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Noventa e duas famílias deslocadas pelo terrorismo reassentadas em Nampula

Iniciou uma nova vida para muitas 92 famílias de deslocados de Cabo Delgado que passam a ter residência fixa em Nampula. O secretário de Estado naquela província diz que o processo não é forçado e o Governo e parceiros vão criando melhores condições na zona de reassentamento.

Cesaquiwa Omar, 18 anos de idade, carrega no colo o seu filho de 3 meses de vida, nascido no meio ao conflito que a forçou a deixar a terra natal, a província de Cabo Delgado, e buscar refúgio em Nampula, juntamente com o marido.

De poucas palavras, a jovem mãe, sente que deixou um fardo para trás e na nova terra ganhou esperança de vida. “Gostei deste sítio. Lá não tinha casa e aqui vou ter casa”. na verdade ela já tem uma “casa” provisória feita de uma tenda, num talhão dimensionado para a fixação de residências finais.

O sol era escaldante, passava do meio-dia. O centro de reassentamento da província de Nampula, localizado no posto administrativo de Corane, distrito de Meconta, registava um movimento de chegadas, de convívio e de agitação de crianças que ganhavam novamente um ambiente de família e comunitário mais tranquilo, depois de terem passado por situações de violência armada nas zonas de procedência e de certa privação de liberdades individuais plenas nos centros de acolhimento transitórios em Meconta, onde foram recebidos quando chegaram a Nampula fugindo do terrorismo.

Cada tenda montada tem capacidade para albergar uma família de cinco membros e foram montadas numa área identificada que perfaz no total 1500 hectares e as parcelas para habitação foram feitas numa dimensão de 30 por 20 metros.

“Tem lá uma tenda que está disponível transitoriamente dentro de algum tempo inicia o processo de construção de abrigo transitório por forma a libertar estas tendas e servirem para mais famílias que estejam a precisar. Naqueles locais, o ordenamento já assim se refere para cada família já tem espaço identificado para a construção de sua casa definitiva. Nós como Governo estamos a preparar os apoios para que possam realizar com sucesso esse processo de construção. Nesta fase já existem os sanitários públicos, mas vamos disponibilizar material para que cada família possa construir o seu sanit’ario”, explicou Mety Gondola, secretário de Estado na província de Nampula.

Muita coisa ainda está em construção. As tendas, essas, foram montadas faz algum tempo e esta quarta-feira iniciou oficialmente o processo de transferência dos deslocados que estavam nos quatro centros transitórios no posto administrativo de Namialo, ainda em Meconta.

Novo espaço habitacional, nova vida e planos para o futuro, é a equação que Renita António, uma das deslocadas, faz: “o meu plano, como sou camponesa, é de ir à machamba, cultivar e se conseguir alguma coisa levar os meus (cinco) filhos para estudarem”.

A distribuição de espaço para machambas faz parte do projecto de reassentamento para que as famílias aqui possam ter um meio de subsistência.

“Cada família vai receber um hectare e meio e vamos distribuir material produtivo, portanto, enxadas, catanas, semente para a produção e vamos assegurar que haja apoio, vamos disponibilizar tractores para poderem ajudar na preparação da terra”, avançou Gondola.

Até ao dia 2 de Novembro, estavam registados cerca de 34700 deslocados espalhados em 18 distritos da província de Nampula, mas nem todos serão reassentados, porque o processo não é obrigatório.

Nestes primeiros dias foram enquadradas 338 pessoas, correspondentes a 92 famílias. Duas escolas que serviam de centros de acolhimento transitório em Namialo já estão livres.

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