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“Não consigo me ver sem basquetebol”

Aos vinte anos, arrancou exibições de gala  no Campeonato Nacional de basquetebol que lhe renderam o reconhecimento como jogadora mais valiosa da prova. 

Uma consagração, diga-se, merecida da extremo que  liderou, em termos de pontuação, o estreante Ferroviário das Mahotas na sua caminhada até a inédita final na qual caiu aos pés do Ferroviário de Maputo. 

A distinção individual não envaidece Eleutéria “Formiga” Lhavanguane. Pelo contrário,  mantém-na com mesma humildade e sentimento: melhorar a cada dia para atingir grandes patamares.

Forte no um para um, Eleutéria Lhavanguane evoluiu bastante desde que em 2012 deu o salto para os federados pela mão de Ernesto Jamisse (Coach Dog). 

E prova inegável do seu talento foi a sua chamada para a selecção nacional que, em 2017, disputou o Campeonato Africano, em Bamako, Mali, tendo sido uma das quatro “rookies” de Moçambique em “Afrobasket” de seniores femininos.

"Formiga", como é carinhosamente tratada, começou a dar os primeiros passos no basquete em 2011. Em 2013, foi campeã nos jogos Escolares em representação da província de Maputo, tendo sido considerada melhor ressaltadora. Já conquistou a medalha de bronze em representação das selecções sub-16 e sub-18. 

Foi distinguida como jogadora mais valiosa no Campeonato Nacional de Basquetebol sénior feminino. O que foi determinante para o alcance deste título individual?

Primeiramente, eu não tinha como objetivo principal ter um título individual. Eu estava mais focada na colectividade que tinha como objectivo conquistar o título de campeã nacional. Só que, acho eu, nessa busca pelo título nacional de campeã, acabei me destacando e isso foi um dos factores que me levou a ter este título. Não porque eu estava a trabalhar para aquilo. Eu queria apenas ser campeã nacional.

O que esta distinção como jogadora mais valiosa do nacional significou para si?

Significa, para mim, que estou já no caminho certo. É preciso continuar a trabalhar para me superar porque, durante este percurso, também notei alguns erros e falhas minhas, e aproveitei nesse nacional para tirar algumas ilações do que é necessário melhorar.

Em que aspectos, necessariamente, precisa melhorar?

Nalguns momentos falta maturidade e frieza. Preciso melhorar muito nas terminações pois, por vezes, falho muito. A mesma força com que eu penetro é a mesma que eu vou largar a bola. Então, há muitos aspectos ainda por melhorar.

Que avaliação faz da sua participação no “nacional”? Sente-se realizada?

Ainda não me sinto realizada. Sentir-me-ei realizada no momento que ganhar o título de campeã. Agora sou vice-campeã. Isto significa que há que trabalhar mais porque eu quero ser campeã.

É uma jogadora jovem e com margem de progressão. Quais são as suas metas para este ano e, a nível pessoal, o que pretende atingir?

Para este ano, o meu objetivo pessoal e principal é conseguir contribuir com a equipa sénior que vai ao campeonato africano. Quero ser campeã africana de clubes. Pretendo contribuir para conseguirmos alcançar este título.

Está no basquetebol há 7 anos. Neste percurso, quais foram os principais desafios?

Muitos desafios. Primeiro, no início tinha dificuldades com dinheiro de transporte porque vivia na Zona Verde e treinava na Matola e estudava numa escola perto do Estádio da Machava. Então, tive dificuldades com valor de transporte. Depois, foi tentar conciliar basquetebol com escola porque iniciei a jogar numa classe com um maior grau de dificuldades. Foi difícil conciliar o basquetebol com escola mas acabei superando.

Qual foi o momento mais marcante da sua carreira basquetebolística?

O primeiro ponto mais alto não sei se foi o maior, mas foi quando fui campeã nacional nos Jogos Escolares e melhor ressaltadora acho que foi daí que ganhei impulso para querer tanto e continuar a acreditar mais em mim.

E quais são os seus sonhos? Se pudesse jogar fora, qual seria o clube?

Agora não tenho um clube em mente e um lugar para jogar. Neste momento, o meu objectivo é voltar à escola e me formar e ser campeã africana ao nível de clubes ou nações. Neste momento, não tenho definido esta perspectiva de clubes e jogar fora.

Qual característica de Eleutéria Lhavanguane que a diferencia de outras jogadoras?

Para mim, é difícil responder esta questão porque eu posso não estar a ver aquilo que me diferencia das outras. Eu acho que é melhor quando é alguém de fora a fazer esta observação porque vê melhor. Acho que todas nós fazemos o mesmo trabalho e lutamos pelos mesmos objectivos. Pessoalmente, ainda não vi algo que me diferencia das minhas colegas. Isto porque lutamos com mesma garra e nos entregamos de igual modo. Não tenho uma resposta exacta para esta questão.

Eleutéria Lhavanguane está com 20 anos e pratica basquetebol há 7 anos. No “nacional”, esteve ao nível de atletas com muita experiência e com muita estrada na modalidade de bola ao cesto. O que isso significou para ti?

Primeiro, foi um sentimento de alegria porque muitas delas são pessoas que nós, eu principalmente, admirava muito no início da minha carreira. Assistia “africanos” e via elas. Foi entusiasmante bater de frente com elas. Foi entusiasmante ter um ídolo e enfrentar no dia seguinte. Foi muito bom.

Quais são as tuas referências ao nível nacional?

No “Africano” que houve aqui em Maputo, em 2013, fiquei bastante maravilhada com Clarisse Machanguana pela maneira dela de jogar e de estar em campo: a frieza e maturidade me encantaram bastante. A partir desse momento, passei a ter a Clarisse Machanguana como espelho. Primeiro pela qualidade como atleta e, segundo, pelas obras que ela tem como pessoa fora do campo.

O que o basquetebol representa para si hoje?

O basquetebol, para mim, é tudo hoje. Neste momento, o basquetebol é minha casa e é onde criei maior parte de uma família que é a base do que eu sou hoje. Não consigo me ver sem basquetebol. Acho que a minha vida ia perder brilho. A vida não teria tanta beleza como tem hoje.

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