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Pacheco discursa na ONU e insiste na celeridade da ajuda para reconstrução pós-ciclones

O ministro dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, José Pacheco, disse, sábado, na 74ª Sessão da Assembleia Geral da ONU, que o Governo continua empenhado na mobilização de fundos para a reconstrução pós-ciclones. O governante pediu maior celeridade no desembolso da ajuda prometida em Maio passado, na Cimeira Internacional de Doares, realizada na cidade da Beira, em Sofala.

O ministro aproveitou a ocasião para reiterar o agradecimento de Moçambique a todos os parceiros bilaterais, multilaterais e a outras entidades pelo apoio multiforme prestado aquando dos ciclones Idai e Kenneth, que devastaram as regiões centro e norte, em Março e Abril deste ano. Sublinhou ainda que a zona sul do país “continua a ressentir-se dos efeitos da seca e do ciclone Dineo que ocorreu em 2018”.

José Pacheco deixou transparecer que os 1,2 mil milhões de dólares norte-americanos (ao todo o Governo precisa de 3,2 mil milhões de dólares) prometidos na Conferência Internacional de Doadores ainda não foram desembolsados na totalidade.

“O nosso Governo continua empenhado na mobilização de recursos para suprir o défice de financiamento de reconstrução” pós-ciclones. Em nome do Executivo, o ministro reiterou a “prontidão para continuar a trabalhar com os parceiros visando imprimir maior celeridade ao processo de desembolso da ajuda prometida”.

Sobre as mudanças climáticas, o governante falou do empenho das autoridades no “reforço das medidas de adaptação e resiliência” e disse haver consciência de que “os desastres naturais, induzidos pelo clima, se tornaram fenómenos recorrentes”.

Nesse sentido, Moçambique é considerado, por alguns cientistas, o segundo país do mundo mais vulnerável aos efeitos das mudanças climáticas, por conta da sua localização geográfica, afirmou Pacheco, destacando que os ciclones Idai e Kenneth “são prova disso”.

 

Desigualdades e miséria no mundo

A respeito, Pacheco começou por referir que o multilateralismo ainda é “o mecanismo privilegiado de debate de ideias, concertação e forja de consensos”, mas há “um défice crescente de confiança entre as nações”.

Aliás, a 74ª Sessão da Assembleia Geral da ONU “realiza-se num momento em que o mundo testemunha o recrudescimento de tensões políticas geo-estratégicas e comerciais, dos efeitos das mudanças climáticas, do aumento de desigualdades entre estados e no acesso aos serviços sociais básicos de qualidade essencial” susceptíveis de sustentar um “padrão de vida digna”.

De acordo com Pacheco, a África Subsaariana, onde Moçambique se situa, é um exemplo inequívoco dos problemas que enumerou, uma vez que continua a ser a região na qual ainda há maior número de pessoas desfavorecidas com: “baixa renda, reduzido acesso à educação, saúde, alimentação, água e saneamento, bem como fraco desenvolvimento de infra-estruturas económicas e sociais, que são indutoras do desenvolvimento sustentável”.

Discursando nas Nações Unidas, sobre a “erradicação da pobreza”, em representação do Chefe de Estado Filipe Nyusi, ministro dos Negócios Estrangeiros e Cooperação disse que a problemática da pobreza é um desafio para todos os estados e galvaniza as agendas globais, particularmente a “Agenda 2030, para o Desenvolvimento Sustentável”.

Para a materialização dos objectivos definidos nesse programa, Moçambique defende, de acordo com Pacheco, a relevância e observância do princípio de responsabilidade comum, mas diferenciada, e a importância de os parceiros respeitarem os compromissos no quadro dos objectivos internacionalmente acordados, incluindo a previsibilidade dos fluxos de assistência dos parceiros nos termos da Declaração de Paris, sobre a eficácia da ajuda ao desenvolvimento.   
 

Violência extrema

Moçambique está preocupado com a prevalência de acções ligadas ao fundamentalismo e extremismo violento, à proliferação e ao comércio e armas, mormente as de destruição massiva e as de pequeno e ligeiro porte, disse Pacheco, para quem esta situação ameaça a paz e a segurança nacional, regional e global.
Por isso, o país apoia quaisquer iniciativas com vista a conter esses males, daí que reitera o seu apoio ao secretário-geral da ONU, António Guterres, na reforma do sistema das Nações Unidas, na vertente da “paz e segurança (…)”.
E Moçambique considera que a reforma do Conselho de Segurança “é um objectivo incontornável para prevenção e gestão de conflitos”.

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