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O Mundial e o$ novo$ valore$

1958, Suécia. Brasil campeão, Pelé, aos 17 anos, revelação da prova e, consequentemente, o melhor do Mundo.

1962, Chile. Masopust, jogador checo, foi para a montra, tornando-se a revelação-mor.

1966, Inglaterra. Eusébio, estrela recém-vinda da Mafalala, deixou boquiaberto todo o planeta.

Naqueles tempos, a grande montra do futebol, era o Mundial. De quatro em quatro anos, “parava tudo” para atender ao valor mais sublime, que era chegar ao título mundial. Para trás, ficavam as diferenças clubísticas, as perspectivas de chorudos contratos e todos os demais feitos dos clubes aos vários níveis, ofuscados pelo bem maior que era levar a Taça Jules Rimet.
Os calendários, os longos estágios e todas as outras agendas, eram hierarquizados de forma a dar primazia àquela que era a montra verdadeiramente universal!

O que mudou

No Mundial da Rússia, o melhor da prova sairá de um “naipe” que não pode fugir a Ronaldo, Messi, Neymar, Pogba ou outra super-estrela já bem conhecida, numa hierarquia que até tem a ver com os “chorudos” salários!
Está-se, na realidade, em presença de uma réplica das principais Ligas Europeias, com a diferença das camisolas permutadas. Dos que actuam nos países que representam, vêm apenas raríssimas excepções. Daí que este Mundial não poderá mediatizar, os já mediatizados.
São estes os sinais de novos tempos e novos ventos. Grande parte dos jogadores estão com os pés na Rússia, mas com o pensamento nos clubes, nas possibilidades de conseguirem melhores contratos. Ou com o temor de perderem as vagas. As épocas estão na forja e candidatos aos seus lugares, são mais que muitos. Representar o país, é bom, mas… o patriotismo pode esperar!
O novo patrão no desporto de competição é o dinheiro. É a ele que os profissionais devem vassalagem. Brilhar ao serviço da Pátria mas perder o lugar na equipa que o sustenta, é um cenário presente, pelo menos nos jogadores ainda sem estatuto (con)firmado.

Aldeia global

Olha-se para a selecção francesa e constata-se que a equipa é composta maioritariamente por naturalizados ou descendentes de africanos. É o que está a dar. Portugal já naturalizou Deco e agora Pepe, para cumprir uma função, não importando o “sótáque”.
O tempo é de globalização, os cifrões ditam as leis. Não é necessário nem saber cantar o Hino de um país, para o representar.
E nós por cá, na nossa pequenez, continuaremos assistentes a participar simbolicamente, sem ultrapassar as pré-eliminatórias? Tentar travar a roda do desenvolvimento, com regras saudosistas que passaram para a história nas grandes nações, é impensável. Fala-se em SAD's mas dificilmente elas sairão das intenções com  profissionalismos de “faz-de-conta”.
Importa reconhecer que o futebol em particular e os outros desportos em geral,  podem ajudar-nos a ser uma parte bem mais activa e actuante nesta ou noutras grandes montras mundiais, com  benefícios imediatos para a nossa auto-estima – e não só – algo que já tivemos o privilégio de experimentar nos tempos dourados de Lurdes Mutola.

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