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“Não se deve ter vergonha de pedir apoio contra o terrorismo”, Paulo Rangel

O eurodeputado Paulo Rangel diz que Moçambique “não deve ter vergonha nem receio” de pedir ajuda para combater o terrorismo em Cabo Delgado. Critica o alegado silêncio da CPLP e dos PALOP sobre o assunto, considera também que é impossível acabar com esta violência armada, desde 2017, sem o auxílio internacional e o país solicitou tarde o apoio logístico à União Europeia.

O deputado do Parlamento Europeu falava na terça-feira no programa “Noite Informativa” da Stv Noticias, durante o qual afirmou que “não se deve ter vergonha de pedir apoio contra o terrorismo”.

“Nós não temos que ter vergonha de pedir ajuda, se precisarmos” dela, disse Paulo Rangel, para quem a luta contra o terrorismo não se vence sozinho.

Para sustentar a ideia de que “Moçambique não tem que ter nenhum problema em pedir ajuda internacional”, o eurodeputado explicou que “países como França ou Reino Unido” com “forças militares sofisticadíssimas precisam da cooperação internacional para combater focos terroristas nas suas cidades, e que muitas vezes têm espalhado terror”.

Ainda na sua visão sobre a luta contra o terrorismo em Cabo Delgado, Paulo Rangel entende que Moçambique solicitou tarde o apoio logístico à União Europeia. “Isto tem que ser dito. Podia ter pedido ajuda mais cedo”.

Entretanto, apesar de defender que deve haver apoio internacional, Paulo Rangel considera que é preciso respeitar a soberania de Moçambique.

“E aí tem que ser o Governo a traçar os limites daquilo que pretende”, uma vez que há “sempre questões muito sensíveis” envolvidas. Isto não acontece “só para Moçambique”, mas também “com qualquer país”, sublinhou o eurodeputado.

Para o parlamentar europeu, o pedido de apoio internacional pode não ser em termos de intervenção militar directa, mas em assistência que consista no acompanhamento e aconselhamento de peritos.

Rangel justifica o seu posicionamento com as seguintes palavras: “o conflito armado é sempre complicado, porque a situação, sob ponto de vista humanitário, é de uma resolução a médio prazo, não de hoje para amanhã”.

Ainda no “Noite Informativa”, o eurodeputado lamentou a ausência de pronunciamentos de solidariedade e ajuda humanitária por parte da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP).

Países “como Portugal, Angola e Brasil, todos eles muito influentes” e que “por diferentes razões são grandes amigos de Moçambique e dos moçambicanos”, não só no que diz respeito às “relações diplomáticas, têm também interesses mútuos e podiam fazer mais. Podiam mobilizar ajuda humanitária”.

Refira-se que a Comissão dos Assuntos Externos do Parlamento Europeu agendou para esta quinta-feira um debate sobre a situação causada pelo terrorismo em Cabo Delgado.

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