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Negociações complicadas entre Exxon Mobil e Governo

A petrolífera norte-americana, Exxon Mobil confirmou ontem, “ao País” a existência do impasse nas negociações com o Governo moçambicano, com vista a tão esperada Decisão Final de Investimento (DFI) na área 4, bacia do Rovuma, ainda este ano.

Um dos grandes entraves tem que ver com limite autorizado pelo Executivo de Maputo. O Governo só permite a extracção do gás naquele bloco até 12 trilhões de pés cúbicos (TCF), mas o consórcio Mozambique Rovuma Venture (MRV), cujos acionistas são a ExxonMobil, Eni e CNODC, exigem entre 21 e 22 TCF.

Esta quinta-feira, “O País” ficou a saber junto do director-geral da Exxon Mobil, que o consórcio não recua das suas pretensões, ou seja, quer extrair gás na área 4, da bacia do Rovuma, em quantidades superiores ao tecto imposto pelo Governo.

“As negociações continuam. Tanto o Governo moçambicano, assim como o nosso grupo estão a fazer a sua parte para desbloquear esse assunto. Entretanto, é nossa intenção ver aumentado o limite de extracção do gás”, revelou Jos Evens.

Sobre o cronograma do DFI, atendendo este diferendo, o director-geral daquela gigante norte-americana do sector de hidrocarbonetos, escusou avançar pormenores. Contudo, fonte segura da direcção da companhia disse que os prazos estão comprometidos.

Refira-se, que a tomada de Decisão Final de Investimento estava inicialmente prevista para primeiro trimestre de 2019, no valor de 30 biliões de dólares, mas os actuais desenvolvimentos adiaram o prazo.

Refira-se, através do consórcio MRV, a norte-americana ExxonMobil vai liderar a construção e operação das unidades de liquefação e infra-estruturas associadas, em terra (onshore), enquanto a italiana Eni irá liderar a construção e operação das infra-estruturas ‘upstream’, ou seja, de extracção do gás dos depósitos subterrâneos (jazidas), debaixo do fundo do mar, até à superfície, para depois ser conduzido até à fábrica.

Mozambique Rovuma Venture tem, para além, da ExxonMobil, Eni e CNODC que conjuntamente possuem uma participação de 70% por cento na concessão da área 4, cabendo três parcelas de 10% à coreana Kogas, Galp Energia e Empresa Nacional de Hidrocarbonetos (ENH).
O deverá começar a explorar gás natural na área 4, norte do país, a partir de 2022.

EXXON MOBIL PROCURA PARCEIROS
A firma norte-americana convidou ontem, através de um anúncio na imprensa, prestadores de serviços de aquisição de dados ambientais e geotécnicos para testar amostras em três blocos de exploração offshore (no mar): Angoche A5-B, Zambeze Z5-C e Zambeze Z5-D.

Os três blocos, situados sensivelmente na zona centro da costa moçambicana, foram atribuídos ao consórcio MRV, liderado pela Exxon Mobil durante o quinto concurso internacional de petróleo, lançado pelo Governo moçambicano, em 2014, em Londres.

A petrolífera já está presente noutro consórcio que deverá começar a explorar gás natural na Área 4, norte do país, a partir de 2022.

APOIO ÀS ORGANIZAÇÕES COMUNITÁRIAS
Fora ao “braço-de-ferro” em volta do plano de desenvolvimento do projecto da área 4, a Exxon Mobil, através da fundação, decidiu dar a mão a várias organizações comunitárias em Moçambique, ao anunciar ontem, quinta-feira, um pacote financeiro na ordem de 1.6 milhão de dólares norte americanos para 2019.

Basicamente, os fundos serão direccionados à projectos que visam promover o desenvolvimento económico da mulher, agricultura, programas de literacia e de acesso a água potável. A monitoria dos projectos está a cargo do Ministério do Género, Criança e Acção social (MGCAS).

Entre as organizações beneficiárias está a TechnoServe, a Opportunity International, a Tchova Tchova, a GrassRoots Soccer e a KickStart. As subvenções em causa irão beneficiar as comunidades das províncias de Cabo Delgado, Nampula, Zambézia, Sofala, Inhambane e Maputo.

“A Exxon Mobil está comprometida em apoiar o desenvolvimento económico e social a longo prazo. É fundamental que haja cooperação com o Governo local e central, parceiros implementadores e as comunidades anfitriãs para assegurar que estes investimentos tenham o impacto desejado”, apontou Jos Evens.

Por sua vez, Sansão Buque, director nacional-adjunto do género enalteceu a importância de plataformas de diálogo como o workshop com vista a fortalecer a cooperação entre os actores-chave e instou aos envolvidos a encontrar soluções para o bem-estar das comunidades.

Buque disse ainda que o auxílio da Exxon Mobil simboliza a vontade de melhoria de vida da população. “O donativo poderá facilitar as organizações a combater os casamentos prematuros, garantir a educação das crianças, o empoderamento da mulher e o combate a malária”, sublinhou.
 

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