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Na terra dos sonhos’ é um convite para a sociedade

Obras literárias de novos autores não param de chegar às prateleiras nacionais. Há poucos dias, foi a vez de “Na terra dos sonhos”, de Agnaldo Bata, um convite, de acordo com escritor, para uma viagem rumo a um plano ideal para a sociedade moçambicana. O principal interesse nisso, recorrendo à ficção, é fazer entender que, mais do que nunca, é preciso que os homens e as mulheres partilhem direitos iguais. “Então, ‘Na terra dos sonhos foi a saída que encontrei para poder materializar o anseio de chegar a um universo onde podemos gozar esses direitos, lembrando que continua a ser preciso caminharmos em direcção a uma terra ideal”, confessou o escritor.

Para que o livro que tem como protagonista Ângela, Agnaldo Bata teve que recorrer a experiências particulares, apoiadas em pesquisas concretizadas entre 2011 e 2013. Mas, mais do que isso, o maior desafio, na escrita do livro, foi distanciar-se das realidades para que a obra não se tornasse apenas num mero testemunho de mulheres que ouviu ao longo do tempo.

Ainda sobre as mulheres, bem representadas no seu livro de estreia por via de uma personagem lutadora, Bata defende que elas têm particularidades que nenhum homem será capaz de compreender. “E eu entendo que, no mínimo, deveria haver um esforço nesse sentido, aceitando-se como elas são sem as impor o que a sociedade gostaria que elas fossem”.

“Na terra dos sonhos”, prémio ex-aequo pelo Banco de Moçambique, em 2015, por ter sido distinguido, permitiu a Agnaldo Bata chegar com mais à vontade aos editores. De acordo com o escritor, vencer concursos literários é importante porque o autor, por exemplo iniciático, adquiri a possibilidade de ser levado a sério pelas editoras. “É difícil ter a legitimidade de escritor para quem ainda pretende estrear-se em livro”.

Em relação à arte literária em geral, Agnaldo Bata vê nas letras a possibilidade de falar sem ser interrompido, do início até ao fim, sempre com tempo suficiente de pensar naquilo que vai “falar”, de modo que o que se diz não seja algo dito de forma banal. “E outra maior vantagem da escrita é essa de podermos idealizar um mundo melhor. Para o efeito, temos de investir muito do diálogo interior, de modo que, ao partirmos para o dialogo exterior, consigamos nos impor ao mundo cruel, que quase nunca nos sede nada”.

O que mais atraiu Agnaldo Bata na escrita de “Na terra dos sonhos”, que teve como primeiro título “Ângela”, tem que ver com o desejo de fazer com que os seus leitores possam apaixonar-se pela estória, e, com isso, deixarem-se levar por uma revolta que lhes permita mudar alguma coisa em si, na forma como olham para a sociedade.

O livro levou quatro anos para estar pronto, algo que custou páginas rasuradas e deitadas fora. Nesta edição pela Alcance Editores, sobreviveram 87 páginas

 

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