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“O que quero é atingir o pico da minha expressão artística”, Tégui

Tem dois discos lançados, Namasté e Eleven. Nasceu em Maputo e faz da música um mecanismo de descoberta e partilha de emoções. Está ainda no princípio do seu percurso artístico, mas sabe bem o que quer: atingir o pico da sua expressão artística e acrescentar à música nacional a sua perspectiva criativa.

É uma das vozes mais sugestivas que se podem ouvir em Moçambique. Cantora e compositora, Tégui é autora do disco Eleven, publicado ano passado, pela internet, e, desde este ano, disponível em formato físico. Constituído por oito músicas, o disco é, na verdade, uma síntese de como a autora vê o mundo, com a dimensão universal que a seduz.

Mesmo sendo o seu segundo disco, Tégui explica que Eleven é ainda um processo de descoberta, afinal na natureza em geral nada é infinito, tudo se transforma. “Eu não acordo todos os dias iguais, e a Humanidade está sempre a mudar. O que eu quero mesmo é atingir o pico da minha expressão artística, mas sem estar numa caixa onde fico confinada”.

Para Tégui, a música produz-se sem se pensar nos resultados ou no impacto que possa ter, pois correria o risco de desperdiçar alguma naturalidade, que considera importante. “A minha forma de criação é muito orgânica. A técnica é uma preocupação que vem muito mais tarde”.

O processo criativo de Eleven começou com instrumentais fornecidas pelos produtores com quem a cantora trabalhou, nomeadamente: Tony Bird, KEYbeatz, PIZZAW/Pinapples, J.Mc.Edwins e Origimoz. Depois de assimilar as instrumentais, a cantora trabalhou na composição consoante as particularidades das sonoridades. Ou seja, Tégui quis construir as narrativas por cima da criação dos produtores, pois das vezes que fez o contrário as coisas não saíram como pretendia. Por isso, nos próximos tempos, a artista quer aprender a tocar guitarra, piano e flauta, de modo a ampliar a sua capacidade de criação. Além disso, há outro desejo: “Gostaria de acrescentar à música moçambicana a minha perspectiva. Quero mostrar que existem outras formas de fazer música, inclusive em Moçambique, porque temos muito talento alternativo no país. Por exemplo, uma das pessoas com quem colaborei neste disco é Guto, que considero o melhor cantor moçambicano, pelo menos dos que são próximos de mim”.  

A primeira música gravada do Eleven, todo produzido em Moçambique, foi “Au revoir” e a mais difícil “Open for you”, pois a cantora teve de estudar muito para a fazer, alternando a sua maneira natural de colocar a voz. “A escrita também não foi fácil, porque o beat é inconstante”, acrescentou, realçando que o que mais gosta na arte musical é o acto da composição, até porque também escreve poemas. “Por exemplo, a música que dá título ao disco começou com um poema. “Também gosto de actuar ao vivo. O que não aprecio é o trabalho de estúdio. Acho o estúdio um pouco claustrofóbico”.

Tégui cresceu a escutar música porque o pai é grande coleccionador de discos. O seu interesse pelas artes em geral despertou quando tinha 10 anos de idade. Nessa altura, entretanto, a menina não sabia que era boa de canto. Quando tinha 11 anos, os elogios começaram a chegar. Primeiro foi uma amiga, e, depois, mais pessoas notaram-lhe o talento. Aí percebeu que se calhar poderia levar a música a sério. Em 2011, Tégui entra para o seu primeiro grupo, depois de uma prima que também canta a levar pela primeira vez a um estúdio, onde aprendeu como as coisas funcionam.

Tégui é o pseudónimo de Silke Teresa Guilamba, que nasceu a 16 de Setembro de 1993. Em 2016, a cantora lançou o seu primeiro disco, intitulado Namasté, uma forma de cumprimentar e de se anunciar oficialmente ao público. Segundo a autora, o EP foi produzido num contexto silencioso e calmo, dentro de um espaço muito íntimo e pessoal, “em momentos em que contemplei e questionei o cenário da minha vida”. Por fim, o título Eleven, onze em português, surge como somatório dos algarismos que compõem 2018, o ano em que a obra musical ficou pronta.   

 

 

 

 

 

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