mulher, está a transformar o mundo”, disse Morris para depois acrescentar: “O avanço da escolarização da mulher contribuiu em 40% na redução da desnutrição”.

Para Marie Kayisire, o conhecimento é fundamental tanto para os homens como para as mulheres, pois todos têm os mesmos direitos. No entanto, apontou barreiras culturais: “É importante que se garanta que as raparigas não sejam induzidas para os casamentos prematuros. É preciso garantir que as raparigas tenham acesso à formação e trabalhos ‘tidos como dos homens’.

Como académica, Ana Monteiro não poderia deixar de falar do papel das instituições de ensino na igualdade de género. “Precisamos trabalhar com a sociedade sobre a questão do conhecimento e igualdade de género. A universidade deve transmitir conhecimentos para homens e mulheres”, referiu.

Por outro lado, destacou a necessidade de se ajustar os sistemas, de forma a reduzir as barreiras enfrentadas pelas raparigas. “Há necessidade de se criar métodos que possibilitem que a menina continue e termine seus estudos”, e apontou a criação de parcerias entre as universidades e organizações da sociedade civil como um dos caminhos. “Temos que arranjar formas de combater a valorização só do homem”.

Para Graça Machel, o papel do Governo é crucial, sobretudo na implementação de políticas públicas que permitam a igualdade de género. Aliás, a activista social defende que a mudança deve começar pela linguagem, a maneira como se aborda a questão é importante. Graça diz ser de extrema importância investir-se nos adolescentes, de ambos os sexos, pois só assim se pode mudar o cenário de desigualidade. “Adolescents são abertos a mudanças e criam entre si redes de solidariedade, e vão influenciar as grandes transformações que precisamos. Precisamos desconstruir o nosso pensamento”, disse.

O antigo Primeiro-Ministro de Cabo Verde, José Maria Neves, também interviu. Não esteve no painel principal mas foi convidado a partilhar as experiências do seu país neste quesito. Apontou a escolaridade como a chave para o sucesso. “Igualdade e equidade passa pelas escolas. Em Cabo Verde, conseguimos que no ensino houvesse paridade de género. Em 2015 tinham mais meninas que rapazes nas escolas”, contou.

E a igualdade, em Cabo Verde, não está apenas nas escolas, José Maria Neves contou com muito orgulho, que em 2008, conseguiu paridade de género no Governo.

Mais ainda há um desafio. A mudança da mentalidade. “Temos que mudar os hábitos mentais. As tradições, as crenças, ainda são um desafio nas autarquias de Cabo Verde e é difícil ultrapassar, por causa do prenconceito que existe na sociedade em relação às mulheres”.

O antigo governante referiu que a luta pela equidade e igualdade de género é de todos; homens e mulheres. E deixou um apelo: “É Preciso agirmos para haver mais igualdade e equidade de género, e isto começa nas escolas”.

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