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A Comissão de Gestão da Associação de Basquetebol da Cidade de Maputo (ABCM), em consonância com os clubes filiados à agremiação, decidiu pela não marcação de jogos do Torneio de Abertura para este fim-de-semana, devido à Páscoa.

Por outro lado, o órgão gestor do basquetebol na capital do país teve em conta as enxurradas que provocaram estragos e condicionaram a mobilidade das pessoas, entre as quais actores do basquetebol, que somente retomaram as suas actividades entre terça e quarta-feira.

Assim sendo, os jogos ficam agendados para o próximo fim-de-semana. Ao nível dos seniores masculinos, o destaque vai, na segunda jornada, para o embate entre o Maxaquene “A” e Ferroviário de Maputo.

Será o reencontro entre Horácio Joaquim Martins (actual treinador do Maxaquene) e o Ferroviário de Maputo, conjunto que orientou ano passado até à fase de apuramento para a Liga Moçambicana de Basquetebol Mozal.

As duas formações entraram com o pé direito na competição, com o Ferroviário de Maputo, comandado por João Mulungo e Gerson Novela, a derrotar a estreante New Vision por 105-78, enquanto o Maxaquene venceu a A Politécnica (58-46).

O Costa do Sol, detentor do título no Torneio de Abertura, terá pela frente o Maxaquene “B”, num duelo em que os “canarinhos” são favoritos a alcançarem a vitória. O Costa do Sol começou a prova com uma vitória sobre as Águias Especiais, por 72-54. Por sua vez, o Maxaquene “B” perdeu com a Universidade Pedagógica, por 73-60.

Ainda a contar a segunda jornada da competição, a A Politécnica terá pela frente o Aeroporto, enquanto o Desportivo de Maputo trava argumentos com as Águias Especiais. A New Vision fica de fora devido ao número ímpar de equipas.

No escalão dos seniores femininos, o Ferroviário de Maputo, que venceu na estreia o Costa do Sol, por 50-46, bate-se com a Lázio, formação que ficou de fora na segunda jornada. A Lázio, lembre-se, reforçou-se para esta competição com Paula Orlando, Helena Augusto, Ana Jaime, Nelda Luciano, Benesita Muchave e Dede Nhamano.

Nas outras partidas, a A Politécnica bate-se com o Costa do Sol e as Águias Especiais defrontam o Maxaquene. O Desportivo de Maputo fica de fora devido ao número ímpar de equipas.

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Na madrugada de segunda-feira, calou-se a voz de uma figura transversal e multifacetada. De cunho político, jornalístico e desportivo. Figura com enorme sensibilidade desportiva, Manuel Tomé dirigiu os destinos da Federação Moçambicana de Natação entre 1995 e 2000. Período, esse, em que não somente procurou dinamizar a modalidade como também, e porque não dizê-lo(?), capitalizou a sua imagem para se abrirem mais janelas de oportunidade para a natação.

Lutou, com todas as suas forças, para travar “apetites” de algumas elites que pretendiam transformar os espaços das piscinas Raimundo Franisse e Desportivo de Maputo em condomínios privados.

É por isso mesmo que, depois de deixar a presidência da agremiação para cumprir outras missões, foi, por unanimidade, eleito presidente honorário da Federação Moçambicana de Natação, corria o ano civil de 2005.

Mesmo exercendo cargos de responsabilidade no partido no poder, a sua presença naquelas bancadas de madeira da piscina Raimundo Franisse era constante. E em outros locais elegíveis para sediar provas sob a égide Federação Moçambicana de Natação e Associação da modalidade da capital do país.

Não é por acaso, igualmente, que uma das provas “must” do calendário da natação leva a sua designação: Torneio Especialistas Manuel Tomé.

É, por estes momentos, recordado com alguma nostalgia, como um homem apaixonado pela natação e que tudo deu para que desse passes gigantescos.

“Trabalhei com Manuel Tomé desde 1990. Em 1995, por recomendação de Marcelino dos Santos, viajei para Sofala para apresentar a candidatura de Manuel Tomé ao cargo de presidente da Federação Moçambicana de Natação. A candidatura contou com a ajuda de Zaidy Aly e Renato Caldeira”, recuou no tempo Caetano Ruben, presidente da Associação de Natação da Cidade de Maputo.

Tomé identificou-se, desde logo, com o manifesto eleitoral desenhado pelo seu elenco e colocou-o em prática até que a sua missão, na natação, terminasse.

“Manuel Tomé viveu e apoiou a natação. Como presidente, apoiou os atletas e os dirigentes. É uma figura que sempre deu o seu melhor em prol da modalidade. A natação perde um homem que sempre lutou incansável e abnegadamente pela causa da modalidade. Sempre deu o seu calor e carinho aos atletas”, recordou.

Em 2000, uma tragédia abateu-se sobre a natação moçambicana com o acidente fatídico que ceifou a vida a Tânia Anacleto, uma das melhores intérpretes da natação do país, e Reginaldo Correia, na zona de Namaacha.

Mesmo sobrecarregado com as funções de secretário-geral da Frelimo, “Manuel Tomé fez questão de viajar connosco para aquela zona de Namaacha para a localização e transporte dos corpos para a morgue.”  E não se ficou por aí: “Ele criou condições para a realização do funeral. Ele participou em todas as cerimónias fúnebres, consolou a família de Tânia Anacleto. E, quando Raimundo Franisse perdeu a vida, ele sempre esteve presente. Manuel Tomé criou condições para o corpo de Raimundo Franisse ser transladado da África do Sul para Moçambique”.

 

A VOZ DE FERNANDO MIGUEL

O antigo presidente da Federação Moçambicana de Natação, Fernando Miguel, trabalhou com o falecido enquanto dirigente da agremiação, pelo que enaltece o trabalho por ele desenvolvido.

Fernando Miguel não hesitou, quando abordado pelo “O País”, em considerar que “Manuel Tomé é uma figura carismática na natação moçambicana, uma figura que sempre se empenhou para promover a modalidade.”

Miguel entende que “Manuel Tomé teve uma intervenção importante em momentos difíceis da natação, e uma pessoa que sempre esteve disponível e se mostrou aberta, sempre trabalhou com cada um de nós para juntos promovermos a natação em Moçambique”.

Recordar Manuel Tomé é, para todos os efeitos, falar de um dirigente que sempre pautou pela disciplina, rigor e se manteve disponível para promover a natação em Moçambique.

“Trabalhou na Federação Moçambicana de Natação, mas também como presidente honorário, deixando um grande legado de organização interna e coesão de grupo. Foi uma pessoa que sempre lutou pela disciplina e ordem. É uma pessoa que sempre teve grandes intervenções, mesmo fora do seu mandato, como presidente honorário, continuou a dar o seu apoio para materialização daquilo que são os anseios da modalidade.”

Foco na realização de provas regulares, mesmo em cenário de dificuldades financeiras, era o lema do antigo presidente da Federação Moçambicana de Natação.

“Ele sempre se empenhou e encorajou a modalidade. Nunca foi favorável ao cancelamento de torneios, nunca foi favorável ao cancelamento de participação de Moçambique em competições internacionais por falta de condições. Sempre disse que temos de arregaçar as mangas e arranjar soluções. Ele sempre defendeu que os dirigentes são eleitos para encontrar soluções e não para apresentar dificuldades e contratempos”, notou Fernando Miguel. E, adiante, elaborou mais: “E isso até hoje é um lema que guia todo o dirigismo dentro da natação. Todos nos sentimos encorajados a encontrar soluções para que a natação ande para frente.”
Massificação e não elitização da natação foram outros pontos defendidos por Manuel Tomé, tanto como presidente da Federação Moçambicana de Natação quanto como amante da modalidade.

“(…) Manuel Tomé sempre disse que as comunidades em voga das piscinas devem ter acesso à natação, sempre defendeu que a modalidade não deveria ser elitizada. Sempre foi contra uma natação para elites. Nesta perspectiva, teve um papel determinante quando foi para dissuadir ou desencorajar aquelas tendências que existiam de construir a piscina olímpica na Polana. Dizia-se que, no Zimpeto, não há pessoas para fazer natação de elite em piscina de 50 metros. Sempre disse que a natação é para os moçambicanos, e que no Zimpeto há pessoas para a prática da natação.”

Dezanove pessoas com  conjuntivite hemorrágica complicada estão internadas no Hospital Central da Beira. A complicação está  directamente ligada a tratamentos caseiros, com base em mitos, como  é o caso do uso da urina para lavar os olhos, água com espuma de sabão ou ainda líquido extraído da moringa e maçaniqueira.

“O uso destas substâncias cria maior irritação nos olhos que vão roendo a córnea gradualmente, provocando feridas, por perfuração  aumentando a inflamação”, explica Abel Polazi, médico oftalmologista do Hospital Central da Beira.  

A deficiente higiene individual e colectiva  estão a contribuir, por outro lado,  para o aumento de casos de conjuntivite na cidade da Beira, o que leva o sector a considerar preocupante estes casos pois, parte dos doentes  terão sequelas para o resto da vida.  

Face ao aumento dos casos de conjuntivite e de complicações, quais são as medidas que devem ser tomadas por todos?, perguntámos ao Médico.

“Qualquer infecção nos olhos, mesmo que não seja conjuntivite hemorrágica, qualquer doente deve recorrer imediatamente a uma unidade sanitária para serem avaliados”, respondeu Polazi.  

Para os que passarem a serem atendidos de forma ambulatorial, devem remover com rigor as secreções nos olhos. “Pode ser num intervalo de uma ou de duas em duas horas, lavar os olhos com água limpa e de preferência gelada para quem puder, pois a água gelada ajuda a combater a inflamação. 

Os doentes devem igualmente lavar os olhos e as mãos com água e sabão. Não estamos a dizer para meter a espuma do sabão dentro dos olhos. O doente deve fechar os olhos e lavar a parte externa”.  Importa referir que nos últimos sete dias,  mais 400 profissionais de saúde contraíram a conjuntivite hemorrágica, totalizando 630 desde 28 de Fevereiro. 

Os dados oficiais indicam que, até esta segunda-feira, cerca de 3200 pessoas foram infectadas pela referida doença na cidade da Beira. 

O Instituto Nacional de Estatística diz estar a travar dificuldades para ter  acesso aos agregados familiares residentes em  condomínios para a recolha de dados, o que pode comprometer o censo da população em 2027. Em Cabo Delgado, o INE diz estar a implementar o método representativo para com os deslocados. 

As dificuldades de acesso aos agregados familiares se deve às restrições impostas por questões de segurança nos condomínios. A situação limitou a colecta de dados do inquérito demográfico de saúde, IDS 2022-2023, e o Instituto Nacional de Estatística teme o pior nos próximos censos.

“Nós enfrentamos dificuldades até em áreas nobres que achávamos que pudéssemos encontrar mais compreensão por parte dos fornecedores de informação, porque entendemos que são pessoas com certo nível de escolaridade e de compreensão, mas entendemos que não podemos desistir por causa de dificuldades”, disse Alexandre Marrupi, director nacional de Censos e Inquéritos no INE.

Para o Instituto Nacional de Estatística, a solução passa por criar grupos de contacto entre o INE e os condôminos.

“Estamos a pensar em fazer um pacto, um tipo de memorando, em conversa com eles, os chefes dos condomínios, no sentido de, por exemplo, indicar alguns condôminos idôneos, da confiança deles, para que sejam preparados pelo INE  para poderem fazer a recolha de dados dentro dos seus condomínios”, sugere Marrupi.

A situação do terrorismo em Cabo Delgado também é uma preocupação  para o INE, que diz preparar-se para a realização do quinto censo geral da população em 2027.

“Na questão de Cabo Delgado, nós temos uma população deslocada de forma massiva para as áreas mais seguras da zona sul da província, e considerando que transportam o seu estrato social e seu hábitos culturais consigo para onde se encontram actualmente e tendo respondido às questões que lhes foi colocado, então estes são representativos”, afirmou a nossa fonte.

Os dados do Inquérito Demográfico de Saúde 2022-2023 serão lançados dentro de duas semanas, após o último publicado em 2018. 

Pelo menos 20 pessoas estão desaparecidas, depois de terem caído na água, na sequência do desabamento da ponte Francis Scott Key, em Baltimore, nos Estados Unidos da América. A ponte foi atingida por um navio cargueiro.

“Sabemos que há até 20 pessoas no rio Patapsco neste momento, bem como vários veículos”, disse Kevin Cartwright, do Corpo de Bombeiros de Baltimore, à televisão CNN.

As pessoas desaparecidas são supostamente passageiros de veículos que atravessavam a ponte Francis Scott Key quando o cargueiro colidiu com um dos pilares centrais, destruindo-o completamente.

As baixas temperaturas (na ordem dos 9 graus) estão a fazer as autoridades temerem pela vida das pessoas que caíram, devido ao risco de hipotermia.

Cerca da 1h30 (07h30 em Maputo), uma grande embarcação embateu na ponte, situada na cidade de Baltimore, no leste dos Estados Unidos, incendiou-se antes de se afundar, levando vários veículos que circulavam na ponte a cair na água, de acordo com um vídeo publicado nas redes sociais.

O presidente da Câmara, Brandon M. Scott, e o responsável da região de Baltimore, Johnny Olszewski Jr., disseram que o pessoal de emergência estava a responder e que os esforços de socorro estavam em curso.

O acidente foi classificado como um “evento de vítimas em massa em desenvolvimento”

A ponte Francis Scott Key foi inaugurada em 1977.

Trata-se de um professor da Escola Secundaria 25 de Setembro, na Vila de Homoíne, província de Inhambane,  que no passado dia 2 de Dezembro, terá forçado uma adolescente de 16 anos de idade a manter relações sexuais como condição  para passar de classe. 

A adolescente e a família não  aceitaram falar à imprensa, mas contaram ao Serviço Nacional de Investigação Criminal (SERNIC) que aquela não foi a primeira tentativa de se aproveitar sexualmente da vítima. 

A rapariga não cedeu à “chantagem” e reprovou de classe. Em Dezembro passado, enganada pelo mesmo, a rapariga foi ao encontro do professor para alegadamente ter aulas de explicação, mas o que aconteceu foi outra coisa.

Na noite do mesmo dia, os pais da rapariga acabaram descobrindo o que aconteceu e foram apresentar o caso à Polícia. As autoridades confirmaram o crime, depois de um diagnóstico médico.

Depois de confirmada a violação, o professor acabou detido, mas solto, no dia seguinte. O professor não só foi solto 72 horas depois de sua detenção, como também continua a trabalhar na mesma escola onde a rapariga violada está a estudar.

A Procuradoria Provincial da República de  Inhambane publicou um comunicado de impressa no qual faz saber que registou um caso de assédio sexual na Escolas Secundária 25 de Setembro de Homoine, ocorrido no dia 2 de Dezembro de 2023, no qual um professor de 32 anos de idade teria convidado uma menor de 16 anos de idade, por sinal sua aluna, para um encontro alegadamente para tratar assunto relacionados com ensino e aprendizagem. 

No referido documento, o Ministério Público diz que, após a denúncia, foi aberto processo-crime e tendo sido instruído com arguido em liberdade, mediante Termo de Identidade e Residência.

O referido professor foi constituído arguido, indiciado pela prática dos crimes de actos sexuais com menores, previsto e punível pelo nrº 1 do artigo 203, e assédio sexual, previsto e punido pelo nrº 1 do artigo 205, ambos do Código Penal.

Terminada a instrução, o professor foi acusado pela prática dos crimes acima mencionados.

“Nos termos das alíneas a) e b) do número 1 do artigo 333 conjugado com nr. 5 do artigo 331, ambos do Código de Processo Penal, o arguido e o assistente foram notificados da acusação e findo o prazo legal os mesmos não apresentaram requerimento para abertura da audiência preliminar. O processo foi remetido ao Tribunal Judicial do Distrito de Homoine para trâmites subsequentes”, lê-se no documento.

E mais: “O Ministério Público, no cumprimento do seu dever plasmado na alínea g) do nrº 2 do artigo 126 da Lei nr 1/2022 de 12 de Janeiro (Lei Orgânica do Ministério Público), informou aos superiores hierárquicos dos arguidos de que contra eles foi instaurado processo crime de modo a prevenir a continuação da actividade criminosa, tendo descrito e diz que continuará de forma intransigente a defender os interesses dos menores, e intensificar as medidas de prevenção nas escolas”.

Os ataques aéreos de Israel e os confrontos com militantes do grupo islamita palestiniano Hamas continuam hoje na Faixa de Gaza, apesar de o Conselho de Segurança da ONU ter exigido um cessar-fogo imediato.

O Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas, disse ter registado 70 mortos esta madrugada, incluindo 13 em ataques aéreos perto da cidade de Rafah, no extremo sul do enclave, onde 1,5 milhões de palestinianos procuraram refúgio dos confrontos.

Citadas pela Lusa, as Forças de Defesa de Israel disseram que vários alertas foram emitidos perto de Gaza devido ao lançamento de foguetes por parte de militantes palestinianos.

O Conselho de Segurança da ONU adoptou, na segunda-feira, uma resolução proposta pelos 10 Estados-membros eleitos que exige um cessar-fogo imediato em Gaza durante o período do Ramadão. O texto recebeu 14 votos a favor e uma abstenção dos Estados Unidos.

Depois de mais cinco meses de guerra entre Israel e o Hamas na Faixa de Gaza, esta foi a primeira vez que o Conselho de Segurança conseguiu aprovar uma resolução relativamente a um cessar-fogo no enclave, dado que vários projectos foram consecutivamente vetados.

Entretanto, Washington defende que a resolução “não é vinculativa”, apesar de vários diplomatas garantirem o contrário.

Ainda assim, o gabinete do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, disse que a abstenção norte-americana, que permitiu a aprovação da resolução, “prejudica os esforços de guerra e para a libertação dos reféns” detidos pelo Hamas, organização que vários países, incluindo Israel, EUA e União Europeia, consideram terroristas.

A Administração Regional das águas do Sul, (ARA-Sul), apela a retirada urgente da população que reside exerce suas actividades nas zonas baixas do Rio Umbelúzi, no distrito de Boane, província de Maputo.

Trata-se de um alerta que surge na sequência da previsão da ocorrência de inundações, devido ao incremento das descargas na barragem dos Pequenos Libombos.

Ontem a Administração Regional das águas do Sul, incrementou os níveis de descargas na barragem dos Pequenos lLibombos, de 50 para 100 metros cúbicos de água por segundo, visando criar capacidade de encaixe na albufeira.

O facto é que neste momento a barragem dos Pequenos Libombos, está com cerca de 96 por cento do nível de armazenamento, numa altura em que há registo de fortes precipitações na zona de afluência do rio Umbelúzi.

Com as descargas que estão a ser feitas desde ontem na Barragem dos Pequenos Libombos, espera-se que para além das inundações nas zonas baixas do Rio Umbelúzi, haja registo de condicionamento na travessia dos drifts de Umpala e Mazambanine, tal como explicou a chefe do Departamento de Recursos Hidricos, na Ara-Sul, Lizete Dias.

Nas últimas 24h00, a província de Maputo registou fortes precipitações em quase todos os distritos, o que está a provocar situações de inundações e intransitabilidade.

Município da Matola apoia vítimas das indundações

Na cidade da Matola, província de Maputo, o Conselho Municipal acaba de disponibilizar centros de acolhimento em três postos administrativos, para acolher famílias fortemente afectadas pelas chuvas intensas que continuam a cair.

Trata-se de centros localizados no Instituto Industrial da Matola no posto administrativos Matola-Sede, Igreja Assembleia de Deus, Escola Primária Muchisso e Escola Primária Completa 8 de Marco, na Machava, Comité de Círculo de Nkobe e Escola Primária Completa do Intaka no posto administrativo de Infulene.

Naquela manhã, Geremias Mendoso chegou ao estúdio da Stv meio tímido. Mal nos conhecíamos, mas tínhamos a mínima ideia um do outro. A primeira vez que li os seus textos foi na quarta edição do Prémio Literário Fernando Leite Couto, no qual tive o privilégio de ser um dos membros do júri. Apaixonei-me pela sua escrita trágica e hilariante, simples e densa, sensível e acutilante. Também por isso, foi difícil encontrar apenas um vencedor do concurso. Para se desembaraçar da situação, o júri escolheu dois vencedores: Maya Ângela Macuácua e Geremias Mendoso, um jovem simpático, mas sereno, com alma de escritor, mas humilde. Quando chegou ao estúdio, naquele nosso último encontro, mal acreditava que tinha vencido mais um prémio literário. Pelo contrário, caminhava como se pedisse autorização para pisar o chão. Parece que foi ontem, mas, de repente, eis que uma mensagem do seu editor, Celso Muianga, chega a informar-me: “Cumpre-me o doloroso dever de anunciar a morte do escritor Geremias Mendoso, vítima de acidente de viação”. Nunca mais nos encontraremos com Geremias Mendoso, nunca mais falaremos de literatura e destas coisas que escolhemos fazer com ele. A mim cabe lembrá-lo com a seguinte entrevista, feita nos estúdios do programa Artes e Letras, a propósito do livro laureado no Prémio Literário Fernando Leite Couto, em 2022.

 

Como é que se explica que os seus primeiros dois livros tenham logo conquistado prémios literários?
Foi uma surpresa, para mim, não esperava… Eu escrevi esses dois livros da mesma maneira. Ambos têm umas sequências entre o trágico e o hilariante. A ideia de escrever Quando os mochos piam está ligada a outro livro, O gato que chora como pessoa. Em África, esses dois animais, o mocho e o gato, anunciam tragédias. Por exemplo, a morte de um parente ou de alguém que conhecemos. Neste livro, Quando os mochos piam, uso o mocho como narrador dessas histórias.

Escrveu Quando os mochos piam para concorrer ao Prémio Fernando Leite Couto?
Não, não fiz isso. Não costumo escrever para concorrer a um prémio. É o que sempre digo. Os prémios são acidentes de percurso.

Mas no seu caso não parece um acidente de percurso, mas uma regra, já que venceu dois prémios com os seus dois primeiros livros…
Eu escrevi Quando os mochos piam em 2020, depois de ter publicado O gato que chora como pessoa, o que aconteceu em pouco tempo. Depois guardei, como tenho feito. Este livro, praticamente, estava em baixo da almofada.

Porquê?
As possibilidades de publicação, muitas vezes, são difícies e, em Nampula, até onde sei, não há uma editora a funcionar. Então, escrevi esse livro e guardei, mas sempre que pudesse, fazia a revisão ortográfica e gramatical, eliminando as inconsistências e algumas coisas que eu achava pertinente. Só depois é que soube, pela internet, que havia o concurso literário. Aí a primeira coisa que fiz foi revisitar o livro, e vi que reunia os requesitos exigidos pelo concurso. E submeti o livro.

Como é que o livro acontece?
Quando os mochos piam acontece de uma forma triste e alegre ao mesmo tempo. Escrevi este livro na margem da mágoa.

Como se estivesse a rir das nossas próprias desgraças?
Exactamente! Temos a parte da diversão e da tristeza. Mas o que eu pretendo é dar a conhecer aos moçambicanos e ao mundo a nossa tradição e aquilo que as pessoas não sabem sobre Moçambique. Gostaria que este livro viajasse pelo mundo e fosse lido por aqueles que não sabem que Moçambique existe.

Tal como no seu primeiro livro, neste Quando os mochos piam também temos um conto com um gato na origem da personificação…
Dá-me muito prazer fazer isso e acho que é uma forma de dizer que os animais estão muito presentes na minha criação.

E Quando os mochos piam é uma forma de mergulhar na alma humana, de modo a retirar de lá algumas virtudes e algumas imperfeições. Como é trabalhar o espírito humano nesse sentido e o que isso exige de si?
Eu quis fazer com que, nos que lêem, a maldade deixasse de fazer sentido. Essa minha pretensão se evidencia, sobretudo, no conto “O vizinho”, que retrata um homem pobre e que, de repente, enriquece. A certa altura, há uma personagem que diz: “Não se pode combater a riqueza absoluta isolando os pobres”.

Isso faz-me lembrar o texto “Sapatos do outro homem”, sobre desconfianças entre casais e coisas assim. Temos um homem que encontra sapatos masculinos no quarto e conclui que a mulher o traiu. Não se conforma com isso, mas nada pergunta à mulher. Mais tarde, a personagem experimenta grandes reviravoltas por causa da sua desconfiança. O que quis fazer desse conto?
Quis retratar essa mania que temos de não gostarmos de perguntar certas coisas. A dúvida é importante e, como dizia um certo filósofo, a dúvida é o princípio da sabedoria. Então, sempre que tivermos uma dúvida, é importante perguntarmos àqueles que estão perto de nós. É muito importante saber.

Este livro também tem uma componente comunitária. Conseguimos sentir as pessoas, os casais, os vizinhos e etc. Isto exige muita capacidade na activação dos seus sentidos?
Exacto. Eu escrevo histórias e gosto de tratar dos factos dessas histórias com sensibilidade. É isso que me caracteriza. Sobre os vizinhos, acabo por me aperceber de alguns acontecimentos que marcam a minha vida e que os registo em forma de histórias. As histórias já existem, o que importa é o que vem depois disso. Afinal a ficção é feita com base na realidade e a realidade também pode existir com base na ficção.

No dia em que foi anunciado como um dos vencedores do Prémio Fernando Leite Couto, esteve na fundação que organiza o concurso. O que lhe ocorreu minutos antes e depois que o presidente do júri, Francisco Noa, pronunciou o seu nome?
Foi uma surpresa, porque eu não esperava. Às vezes, fazemos as coisas e não esperamos pelo resultado. Quando a organização me ligou para comparacer na cerimónia, na altura, disse-me que eu era um dos finalistas. Então, julguei que iria participar na cerimónia nessa condição de finalista.

E ter sido pago uma passagem de Nampula para Maputo não lhe sugeriu nada?
Nada. Foi mesmo uma surpresa e gostei ainda do facto de sermos dois vencedores. A Maya [Ângela Macuácua] me salvou dessa turbulência e gosto do romance dela. Ela escrve muito bem!

O livro foi mais escrito a chorar ou a sorrir?
Escrevi a sorrir e a chorar ao mesmo tempo. Nada pesou amais. O que faço é, sempre que escrevo um livro, depois encontro um momento para rever. E quando falo de revisão, não é algo apenas linguístico, pois não devemos fazer com o texto aquilo que não é bom. Então, temos que retirar ou incluir alguma coisa.

O que espera de Quando os mochos piam?
Espero que, como todos os livros, que seja lido e viaje para todo o país e as pessoas conheçam a cultura através do livro.

A cultura pode continuar a ser essa ponte que nos leva a algum horizonte?
Pois, porque o autor pode não estar em algum lugar, mas o livro lá chegar.

Neste livro temos Nampula muito presente. Como é que a sua cidade tem contribuído para a sua escrita?
É uma agrande referência porque foi de lá que comcei tudo. Em Nampula há muita coisa que não é conhecida. A Ilha de Moçambique é mais conhecida do que Nampula. A cidade, na verdade, passa a ser conhecida, um bocado, porque as pessoas têm de passar de lá quando vão a Ilha. Nampula me construiu, como pessoa, e deu-me uma visão diferente de Moçambique e de África. Sempre será um lugar de referência e é por isso que a cidade está na minha escrita, mas com uma preocupação universal.

Quer construir-se como contista?
O conto não é o primeiro género literário que explorei, mas a poesia. Eu tenho um livro de poesia que ainda não foi lançado. Comecei a escrever poesia e, depois, migrei para outros géneros, incluindo romance e crónica. Então, não quero fazer apenas uma coisa. É preciso fazer muitas coisas para não fazer nada.

É esse o seu lugar, a literatura na sua pluralidade?
Exactamente! A literatura na sua pluralidade.

Sugestões artísticas para os leitores do jornal O País?
Sugiro Terra sonâmbula, de Mia Couto, Orgia dos loucos, de Ungulani ba ka Khosa, Novos contos da montanha, de Miguel Torga, O meu pé de laranja Lima, de José Mauro de Vasconcelos.

 

Perfil
Geremias José Mendoso nasceu no dia 22 de Agosto de 1996, na Cidade de Nampula. É enfermeiro licenciado pela Faculdade de Ciências de Saúde da Universidade Lúrio. Tem também uma formação em Primeiros Socorros e em Epidemiologia de parasitas oportunistas. Publicou O gato que chora como pessoa e Quando os mochos piam.

 

 

 

 

O Presidente da República, Filipe Nyusi, felicitou, hoje, o primeiro-ministro da República Portuguesa, Luís Filipe Montenegro Cardoso de Morais Esteves, pela indigitação para o cargo de Primeiro-Ministro da República Portuguesa.

Na sua mensagem, o Chefe do Estado afirma que a indigitação de Luís Montenegro para a nobre função de primeiro-ministro daquele país, evidencia a confiança que o povo e a direcção máxima da República Portuguesa depositou nele para conduzir os destinos da nação portuguesa nos esforços visando a prossecução da agenda de desenvolvimento.

“Estou certo, que durante o vosso mandato continuaremos a consolidar as nossas relações de amizade e cooperação, abrindo novas perspectivas e prioridades em áreas de interesse mútuo para o bem-estar dos nossos povos”, diz a mensagem do estadista moçambicano.

O Presidente Nyusi demonstra, na sua carta, a sua disponibilidade para trabalhar com Portugal e, particularmente, com o seu governo, quer no aprofundamento das relações bilaterais, quer das relações multilaterais no âmbito das organizações internacionais.

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