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Nyusi destaca heróis anónimos na luta contra o terrorismo

O Presidente da República diz que o país celebra o dia dos heróis num momento decisivo de luta contra o terrorismo, onde os heróis anónimos de hoje perseguem e apertam o cerco contra o inimigo. Filipe Nyusi falava ontem, em Mueda, onde dirigiu as cerimónias centrais do dia 3 de Fevereiro, evento que contou com a presença do Presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa.

Mueda – o berço da luta pela independência nacional, onde a 16 de Junho de 1960, mais de 600 pessoas foram assassinadas pela administração colonial portuguesa, quando decidiram ir concentrar-se defronte do edifício da administração, exigindo a sua independência. O local, onde existe o monumento em homenagem aos mártires de Mueda, acolheu, esta quinta-feira, as cerimónias centrais do dia dos heróis nacionais (3 de Fevereiro).

Era quase final da manhã quando o Presidente da República dirigiu a deposição da coroa de flores no monumento erguido na vila-sede de Mueda, na província de Cabo Delgado, em homenagem às mais de 600 pessoas que, a 16 de Junho de 1960, foram assassinadas pelo regime colonial, quando reivindicavam a sua independência.

Com uma segurança bastante apertada, em terra e no ar (onde o helicóptero militar efectuava o sobrevoo constante de vigia), o evento contou com a presença do presidente da República da África do Sul, Cyril Ramaphosa, que concedido a palavra pelo anfitrião, disse o mais importante do passado que une os dois países, menos questões ligadas ao presente onde a África do Sul, a par de outros vizinhos da SADC tem militares a combaterem contra o terrorismo.

“Então, eu vi semelhanças e disse ao Presidente Nyusi que 16 de Junho significa um grande acordo para o povo da África do Sul e o povo de Moçambique. Em vários domínios, há vários aspectos em comum entre nós, há muito sobre o qual podemos buscar inspiração, há muito que podemos continuar a fazer em conjunto”, disse Cyril Ramaphosa.

Mueda faz parte dos distritos do Norte de Cabo Delgado vítimas do terrorismo. Mas, nesta parte, houve pronta resposta dos combatentes da Luta de Libertação Nacional e outros voluntários, que formaram a chamada Força Local, pediram armas e ajudam às Forças Armadas para lutar contra os terroristas.

Segundo jurou Fernando Faustino, secretário da ACLLIN, ao Presidente da República, esta força fará o seu máximo para estancar o terror no país. “Lutaremos sem tréguas, nem contemplações até ao último terrorista que está no solo pátrio”.

E foi mesmo a luta contra o terrorismo que corporizou parte significativa do discurso de Filipe Nyusi, mas antes houve condecoração de várias individualidades, com destaque para 230 membros da Força Local, a quem agradeceu a prontidão e salientou que, nesta guerra, também existem outros heróis anónimos.

“Comemoramos esta efeméride num momento decisivo na luta contra o terrorismo que ocorre no norte deste distrito de Cabo Delgado. Nesta luta, contamos com os heróis anónimos, os melhores filhos desta pátria que, dia e noite, junto dos outros jovens dos países da SADC e do Ruanda, entregam suas vidas para assegurar a continuidade da integridade do nosso país e o estabelecimento da paz e tranquilidade”, disse Nyusi.

Por outro lado, o Chefe do Estado garantiu que os terroristas estão a tentar em vão impedir o desenvolvimento do país.

“O signo que nos cobre é a luta que travamos contra os hediondos e sanguinários terroristas, extremistas violentos que procuram roubar-nos a liberdade e a paz duramente conquistados e tentam em vão impedir o desenvolvimento do nosso país”, sublinhou Filipe Nyusi.

O Chefe de Estado apelou aos moradores das zonas afectadas pelo terrorismo para que tivessem calma, garantindo-lhes que o Governo está a envidar esforços para devolver a vida social, paz e segurança naquela parcela do país.

“O vosso Governo está a trabalhar no sentido de criar condições para aquelas zonas, onde as Forças de Defesa e Segurança, os nossos amigos da SADC e do Ruanda libertaram, para que as populações voltem rapidamente. Reabrir hospitais, escolas, colocar água, energia, comunicações, serviços administrativos, mas a condição principal é a segurança”, disse o Presidente da República.

Três de Fevereiro de 1969 é o dia em que Eduardo Mondlane morreu na Tanzânia, vítima de uma encomenda armadilhada com bomba. Depois da independência nacional, a data foi adoptada como Dia dos Heróis.

Os últimos relatos do desempenho dos militares no Teatro Operacional Norte indicam que há avanços significativos, e fala-se de líderes abatidos, no entanto, continuam bolsas de resistência, apesar de o aperto do cerco sobre eles estar a resultar numa crise de mantimentos e munições, dado o aperto também na fronteira com a Tanzânia, de onde se suspeita que entrava fortemente a sua logística externa.

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