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“Não é aceitável que um continente jovem como África tenha líderes com idades acima de 60 anos”

Mmusi Maimane, ex-líder da Aliança Democrática (AD), um dos mais importantes partidos da oposição na África do Sul, encoraja a massificação da participação dos jovens nos processos democráticos, bem como no esboço de políticas públicas que asseguram a materialização dos seus direitos. No MOZEFO Young Leaders, Maimane disse, numa entrevista a acompanhar a seguir na íntegra, que embora a democracia imponha limites, há sempre oportunidades para os jovens

 

Qual é a melhor forma de tomar vantagens baseadas em direitos consagrados para impulsionar a participação da juventude nos processos de tomada de decisão, assim como no estabelecimento das prioridades nas políticas nacionais?

 

Penso que estando a viver no continente africano, com países maioritariamente em desenvolvimento, dá-nos melhores oportunidades de mobilizarmos jovens. Na verdade, a idade média tende a diminuir cada vez mais. A maioria, que é mais que a metade da população africana, é composta por jovens, o que é uma boa distinção, diferente dos estados europeus ou dos outros continentes. Este factor rapidamente faz-nos perceber que a África é um continente jovem. O segundo aspecto é que acho que os nossos resultados da educação têm que melhorar para que possamos ter jovens bem formados e informados, com uma cultura de direitos humanos e a participação na defesa dos seus interesses.

Hoje, quando olho para a nossa região da SADC, vejo que o futuro está nas mãos dos líderes que estão a inovar em termos dos resultados da formação, empreendedorismo e que também trabalham com vista a fazer com que os respectivos governos prestem contas. Assim, penso que, como região os jovens podem criar uma forma para discutir as formas de criar uma “África do futuro”, um “Moçambique do futuro”, porque a prestação de contas estará na dianteira, bem como a nossa plataforma global.

Deste modo, o meu apelo é que os jovens estejam bem informados e em segundo lugar participarem nos processos democráticos. Não se aceita que África sendo um continente jovem, a maioria dos nossos líderes e presidentes tenha idade acima dos sessenta anos, por isso quero encorajar a participação dos jovens nos processos democráticos. O terceiro aspecto é que devemos lutar para a uma reforma da inclusão económica em particular na nossa região porque no final do dia não importa a posição que cada um ocupa, mas sim, que tenha um papel a desempenhar. Os jovens tem um papel fundamental a desempenhar por isso apelo para que sejam firmes nos boletins de voto e mobilizar as pessoas para que possam trazer mudanças na nossa região e finalmente no continente.

 

Quais são os passos que os jovens devem tomar para garantir a sua participação no processo de tomada de decisão?

O processo de tomada de decisão começa com o processo eleitoral. Em cada processo eleitoral, os jovens têm que ser candidatos para que sejam eleitos também. Como é que eles próprios participam na democracia? Uma das maiores preocupações que temos na África do Sul é que embora os cidadãos sejam recenseados para votar, a maioria das pessoas que não participa no recenseamento eleitoral são jovens. Eles não participam na democracia. Apenas 25% dos jovens é que são recenseados e votam. A questão é que a nossa região tem que fazer com que mais jovens sejam participativos nos processos democráticos. Esta é a primeira decisão a ser tomada e a segunda nas suas comunidades, nas ruas ou nos eventos. A estrutura do governo permite a participação e o que eu estou a argumentar é que se os jovens aparecerem com boas ideias para o futuro, podem fazer advocacia e lobby para as mesmas ideias, mas não podem tomar decisões de uma forma abstracta. As decisões devem ser tomadas baseadas na sociedade e na sua participação sobre o futuro. A forma como deve ser e a liderança têm que ver com a articulação sobre o amanhã preferido das pessoas e com a participação de todos e os jovens podem fazer isso. Porém, não quero perder o foco sobre a participação dos jovens no empreendedorismo.

Os jovens que não elaborarem tese do futuro enfrentarão dificuldades. Quando eu estava no parlamento da África do Sul, e que por sinal ainda estou envolvido na construção de uma única África do Sul, enaltecemos o facto de que em todas estruturas da tomada de decisões os jovens deveriam estar presentes. Houve reuniões do executivo que não aconteciam se os jovens não estivessem presentes na sala da tomada de decisões que contribuem para o bem-estar da juventude e também para analisarem os resultados das mesmas. Portanto, os jovens têm de participar na mesa com ideias para o futuro e não como líderes do amanhã, porque são líderes de hoje e devem ter uma imagem de preferência daquilo que poderá ser o amanhã.

De acordo com a realidade política de vários países africanos, acha que essa é a forma correcta de se fazer a democracia?

Absolutamente acho isso. A democracia não é perfeita, tem as suas limitações, mas é o único sistema que temos no momento e acho que nele os jovens têm oportunidade de fazer parte, tendo em conta que à partida constituem a maioria. O segundo aspecto é que os jovens têm habilidades para estarem num mundo de rápidas mudanças. Uma das coisas que têm é a agilidade. Os líderes não se sentam na mesa sem ideias. As ideias devem ser desafiadas e moldadas com agilidade de resposta, portanto, a participação dos jovens deve consistir em assegurar que eles estejam envolvidos nos processos democráticos, mas também no modo em que se determina a visão de um país.

A maioria dos líderes em África não ouve a voz dos jovens, não se preocupa com questões ambientais, sobre emprego e educação e acho que os nossos jovens têm que estar em altura de participar. Estou inspirado em líderes como Bob Wine de Uganda, como um jovem africano que tem contribuído para a juventude. Me inspiro pela diáspora africana que discute como construir o futuro de modo a que na próxima década a África não seja vista como um continente para o qual tenham contribuído. Estou inspirado em jovens africanos inovadores em países como Quénia, que aparecem com soluções técnicas que contribuem para o processo de tomada de decisões e finalmente nos sectores agrícola e turístico. Os jovens é que estão interligados ao nível global, continental e regional para darem contributos aos seus próprios países e Estados membros.

A forma pela qual as políticas públicas são formuladas na maioria dos países africanos, às vezes parece que os líderes políticos usam a juventude para alcançar ganhos políticos. Qual é a sua opinião em torno disto?

Ora, mais uma vez, quando levantei o ponto sobre os acontecimentos e coloquei a posição sobre o futuro preferido, não importa o quanto os líderes podem ser. Eles precisam do eleitorado para defender certas reformas. Por isso, quero exortar aos jovens para que não se deixem manipular pelos líderes mais velhos que simplesmente precisam do seu voto e não das suas ideias.

Nunca em África devemos dar voto aos ditadores, nunca devemos votar pessoas que não têm ideias sobre o futuro dos jovens e nunca deve haver governo em África que não tenha uma componente forte de jovens porque caso não se alcance isso, chegaremos a uma situação em que os votos dos jovens renunciam o seu poder e os líderes farão das suas. Mais uma vez exorto aos jovens que este é o momento de tomarem os seus lugares. É tempo de terem uma voz e uma visão forte, mas para alcançar isso é necessário que tenham melhores ideias e terem certeza que estão conscientes sobre o futuro e essas ideias têm que ser em torno da educação, empreendedorismo, ambiente, sistema económico e como construir um sistema inclusivo.

Essas ideias devem ter responder à questão como podemos estar na sociedade global onde os africanos devem dar soluções? Para mim, o chamamento diante de nós é de que na verdade os jovens têm a oportunidade de liderar, mas têm que liderar com boas ideias e bons ideais.

Usando a cidadania activa e participativa da juventude, quais são os possíveis passos que devem ser tomados com vista a transformar a nossa sociedade numa esfera que promove e defende os valores e princípios democráticos favoráveis ao desenvolvimento inclusivo e sustentável?

Em primeiro lugar, os jovens devem ser pessoas que dizem quando esboçam políticas económicas. Olhando para o historial de Moçambique e de vários países irá constatar que houve mudanças de governos e da narrativa de liberdade dos opressores e ditadores. Agora, a questão é como alcançarmos a liberdade económica e nisso acho que os jovens precisam de organizar e liderarem essa conversa porque é uma das formas mais práticas para começar. A segunda forma, acho que os jovens devem ser defensores de direitos humanos e da forma como trabalhar nesse espaço. Uma das questões-chave é como é que os nossos jovens advogados podem defender as constituições dos seus países e finalmente serem capaz de salvaguardar a cultura dos direitos humanos?

Quero que os jovens sejam capazes de estar firmes e dizer não permitimos que haja pessoas que subvertam os resultados políticos, que subvertam os resultados eleitorais. Precisamos de jovens que vão dizer que nós não iremos aceitar isso, iremos defender a democracia e direitos humanos de uma forma possível para que ninguém faça o mau uso dos mesmos e também para que os jovens possam ser educados a serem constitucionalistas, mais ainda, que os jovens tenham de estar a par disso. Acho que uma das coisas que precisamos em África é a jovem liderança africana, jovens co-autores que possam trabalhar em conjunto e apoiarem um ao outro e trazer novas ideias.

O nosso continente deve ser vibrante em termos de energia, em como lidar com questões ambientais, como lidar com agricultura, mas isso exige uma rede de troca de experiências, pelo que não devemos pensar isoladamente como um país, não devemos pensar como Moçambique, Malawi, temos que pensar como África Austral porque dessa forma podemos criar adequadas ferramentas de investimento, ajuda financeira apropriada para sermos capazes de levar a cabo as nossas ideias. Penso que que para além de salvaguardarmos a democracia que fazemos através do boletim de voto, temos que lidar com estruturas económicas, educacionais e os jovens são um elemento-chave para tal. Temos que ser capazes de construirmos uma nova liderança composta por jovens com capacidade de traçar a visão para os seus países, assim como network em todo continente e construirmos uma única África Austral, onde os líderes crescem, os líderes possam advogar, reagir e os jovens possam fazer com que os seus governos prestem contas.

O que poderá ser feito para estimular e realçar a liderança da juventude como indutora da mudança social?

Realmente! Por isso que constantemente digo que precisamos de criar essas parcerias, redes e dar protecção, porque quando um jovem fala de outros países poderá estar em sarilhos. Quando fui à Zâmbia encontrei jovens activistas detidos e encarcerados por se terem pronunciado. A sua liberdade depende de quem fala a seu favor noutros países. Temos que ser capazes de ter recursos financeiros adequados para proteger jovens no Zimbabwe e em todos outros países. Temos que estar a altura de criar espaço e uma cultura de jovens capazes de se defenderem democraticamente. Fico preocupado quando ouço que um jovem quer participar na democracia mas não se sente segura porque o seu país não lhe pode proteger. Isso é insustentável. Nós jovens precisamos de um espaço em que possamos transmitir essas mensagens. Mais do que isso, a nível de África, da SADC, precisamos de uma liderança de co-autores responsáveis e que garantam a formação de jovens para transmitirem essas mensagens.

 

Há uma percepção geral de que vários jovens são excluídos devido assimetrias geográficas. No seu ponto de vista, que tipo de políticas devem ser desenvolvidas para promover inclusão e igualdade de oportunidades na educação, saúde, habitação, emprego decente e no empreendedorismo?

Mais uma vez, quando falo de um grupo de liderança de co-autores ao nível da SADC pretendo aumentar apoio aos outros jovens em países em desenvolvimento. Porquê é que um empreendedor africano tem que procurar dinheiro noutros continentes enquanto a África deveria ter fundos nacionais que permitem investimento e realizar todas essas ideias que os jovens têm?Porquê é que quando os jovens estiverem envolvidos na política não possam defender políticas que para além do interesse do Estado, lhes permitem ser capazes de ter oportunidade de habitação, educação, etc?Precisamos de imigrar para uma aprendizagem mista na África Austral para que a educação não seja apenas no próprio país dos jovens. Por exemplo, se um moçambicano não obter educação suficiente em Moçambique, a internet permite-lhe estudar em qualquer parte do mundo. Porquê não criarmos universidades que cobrem toda região para que possam oferecer conteúdo online, onde os jovens se qualifiquem e adquirem habilidades adequadas que lhes permitem contribuir para o desenvolvimento sustentável de África?

Quer dizer de que é muito importante investir no capital humano, é isso?

Absolutamente, essa é uma das formas para desenvolver o capital humano. Mas o que defendo é que não apenas o capital humano, como também o capital financeiro porque os jovens podem ter ideias brilhantes mas têm falta de recursos financeiros, incluindo o capital social e centros de apoio onde se pode dizer aos jovens que se quiserem seguir a carreira vão teu mentores que os ajudarão a tornarem-se melhores líderes possíveis. Não podemos criar uma geração de líderes africanos que sem tutoria repita os erros do passado.

O outro ponto tem que ver com finanças. Os jovens não têm dinheiro para desenvolver os seus projectos. Onde poderão obter financiamento para o desenvolverem os seus projectos?

Uma das conversas que temos tido com os companheiros líderes africanos é que precisamos de um fundo regional para o desenvolvimento que responde aos projectos de jovens. Se olhar para a União Africana (UA), o sistema de comércio de África, uma parte desses tem a ver com a sustentabilidade da juventude e a minha questão para a UA e para a SADC é a seguinte: onde está o capital financeiro para a concretização disso?

Temos que ser capazes de construir esse capital financeiro, por isso a rede de líderes africanos é vital porque pode se criar um capital financeiro em que se coloca dinheiro para jovens e que não dependam somente dos seus governos, porque não há como possam alcançar os seus objectivos sem recursos financeiros. Portanto, exorto aos bancos africanos, o Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) para que parte da sua carteira de financiamento seja direccionada aos jovens empreendedores de modo a que estes possam desenvolver as suas iniciativas.

Mmusi Maimane têm inspirado os jovens nos países africanos. Agora vamos falar especificamente da sua experiência como líder de um partido político. Como conseguiu alcançar essa posição?

Olha, nada posso dizer aos jovens. Muitos jovens africanos sabem que o trabalho árduo é a chave e também a convicção. Sendo jovem, se não tiver visão e a sua própria convicção fica destruído, não importa qual é a posição que ocupa e porquê está nessa posição.

Quando iniciei com o activismo político como uma criança em Sowetho, num espaço estreito, Nelson Mandela, sabia claramente que a luta seria como construir uma África do Sul para todos, mas também construir um futuro não racial ou não tribal que não possa descriminar pessoas com base na raça, tribo, cultura, religião em todo país. Então, comecei uma longa jornada de juntar pessoas com visão que diz “África deve prosperar” e foi uma caminhada em que começamos com o governo local, depois provincial e nacional como líder da oposição, sem medo. às vezes tive que olhar para o Presidente da República e lhe dizer que isto está errado e nós iremos solicitar o senhor para prestar contas.

E construir uma rede de pessoas que seguem a liderança é feito através do trabalho árduo, da convicção e do sentido de prestação de contas que permitem tentar várias vezes. Em algumas vezes falhei por isso sou o primeiro a admitir isso, mas não significa que a falha é má, dá-te uma oportunidade de trabalhar arduamente e a continuar a dizer qual é o tipo de rede de pessoas com quem quer avançar. Quero encorajar as pessoas, que com as ideias tais como MOZEFO e outras plataformas, temos que criar a liderança de jovens na qual possamos nos ajudar e ensinar um ao outro uma lição em que possamos dizer que isto foi difícil. Faz-se dessa maneira e finalmente seremos capazes de dizer qual é a nossa visão para África.

O que significa ter Mmusi Maimane, por exemplo, como líder de um dos partidos políticos importantes da África do Sul em termos de inspiração para as novas gerações?

Em termos simples, não significa que eu possa fazer bem, pois muitos jovens africanos também podem. O importante é continuarmos a trabalharmos arduamente. Para mim foi possível liderar dessa forma e liderar a Parceria de Desenvolvimento da África Austral, dos líderes da oposição na região. Foi e ainda é um grande privilégio e muitas vezes não é a idade que importa, mas sim os ideais e as convicções. Se ser bom é idoso, não faça com que os jovens acreditam que devem esperar até que se tornem idosos. Se for bom é idoso terá que continuar a trabalhar arduamente.

Na África do Sul por exemplo parece que há persistência de assimetrias geográficas, por exemplo para os jovens de Cape Town, há uma certa diferenciação em termos de envolvimento nos processos políticos. O que acha que a África do Sul deve fazer para criar um equilíbrio com vista a resolver essas assimetrias geográficas?

Sobre o que penso sobre a África do Sul, quero pedir desculpas em nome do povo sul-africano, pelas várias formas de xenofobia ou como queiram chamar afro-fobia. Peço desculpas pela forma como o sul-africano é. Acho que é importante que os jovens compreendam que todos somos do mesmo continente. O segundo aspecto que acredito que devemos de facto fazer é partilharmos as universidades porque lá há troca de ideias e isso faz com que paremos de pensar nas nossas pequenas comunidades. Quando penso sobre UCT, que é a Universidade de Cape Town, tenho de responder a questão: quantos estudantes africanos estão lá, porque aí pode se ampliar a visão, claro, viajar e controlar será a realidade da nossa vida. Há uma base do texto que precisamos de gerir.

Mas sempre será importante que nas nossas universidades haja educação que é partilhada. A informação circula de uma forma colectiva para que a longo prazo possamos dizer que fomos capazes de quebrar qualquer divisão. As ideias estarão acima da cultura e podemos mobilizar as pessoas em conjunto. Precisamos de chegar lá, mas acredito que ainda há um longo caminho a percorrer. Como África do Sul, temos um papel importante a desempenhar, sendo um país com recursos. Mas acho que podemos fazer uma parceria se desejarmos aprender das contrapartes africanas, por isso, professores, líderes e várias pessoas em instituições académicas podem trabalhar em conjunto e por fim penso que o comércio, o comércio regional nos países da SADC é importante. Os empreendedores e as start-up, o primeiro lugar onde devem procurar realizar seus negócios não deve ser nos Estados Unidos da América, China ou em qualquer outro sítio, mas sim em empresas africanas porque podemos falar da moeda única, comércio comum, interesse comum tendo como base o conhecimento que temos em torno do nosso clima e, como africanos, temos que ter confiança em nós próprios e na nossa região.

Acha que essa é a plataforma correcta que deve ser criada para que haja esse relacionamento entre os jovens, por exemplo, jovens de Moçambique e da África do Sul e vice-versa?

Tem que haver mais plataformas desta natureza sim e essa é uma delas. Porém, precisamos de estrutural melhor. Na verdade tenho uma ideia de organizarmos uma conferência de jovens ao nível da SADC, onde os jovens líderes possam participar. Porquê assim? É que as únicas pessoas que falam com os jovens líderes são os Presidentes, tal como o Presidente Obama. Eu sou fã do presidente Obama, mas claramente precisamos de líderes africanos que falam com os africanos e podemos juntá-los. Diria que precisamos de uma plataforma ampla, uma plataforma da SADC onde possamos nos juntar e dizer o que significa para nós moldar a África 2030, África 2040 e construirmos uma liderança de jovens proactivos capazes de dizer que nos nossos respectivos países podemos colaborar em conjunto para que esses valores sejam traduzidos.  Isso deve ser feito e devo apelar às universidades da região para se unirem e criarem trabalho conjunto e plataformas para que essas ideias sejam partilhadas e os africanos possam dar o seu contributo.

Nesta semana celebramos o dia internacional da Juventude. Qual é a mensagem que gostaria de endereçar aos jovens?

África é um continente jovem e os líderes da juventude são revolucionários no verdadeiro sentido da palavra. Temos que ter um momento no continente que requer que providenciemos melhores líderes. Temos que nos libertarmos dos libertadores e construirmos economia do futuro. Nesse desafio, os jovens devem liderar o debate e penso que estando prontos, não temos que esperar por ninguém, nós é que temos estado à espera. Exorto aos jovens para arregaçarem as mangas e continuarem a luta pela liberdade, mas essa liberdade deve ser económica e educacional para que possamos construir uma África próspera. Neste mês da juventude, este não é o momento para a geração estar perdida, temos que nos reunirmos à visão de uma África próspera e acho que é possível. Apelo aos jovens a se envolverem nessas questões para que as nossas irmãs que são vulneráveis em várias comunidades saibam que há uma liberdade para que elas participem na liderança e colectivamente podermos assegurar que os nossos países prosperem juntos. é essa a caminhada que devemos seguir.

Acha que é possível ter um outro Nelson Mandela, por exemplo, para unir países africanos?

Absolutamente, acho que este é o momento e uma das coisas que o presidente Nelson Mandela transmitiu-nos é a oportunidade para nos reconciliarmos. Agora estamos na fase seguinte em que quando pensamos economicamente nos nossos próprios países temos que ampliar a nossa visão. Quando pensamos na energia e na sua provisão temos que alargar o nosso horizonte e, portanto, agora no projecto de reconciliação, a nossa visão de África é económica e digo a tantas outras pessoas que devemos nos juntar e traçar essa visão porque poderemos construir uma sociedade muito mais integrada para libertar as nossas iniciativas. Os “Nelson Mandelas” que virão nas próximas gerações estão entre nós. Isto o que estou a dizer é que vamos agora começar a nos focalizar no trabalho, razão pela qual o que está acontecer no Zimbabwe não pode ser ignorado pelos jovens em Moçambique. O que está a acontecer em Malawi ou outro país deve preocupar a todos. Temos que nos engajar nessas questões e procurar soluções colectivamente. É isso que líderes como Nelson Mandela reconheceram, que se quisermos chegar longe temos que caminharmos juntos e nós neste momento precisamos de trabalhar em conjunto para produzirmos futuros líderes e não devem ser apenas na política, como também no comércio. Isto significa que pensando nesta questão, mesmo com recursos mineiras que temos, enquanto não produzirmos jovens inovadores que possam dizer que estamos a usar os nossos recursos minerais para trazermos revolução em todo mundo nada teremos feito.

Devemos olhar não apenas para a política, também para comércio, educação e em todos sectores, incluindo o sector da saúde para que os jovens possam desenvolver os mesmos. É orgulhoso saber que foi um africano que inventou certo tipo de combustível que os americanos usam, mas essa história não é celebrada no nosso continente. Devemos celebrar que foi um africano que produziu o transplante, essa inovação no sector de saúde era necessária. Tem que ser um africano que deve procurar saber como podemos lidar com os efeitos de mudanças climáticas porque em África encarramos isso diariamente. As cheias, inundações são uma realidade nas comunidades e temos que lidar com isso. Mesmo no sector agrícola, os nossos agricultores devem melhorar e os jovens devem liderar essa conversa. Temos a oportunidade, não devemos ser vítimas de líderes corruptos e ditadores, nós podemos liderar melhor!

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