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Nampula é um caso à parte quando assunto é COVID-19

Os pais fingem que combatem a doença, mas não; as crianças fingem que têm medo, mas não; o Município finge que pulveriza os chapas e os mercados, mas não; e no fim todos ficam no fingimento, enquanto não houver um caso positivo de coronavírus em Nampula para mudar a consciência social.

Na graça de Deus… é assim como se vive na cidade de Nampula, porque de prevenção como tal pouco se vê. É dos municípios mais populosos do país, com perto de 800 mil habitantes, e fica pertinho de Cabo Delgado que tem o maior número de casos positivos para a COVID-19, mas tanto a população, como os governantes, vivem num teatro de fingimento contínuo.

No chamado jardim-parque, o pulmão verde localizado no centro da cidade, há muitas crianças afluirem durante as tardes quentes, atraídas pela sombra das árvores, baloiços e escorregas disponíveis para a diversão. Sempre foi assim, e mesmo neste perído de confinamento social, pouco ou nada mudou.

No último sábado a equipa d’O País passou por lá e constactou um cenário desolador: aglomerados de crianças, sem máscaras e muito menos acompanhantes. Eles brincavam na maior inocência, mas não são tão inocentes assim, porque pelo menos sabem dizer que existe uma doença que está a afectar o mundo e o país em particular e até conhecem alguns métodos de prevenção.

“Lavar as mãos com sabão e usar a máscara”, recitou Víctor Saíde, adolescente de 13 anos.

Evitar estar em aglomerados populacionais, numa altura em que o que está é jogo é a saúde e só ganhará quem melhor se previnir. Os mais crescidos esdtão cientes que este ambiente não é saudável.

“Se que coronavírus é uma doença perigosa que pode se transmitir de pessoa a pessoa e pode causar a morte de uma pessoa”, disse Maninho Abdul, outro adolescente, de  16 anos, que também encontrava-se no mesmo espaço.

Um cenário flagrante que mostra a forma como as famílias estão a negligenciar o combate à pandemia da COVID-19. “Apelas às mães para que cuidem das crianças porque esta doença é perigosa”, uma mensagem de Marcelino Lewes, adulto que se encontrava de passagem do jardim-parque quando a nossa equipa fazia a reportagem.

Foi por reconhecer a perigosidade da doença que o senhor Adamo decidiu confinar as crianças em casa, reforçar a educação e a passar boas práticas como a lavagem constante das mãos.

Os sete membros da família passam os dias no pequeno recinto do quintal, mantendo a conversa em dia e reforçando os laços de familiaridade.

“Implementamos medidas como lavar as mãos com sabão ou cinza, nos cumprimentamos com os pés ou cotovelo”, explicou Adamo Carimo, chefe de família.
Há duas semanas o município lançou uma iniciativa de pulverização no mercado grossista de Waresta.

Esperava-se que fosse uma medida de pulverização diária aos transportes de passageiros, bem como aos mercados e outros espaços de grande cruzamento populacional, mas tudo não passou de um simples lançamento, pois pouco se vê de pulverização nos últimos dias, sendo que nem a Polícia Municipal, e muito menos a PRM fazem ofensivas para obrigar o cumprimento das regras de confinamento social e de observância de uso de máscaras.

 

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