O País – A verdade como notícia

“O Sacrifício da Liberdade”: depoimentos dos que lutaram por Moçambique

No ano em que se celebram 54 anos depois do início da luta armada, a história da mesma é contada por pessoas que deram a sua juventude pela independência em Moçambique. “O Sacrifício da Liberdade”, obra lançada esta segunda-feira em Maputo, tem depoimentos de veteranos como Alberto Chipande, Deolinda Guezimane, Eduardo Nihia, Feliciano Gundana, Graça Machel, Joaquim Chissano, Lopes Tembe, Marina Pachinuapa, Mariano Matsinha, Óscar Kida, Óscar Monteiro, Raimundo Pachinuapa.

Em “O Sacrifícios da Liberdade”, os antigos combatentes transformam a sua memória individual em conhecimento colectivo sobre o que passaram na busca pela independência.

Durante a apresentação da obra, Teodoro Waty referiu que “A nossa República Popular nasce do sangue do povo”, por isso, o objectivo central da obra é homenagear àqueles que lutaram pela libertação do país, para além de dar a conhecer aos mais jovens os detalhes da história de Moçambique, contados na primeira pessoa.

Para Waty, o título da obra só foi possível “porque existe um Moçambique em liberdade, cuja independência foi conquistada por sacrifício voluntário dos jovens”.

Já o ministro dos Combatentes, quem fez o lançamento oficial da obra que sai sob chancela do seu ministério em colaboração com a Universidade Eduardo Mondlane, enalteceu o papel dos fazedores da liberdade nacional e não deixou de mencionar o esforço do Chefe de Estado na busca pela paz. Eusébio Lambo refere que a luta de libertação nacional foi um instrumento vital para mobilizar a população na luta pela independência. No entanto, recorda que só se chegou a esse ponto depois de esgotadas todas as possibilidades de uma negociação pacífica.

Na cerimónia de lançamento do livro, no salão nobre do Conselho Municipal de Maputo, vários excertos dos depoimentos que o livro contém foram recitados. Aliás, para a concretização da obra, os depoentes tiveram de responder a duas questões: a experiência do colonialismo e os momentos marcantes. Sobre estes momentos, dos excertos recitados, ouviu-se a frustração de Joaquim Chissano por não ter estado nas exéquias de Eduardo Mondlane; “…Quando voltei para a cidade, fui preso, por ter sido o primeiro não oficial militar ou da Polícia a aparecer na cena do crime. Lamentei muito não ter podido participar no enterro de Mondlane. Ainda hoje, penso que podiam ter-me deixado assistir ao funeral e depois levavam-me de volta à cela, caso achassem necessário”, conta na obra.

Deolinda Guezimane, presente no lançamento, ouviu o seu depoimento no livro: “Não havia mulheres, havia combatentes. Despertei para a luta aos 15 anos, através da música que exigia ao colono que abandonasse o país…e da canção à luta foi um passo”.

Terminada a parte da apresentação da obra, Lambo entregou exemplares a alguns dos combatentes presentes na cerimónia.

Na qualidade de um dos patrocinadores da obra, o BCI diz tê-lo feito para ajudar a perpectuar a história de Moçambique.

E porque o objectivo do livro é também fazer chegar a história de Moçambique aos mais novos, o Millennium bim ofereceu exemplares à Escola Secundária Paulo Samuel Kankhomba e refere que fará o mesmo a outros estabelecimentos de ensino.

A recolha de dados para a obra “O Sacrifício da Liberdade”, que iniciou em Setembro de 2017, levou cerca de quatro meses. As pesquisas foram encabeçadas por investigadores da UEM.

 

Partilhe

RELACIONADAS

+ LIDAS

Siga nos