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“Os jovens devem conhecer a África”, José Maria Neves

O primeiro painel de MOZEFO Young Leaders teve como principal orador o antigo Primeiro-Ministro de Cabo Verde, José Maria Neves, quem dissertou sobre “Participação da juventude no processo de desenvolvimento do país”. Sobre o tema proposto, José Maria Neves disse que um dos grandes desafios para o jovem africano é acreditar em África, o que só pode ser possível se a juventude conhecer o continente que ainda é um mistério. Depois de se conhecer o continente, explicou o antigo Primeiro-Ministro cabo-verdiano, aí sim, avança-se para a dimensão de se conhecer também o país a que se pertence.

Na sua intervenção, José Maria Neves enfatizou a necessidade de os jovens aprenderem a sonhar para, depois, concretizar o que for necessário no país, algo que não deve ser feito com passividade: “É preciso sermos rebeldes e ter a capacidade de interrogar as coisas, o jovem deve ser proactivo e fomentar as coisas. É preciso criar e inovar para motivar mudanças positivas, com transformação. E transformar é uma autêntica reengenharia das organizações”, defendeu Maria Neves, sendo ainda mais incisivo. “Não devemos ter medo de posicionamentos divergentes, porque a unanimidade é burra. É das diferenças que emergem possibilidades de transformação. E para a transformação dos países temos que ser radicalmente inclusivos”.

Recorrendo à literatura sobre Kwane Nkrumah ou filme sobre Nelson Mandela para reforçar o seu posicionamento sobre como os jovens devem se impor, Maria Neves considerou que ser justo é importante para quem governa. E ainda referiu-se à condição do género e a melhor forma de criar oportunidade para os jovens: “dar-lhes a possibilidade de terem conhecimento, a educação”.

Na óptica do antigo Primeiro-Ministro de Cabo Verde, a África é um continente rico. “O Criador foi muito generoso com o continente. As coisas que aconteceram depois são da responsabilidade dos homens: a escravatura, o colonialismo e extracção das riquezas de África para enriquecer o mundo, às vezes com a nossa cumplicidade. Mas África está em grande desenvolvimento”. Por isso, apelou para que a juventude seja generosa em relação à dimensão da criação do continente, referindo-se a alguns jovens que no passado foram generosos com África, como Mondlane, Samora Machel, Marcelino dos Santos, Amílcar Cabral. “E qual é a dose da nossa generosidade hoje, como jovens? Não precisamos pegar em armas como eles, mas de trabalhar para desenvolvimento dos nossos países, com entrega e busca de novos hábitos mentais, porque, às vezes, o desenvolvimento é uma questão de atitude. A África deve investir forte nas universidades”.

Já no fim da intervenção, José Maria Neves felicitou o MOZEFO Young Leaders, por ser um espaço profícuo para a construção de Moçambique.

O painel contou com a moderação de Rutília Microsse, da Plataforma Jovens Líderes.

 

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